Como escolher ETFs?

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Cada vez é mais ampla a oferta de ETFs no mercado e esta enorme variedade dificulta as nossas decisões na hora de escolher um ETF. Devido a isso, neste artigo vamos ensinar-te como escolher um ETF e que fatores deves ter em conta.

O que é um ETF?

Como sabemos, um ETF é um híbrido entre um fundo de investimento e uma ação, ou seja, tem uma carteira que está composta por uma cesta de ativos (fundos de investimento) que cotizam em bolsa e podem ser negociados a um preço de cotação (ações) em qualquer momento enquanto o mercado estiver aberto. Se quiseres conhecer com mais detalhe o funcionamento dos ETFs recomendo-te esta leitura.

Os pontos básicos que devemos rever e entender antes de comprar um ETF são 11:

  1. Gasto Anual Total (TER em inglês);
  2. Erro de Seguimento (Tracking Error);
  3. Rentabilidade;
  4. Exposição e índice que segue;
  5. Mercado em que cotiza;
  6. Liquidez dos seus subjacentes;
  7. Spread ou margem;
  8. Alavancagem;
  9. Política de dividendos;
  10. Divisa base;
  11. Método de Réplica

Vou explicá-los em detalhe neste artigo.

👉 O que são ETFs?

Escolher uma estratégia

Na Bolsa e nos Investimentos há inúmeras estratégias, o problema é que a maioria perde dinheiro ou dá retornos abaixo do índice se as aplicarmos durante vários anos. Por que isso acontece? Normalmente é porque não estão testadas com um backtest robusto ou usam evidências anedóticas e seletivas ou estão baseadas em palpites e/ou regras subjetivas difíceis de replicar.

É por esta razão que a primeira coisa que devemos fazer antes de escolher um ETF é selecionar uma estratégia testada que tenha funcionado, que seja suficientemente robusta para continuar funcionando no futuro e que tenha regras claras que possam ser replicadas. Além disso, é necessário acrescentar que essa estratégia deve estar em sintonia com o nosso perfil de risco e volatilidade, horizonte temporal e objetivos. Já sabem que eu gosto de dividir assim o perfil porque risco e volatilidade são coisas diferentes.

A estratégia é a que nos vai dizer que ETFs comprar, quando comprá-los e quando vendê-los.

Que tipo de estratégias existem?

Algumas das Estratégias testadas que demonstraram funcionar bem são as seguintes:

  • Indexação Passiva. Recomendada para prazos superiores a 10 anos cumprindo os requisitos de diversificação, rebalanceamento e aportações periódicas.
    • Utiliza ETFs que de preferência sigam índices amplos e diversificados de RV e RF para o núcleo da carteira.
    • Podem ser adicionados ETFs por fatores ou smartbeta como satélites ou tilts.
  • De Rotação. Falei um pouco sobre este tipo de estratégias Táticas no Rankia Markets.
    • Utiliza ETFs por países, regiões, setores, indústrias.
    • De preferência que se complementem.
  • Tendenciais com Momentum. Este tipo de estratégias é melhor automatizá-las para deixar as decisões discricionárias e os vieses cognitivos fora do jogo.
    • São para curto e médio prazo.
    • Embora possam utilizar qualquer tipo de ETF, geralmente são usados aqueles que contêm derivados na sua composição quando falamos de curto prazo e os restantes para médio prazo.
  • Táticas ou Tendenciais. Neste tipo de estratégias haverá algumas em que podemos fazer backtests robustos e outras onde não se pode ou é bastante difícil. As primeiras, que são as mais recomendáveis, geralmente usam filtros que podem ser uma combinação de indicadores técnicos sobre o preço, inquéritos de sentimento. As segundas podem usar diferentes critérios fundamentais, técnicos e variáveis macroeconómicas.
    • São utilizadas para curto e médio prazo.
    • Embora possam utilizar qualquer tipo de ETF, os mais usados são os alavancados, ETNs, ETCs e ETFs indexados a índices populares e temáticos.

