Como evitar o desastre climático? As ilações a retirar com Bill Gates
Quando um dos indivíduos mais ricos do mundo investe o seu precioso tempo a escrever um livro sobre como evitar o desastre climático, esta é mais uma prova de que este é um “tema quente” e de que as decisões de investimento têm de considerar os desafios, inovações e impactos que se cruzam com as alterações do clima.
Reduzir a dependência dos combustíveis fósseis durante os próximos 30 anos, para chegarmos à meta da neutralidade carbónica até 2050 é, sem dúvida, um destes desafios e o caminho para evitar o desastre climático passa, necessariamente, por reduzirmos e compensarmos os cerca de 51 mil milhões de toneladas de gases com efeito de estufa que, todos os anos, lançamos para a atmosfera, e por fazê-lo de forma equilibrada e competitiva.
Na primeira parte do livro “Como evitar um desastre climático: as soluções que temos e as inovações necessárias”, Bill Gates transmite, entre outras importantes mensagens, que a nossa atual dependência dos combustíveis fósseis torna muito difícil o ponto de partida desta mudança estrutural, quer porque utilizamos combustíveis fósseis em quase tudo o que fazemos, desde o carro à escova de dentes, quer porque estes combustíveis se mantêm extremamente baratos.
E reforça: a menos que nos comprometamos a investir em soluções de carbono zero, reduzindo assim os seus custos, o progresso será lento. E um progresso lento pode levar a uma catástrofe, pelo que a mudança não é opcional e tem de ser feita agora.
Transição energética é central para evitar o desastre climático
Se é certo que os combustíveis fósseis continuarão a ser usados em algumas áreas nas quais as alternativas viáveis não existem (fabrico de aço e cimento, por exemplo), outras há, como as fontes de energia renovável, onde os avanços efetuados e os esforços em curso estão já a alterar formas de produção, distribuição e consumo.
Isto é tanto mais importante quando sabemos que o sistema global de energia – eletricidade, transportes e aquecimento/arrefecimento – é responsável por sensivelmente metade dos 51 mil milhões de toneladas de gases estufa libertados anualmente para a atmosfera.
Avançar com a necessária transição energética até 2050 implicará, até à mesma data, um investimento avultado, dirigido a toda a cadeia de valor das renováveis, montante que irá reforçar o crescimento potencial das empresas, o valor sustentável para os seus acionistas e as oportunidades de longo prazo para os investidores.
É com este base nestes fundamentos que se estrutura, por exemplo, o fundo global de ações Schroder ISF Global Energy Transition. Desde 2019, procura oportunidades ao longo de toda a cadeia de valor das energias renováveis – dos materiais e equipamentos ao consumo, passando pela produção, armazenagem e distribuição– em diferentes geografias e setores, numa carteira diversificada, que procura devolver um crescimento sustentável de longo prazo.
Recorde-se que as renováveis começam já a ser competitivas do ponto de vista puramente económico face a energias de base fóssil, como o carvão ou o petróleo, que os consumidores estão mais sensibilizados para substituir ou complementar as antigas fontes energéticas por alternativas mais amigas do ambiente (painéis solares e carros elétricos ou híbridos, por exemplo) e que também em temos políticos se espera um reforço das medidas e dos investimentos para levar a cabo esta transição.
5 razões para não se deixar levar pela inação
Estes são, aliás, alguns pontos reforçados na segunda parte do livro de Bill Gates que, num registo mais otimista, refere, entre outros pontos:
- Esta mudança estrutural no sistema energético representa uma fase de investimento de várias décadas: não é cíclica, é estrutural, e precisa de acelerar para se aproximar da meta de neutralidade carbónica até 2050.
- O montante do investimento – estimado em cerca de 100 biliões de dólares entre 2020 e 2050 – é significativo, tanto em relação aos ciclos de investimento energético anteriores como a outras indústrias.
- A política governamental está a tornar-se cada vez mais favorável e desempenhará um papel fundamental no incentivo ao investimento, desincentivando áreas de emissões elevadas e reduzindo os custos de tecnologias-chave emergentes.
- Muitas das tecnologias já são rentáveis, tanto para o investidor que faz um retorno adequado do seu investimento, como para o consumidor, que já começa a poder pagar pelo produto final. Cria-se, assim, um ciclo positivo, em que o perfil de custos destas cadeias de valor se torna mais competitivo à medida que a dimensão do mercado final aumenta.
- Os consumidores, tanto no segmento comercial como residencial, estão a deslocar as suas preferências de forma crescente para estes produtos finais, quer seja a Microsoft a abastecer-se apenas de eletricidade a partir de energias renováveis ou os consumidores a comprar carros elétricos. Esta tendência irá acelerar nos próximos anos.
Em 1996, Bill Gates já tinha escrito algo como: “sobrestimamos as mudanças que irão ocorrer nos próximos dois anos e subestimamos a aquelas que terão lugar nos próximos 10. Não se deixe levar pela inação”. Esta é uma das ilações que se renova neste livro: que, enquanto investidores e gestores de investimento, ao integrarmos a sustentabilidade e, mais especificamente, a transição energética nas nossas carteiras, estamos a criar oportunidades para potenciar retorno. E estamos também a contribuir para evitar o desastre climático.
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Acreditar que o homem pode controlar o clima é uma utopia, a narrativa do aquecimento global interessa a muita gente e aos governos para cobrar mais impostos.
Quem no mínimo, não for distraído vai se aperceber que essa narrativa, já variou do mundo vai entrar na idade do gelo, para agora a era do aquecimento global provocado pelo homem.
Mais propaganda para manipular os distraídos.