Análise do Lazard US Small Cap Equity Fund

A inteligência artificial está a transformar o mundo financeiro, abrindo novas portas no domínio da gestão de carteiras. É no universo das small caps, marcado pela sua maior volatilidade e reduzida cobertura por parte dos analistas, que esta tecnologia pode revelar-se particularmente útil, ao permitir identificar oportunidades ocultas, optimizar a gestão do risco e melhorar o processo de selecção de investimentos num mercado menos explorado.
Neste artigo, iremos analisar o fundo Lazard US Small Cap Equity Fund, que investe em empresas de pequena capitalização nos Estados Unidos, e veremos de que forma a inteligência artificial pode contribuir para identificar melhores oportunidades neste segmento, reduzindo riscos e optimizando a tomada de decisões.
A gestora Lazard
A Lazard Asset Management é uma gestora de activos global com mais de 170 anos de história, reconhecida pelo seu enfoque na gestão activa e na análise fundamental. Com presença em mais de 25 cidades em todo o mundo e uma base de clientes que vai desde grandes instituições até investidores particulares, a firma construiu uma reputação sólida, sustentada na qualidade do seu trabalho analítico e na consistência dos seus resultados.


Uma das principais forças da Lazard reside na sua capacidade de integrar o conhecimento financeiro tradicional com a inovação tecnológica. Os dados e os algoritmos estão a transformar a gestão de carteiras, e a Lazard tem sabido refletir essa realidade em estratégias como a do US Small Cap Equity, que alia uma visão informada do mercado a modelos matemáticos sofisticados, concebidos para identificar oportunidades em segmentos menos cobertos pelos analistas.
Ao contrário de outras abordagens puramente quantitativas ou passivas, a Lazard não prescinde do fator humano. A sua proposta é híbrida: combina sistemas automatizados com uma estrutura conceptual baseada em décadas de experiência em análise fundamental, permitindo assim capturar valor sem abdicar da lógica económica.
Equipa de gestão
Os membros da equipa de gestão do fundo Lazard US Small Cap Equity trabalham em conjunto há 9 anos. Trata-se de uma equipa liderada a partir de São Francisco por Oren Shiran e Stefan Tang, dois antigos colegas universitários com uma formação altamente qualificada em matemática computacional pela Universidade de Stanford e em engenharia eletrotécnica e ciências computacionais pela Universidade da Califórnia, Berkeley. Ao longo de mais de uma década, dedicaram-se à construção de uma estrutura única, composta por 25 conceitos diversificados e não correlacionados, cada um explorando uma ineficiência fundamental específica.

Estes conceitos, designados pela equipa como “Analistas Fundamentais Automatizados”, são fáceis de compreender, mas complexos de aplicar. Dois exemplos entre os muitos conceitos utilizados são: «Vantagem competitiva», que identifica empresas com uma melhoria sustentada das suas margens, e «Crescimento acelerado», que sinaliza empresas que apresentam uma inflexão significativa nos seus resultados operacionais.
Estes “Analistas Fundamentais Automatizados” reavaliam continuamente todo o mercado em tempo real, formulando recomendações de compra e venda com base na avaliação atual das empresas, nomeadamente se se encontram subavaliadas. O processo de investimento da Lazard foi concebido para tirar partido de um pensamento lento e deliberado, mas actua com rapidez e convicção.
Porquê investir em pequenas empresas norte-americanas
Os títulos de pequena capitalização exigem uma atenção ainda mais cuidadosa do que os de grande capitalização. As empresas mais pequenas tendem a apresentar um ritmo de mudança mais elevado, o que significa que os seus resultados operacionais têm geralmente um impacto mais imediato e material no preço das suas ações, em comparação com as empresas de maior dimensão.
Embora este segmento inclua muitas empresas de elevada qualidade, o universo das small caps norte-americanas também alberga um número significativo de empresas especulativas e sobreavaliadas, bem como uma elevada proporção de empresas não rentáveis. É necessário saber distinguir o essencial do acessório, e a inteligência artificial é uma ferramenta que facilita essa triagem.

