Teoria da mão invisível: o que é?
No ido ano de 1759, em pleno século XVIII, um livro chamado “Teoria dos Sentimentos Morais” apresentava ao mundo pela primeira vez a teoria da Mão Invisível. Era um conceito mais teórico do que prático, que desde logo se tornou na base do pensamento liberal e um dos pilares fundadores do capitalismo, muito antes do capitalismo estar sequer consolidado.
A teoria da Mão Invisível foi introduzida por Adam Smith, um dos mais conceituados economistas e filósofos da história da Humanidade. A pertinência dos seus estudos é tal que hoje, três séculos depois, continua a ser estudado, por se manter actual. O liberalismo continua a reger-se essencialmente por esta teoria e a teoria económica encontra aqui um dos seus conceitos mais fortes.
Quem foi Adam Smith?
Adam Smith nasceu em Edimburgo, na Escócia, no ano de 1723 e viveu durante o auge do Iluminismo, tendo contribuído com as suas teorias e pensamento de forma muito activa. É tido como o pai da economia moderna, sendo inclusive o mais importante teórico sobre o liberalismo económico, tendo lançado as bases teóricas que mantém essa corrente financeira actual.
A sua obra literária conta com vários títulos fundamentais. Em “Teoria dos Sentimentos Morais”, Smith introduz pela primeira vez o conceito da teoria da Mão Invisível, mas é com “Uma investigação sobre a natureza e a causa da Riqueza das Nações” que se torna na referência e na autoridade que é hoje em dia.
Professor, filósofo e economista de referência, Adam Smith manteve uma vida discreta. Nunca casou e não deixou descendência, sendo lembrado como uma pessoa tímida e algo hipocondríaca. Viria a chocar com as teorias de Alfred Marshall, outro importante economista, e viria a falecer em 1790, vítima de doença não especificada.
O que é a teoria da mão invisível e como funciona?
A teoria da Mão Invisível defende, de forma muito resumida e sucinta, que o mercado se auto-regula de forma natural, sem qualquer necessidade de interferência exterior. Ou seja, Adam Smith defendia que, num cenário de mercado livre e liberal, sem qualquer regulação do Estado, este se iria regular de forma automática, com o equilíbrio dos preços a ser ditado pela relação básica entre a oferta e a procura.
Adam Smith, que também foi um feroz defensor da economia para fins sociais desejáveis, criticava assim o poder da mão invisível na economia liberal, antecipando o capitalismo galopante que se viria a massificar no século XX. A Mão Invisível decorre assim da necessidade do próprio mercado, em que os agentes económicos têm necessidade de produzir algo com valor de forma a auferirem de um rendimento e, como tal, poderem subsistir na sociedade competitiva.
Vantagens e desvantagens
Como todas as teorias, a Mão Invisível continua a encontrar defensores e detractores da sua validade. Aliás, tem sido assim desde que foi introduzida por Adam Smith no século XVIII. Uma das críticas mais ferozes, que ainda hoje é recordada, é a de Joseph E. Stiglitz, futuro prémio Nobel da Economia, que certa vez disse que “a razão pela qual a mão invisível muitas vezes parece ser invisível é porque ela não está lá”.
É que, perante a formação de monopólios e oligopólios, a Mão Invisível torna-se estática e deixa de poder regular o mercado. O próprio Adam Smith reconhecia que este era o cenário em que esta teoria não funcionava, criticando a concentração de poder do mercado na mão de poucos produtores e a pouca intervenção do Estado para corrigir esta desequilíbrio.
Finalmente, mas não menos importante, outra crítica muitas vezes apontada pelos especialistas ao funcionamento da teoria da Mão Invisível é que esta dá muita liberdade ao indivíduo para explorar o seu interesse próprio em detrimento do colectivo. Essa ideia é explorada na obra “A Riqueza das Nações” e passa a ser outro pilar fundamental do pensamento de Smith. Contudo, os liberais contestam esse princípio, defendendo antes que a riqueza individual apenas é mais um estímulo para o aumento da riqueza de todos, através da criação de emprego e um maior envolvimento com o trabalho.
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