A falta de fluxo de informação nas empresas de pequena capitalização e a limitada cobertura por parte dos analistas oferecem aos investidores a oportunidade de explorar um mercado ineficiente. No entanto, a dimensão e a diversidade deste universo representam um desafio significativo para o gestor de investimentos tradicional, expondo o portefólio a riscos idiossincráticos elevados e a uma volatilidade considerável, ao mesmo tempo que deixa muitas empresas potencialmente subavaliadas por descobrir — e o respetivo alfa por concretizar.

Para resolver este problema de escala e, simultaneamente, tirar o máximo partido das oportunidades geradas pelas inúmeras ineficiências individuais presentes nesta classe de ativos, a Lazard desenvolveu uma abordagem totalmente automatizada, assente na análise fundamental. Trata-se de um modelo baseado numa avaliação imparcial, racional e coerente dos resultados operacionais das empresas e do fluxo de notícias corporativas, suportado por princípios económicos sólidos.
Lazard US Small Cap Equity Fund
O Lazard US Small Cap Equity Fund é um fundo de gestão ativa, com uma estratégia long-only e altamente diversificada, focada em títulos de pequena capitalização dos Estados Unidos. As empresas em que investe têm, geralmente, uma capitalização bolsista entre 250 milhões e 10.000 milhões de dólares. O fundo pode ainda afetar até 10 % da carteira a ativos fora dos EUA, desde que relacionados com o universo de small caps.
Filosofia e características do fundo
O Lazard US Small Cap Equity Fund adopta uma abordagem quantitativa automatizada com o objetivo de distinguir as oportunidades reais do mero ruído de mercado. Ao integrar inteligência artificial com princípios de análise fundamental, este fundo foi concebido para identificar valor oculto com lógica económica coerente e racional, minimizando o risco e aproveitando as ineficiências estruturais.
A estrutura do fundo visa explorar precisamente essa ineficiência estrutural do mercado small caps. Este segmento, caracterizado por menor cobertura por parte dos analistas e por uma elevada dispersão de resultados, constitui um terreno ideal para a aplicação de estratégias de gestão ativa. O desempenho do fundo é comparado com o índice Russell 2000 Total Return, embora a sua filosofia vá além da mera replicação ou da análise sectorial tradicional.
A abordagem do fundo assenta num processo automatizado de análise baseado em dados fundamentais, através do qual são identificadas, avaliadas e selecionadas empresas que apresentam oportunidades significativas de geração de alfa. Este processo é realizado em tempo real, abrangendo a totalidade do universo de investimento, sem intervenções manuais nem dependência excessiva de indicadores técnicos.
Como são selecionadas as empresas? Geração de ideias
O processo de seleção de títulos do fundo é, provavelmente, o seu aspeto mais distintivo. Em vez de se apoiar em comités de investimento tradicionais ou na intuição dos gestores, a Lazard desenvolveu uma arquitetura única composta por 25 modelos quantitativos independentes, designados por “Analistas Fundamentais Automatizados” (Automated Fundamental Analysts).
Cada um destes modelos foi concebido para detetar uma ineficiência específica do mercado, com base em princípios fundamentais. São conceitos simples de entender, mas altamente sofisticados na sua implementação. Alguns exemplos incluem:
- Vantagem competitiva: identifica empresas que registam melhorias sustentadas nas margens, sinal de eficiência operacional ou maior poder de fixação de preços.
- Crescimento acelerado: deteta inflexões positivas nos resultados financeiros, que podem antecipar uma reavaliação do valor por parte do mercado.
- Revisão de resultados: procura empresas que acumulem revisões em alta por parte dos analistas.
- Surpresas nos resultados: analisa reações consistentes a resultados superiores às expectativas.
Estes modelos operam de forma contínua, analisando o universo de empresas e adaptando-se a alterações nos dados financeiros, fluxo de notícias, publicações de resultados e outros eventos corporativos. As recomendações que geram são racionais, consistentes e isentas de viéses emocionais, o que contribui para uma tomada de decisão mais informada face a métodos mais subjetivos.
A supervisão deste sistema cabe à equipa de gestão liderada por Oren Shiran e Stefan Tang, ambos com formação técnica de excelência (Stanford e Berkeley), que dedicaram mais de uma década ao aperfeiçoamento deste modelo de investimento. A colaboração entre os dois permitiu construir um sistema dinâmico que combina a rapidez da tecnologia com o pensamento deliberado da análise fundamental.
Carteira
Distribuição sectorial

Fonte: ficha mensal (31/03)
A exposição setorial é ajustada de forma dinâmica com base nas recomendações dos modelos automatizados. Por exemplo, no último trimestre foram identificadas oportunidades relevantes em setores como o transporte marítimo (shippers) e em empresas ligadas ao desenvolvimento de inteligência artificial, o que demonstra a capacidade do sistema para captar temas de mercado emergentes e adaptar-se a novos ciclos económicos.
Atualmente, os setores com maior exposição são Tecnologia e Industriais, sendo o setor Financeiro a principal subponderação do fundo face ao índice Russell 2000.
Distribuição geográfica
A carteira do fundo mantém uma exposição predominantemente norte-americana, embora possa incluir até 10% de empresas estrangeiras. Esta flexibilidade permite aproveitar oportunidades em mercados correlacionados, sem desviar o foco principal da estratégia.
Distribuição da carteira por capitalização bolsista

Fonte: ficha mensal (31/03)
10 principais posições

A maior posição do fundo é a ADMA Biologics, com 1,12% da carteira. Com uma média de 400 empresas em portefólio, o fundo pode ser considerado altamente diversificado, sendo que as 10 maiores posições representam apenas 7,70% do total.
O resultado é uma carteira core e equilibrada.

Resultados

Como se observa no quadro anterior, o fundo Lazard US Small Cap Equity Fund registou rendibilidades superiores ao índice Russell 2000. Desde a sua criação, em agosto de 2025, o fundo apresentou uma rendibilidade anualizada de +11,24% bruta (+10,43% líquida), enquanto o índice alcançou +6,60%, gerando assim um excesso de retorno anualizado bruto de +4,64% desde a criação.
A rendibilidade acumulada foi de +161%, comparativamente com +85,5% do Russell 2000. O fundo superou claramente o benchmark desde o início.

Dados gerais e de valorização do fundo


Conclusão e opinião de Javier Carretero
As empresas de pequena capitalização nos Estados Unidos poderão representar uma oportunidade interessante no contexto atual, dado que, nos últimos anos, têm registado um desempenho inferior em termos de rentabilidade face às grandes empresas (large caps), o que criou uma diferença significativa de valorização. Isto significa que muitas small caps estão atualmente a negociar a preços relativamente baixos em relação ao seu potencial de lucros, podendo assim abrir caminho a rendibilidades mais atrativas no futuro.

Além disso, este tipo de empresas tende a ter maiores margens de crescimento, uma vez que muitas se encontram em fases iniciais de desenvolvimento ou operam em nichos de mercado inovadores. Embora seja verdade que o seu comportamento em bolsa tende a ser mais volátil, com oscilações mais acentuadas, também é verdade que, num horizonte de longo prazo, essa volatilidade pode traduzir-se em retornos superiores, desde que as empresas sejam bem selecionadas.
O fundo Lazard US Small Cap Equity procura precisamente tirar partido destas ineficiências de mercado, através de uma abordagem estruturada e automatizada que combina inteligência artificial com análise fundamental. Trata-se de um fundo que poderá ser adequado para investidores com tolerância ao risco e que tenham um horizonte de investimento de vários anos.
Em suma, investir em small caps norte-americanas poderá ser relevante para diversificar e potenciar o crescimento das carteiras a longo prazo, desde que o investidor compreenda os riscos envolvidos e mantenha uma visão orientada para o futuro. Neste contexto, abordagens como a da Lazard podem ser uma ajuda valiosa para filtrar oportunidades num universo de investimento menos coberto.
RANKIA PORTUGAL: Este artigo tem caráter exclusivamente informativo e educacional. As informações aqui contidas não constituem aconselhamento financeiro, nem recomendação de compra ou venda de quaisquer instrumentos financeiros. A rentabilidade passada não garante retornos futuros. Antes de tomar decisões de investimento, recomenda-se a consulta de um profissional devidamente habilitado.
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