Estas quatro são apenas algumas das muitas estratégias que existem, e para cada uma são necessárias ferramentas diferentes e sugere-se certo tipo de ETFs.

Por exemplo, um ETF temático ou de nicho não é recomendável para carteiras indexadas passivas, pois poderiam aumentar:

  • o risco da aleatoriedade do mercado
  • o risco de retornos subsequentes
  • Teríamos que ser bastante mais ativos e táticos para saber em que momento sair ou perceber se chegamos tarde à festa.

Determinar os nossos objetivos temporais

Tal como no resto dos produtos de investimento, nos ETFs é importante saber qual é o nosso horizonte temporal, ou seja, quanto tempo planeamos ou podemos deixar o dinheiro investido com a Estratégia que tenhamos escolhido.

Algo importante é que, independentemente de a estratégia ser de longo ou curto prazo, é preciso lembrar que a Bolsa e os Mercados funcionam com probabilidades, portanto, devemos repetir o jogo várias vezes para assim poder cair na maioria das vezes na probabilidade de sucesso.

Uma estratégia pode ter 80% de probabilidade de sucesso, mas se a aplicarmos apenas algumas vezes, então podemos ter o terrível azar de cair na probabilidade de falha essas duas vezes. Por isso, é preciso jogar o jogo muitas vezes ou, melhor ainda, perguntar quantas vezes poderei jogar e assim escolher uma estratégia que se adapte às minhas possibilidades.

Devido aos custos operacionais, impostos e tempo necessário, a melhor alternativa para a maioria dos investidores em ETFs a longo prazo é uma carteira indexada passiva bem estruturada.

Determinar o nosso perfil

Outras duas variáveis importantes que devem estar em sintonia com o nosso horizonte temporal são:

  • Perfil de Risco: é a nossa capacidade para assumir perdas de capital permanente.
  • Perfil de Volatilidade: a nossa capacidade para suportar as oscilações do mercado a curto e médio prazo.

Portanto, não seria recomendável escolher uma estratégia que faz várias operações de médio ou curto prazo (rotação ou tática), mas não conseguir suportar uma alta volatilidade e/ou não ter anos suficientes para esperar que a estratégia se recupere em caso de cair na probabilidade de falha desde o início.

As carteiras indexadas passivas com ETFs costumam ter uma visão a longo prazo, eliminando o efeito do market timing através de contribuições periódicas. Portanto, a priori, as correções a curto prazo não costumam ser um problema para este estilo de investimento, mas devemos ter claro que elas virão e devemos ter a força necessária para não mudar a nossa estratégia de investimento.

E em relação ao risco das carteiras indexadas, devemos planear bem a nossa transição entre uma carteira focada no crescimento e uma focada na conservação de capital e rendimentos. Além disso, é importante não querer compensar a nossa falta de contribuições ou ter começado tarde com expectativas futuras excessivas e/ou um horizonte temporal curto com altos retornos que o mercado nos deveria dar, pois então poderíamos assumir um risco maior do que poderíamos suportar.

Por isso, determinar o nível de volatilidade e risco com o qual estamos confortáveis é fundamental. Em geral:

  • Quanto mais jovem é o investidor, maior deve ser a capacidade de assumir volatilidade e riscos.
  • Quanto maior é a capacidade de poupança, maior deve ser a capacidade de assumir volatilidade e riscos.
  • Quanto maior for o horizonte de investimento, maior deve ser a capacidade de assumir volatilidade e riscos.

A estratégia de investimento indexada passiva com ETFs costuma ter vários conceitos-chave:

  • Contribuições periódicas
  • Diversificação, seja por ativos (RV e RF) e dentro de cada um deles.
  • Visão a muito longo prazo
  • Rebalanceamentos periódicos

Quais elementos devemos ter em conta ao escolher um ETF?

Esclarecido o anterior, agora sim podemos passar a mencionar os diferentes elementos que devemos ter em conta ao escolher qual ETF se ajusta melhor às nossas necessidades e estratégia.

TER (Total Expense Ratio)

O TER é o gasto total anual, expresso em forma de percentagem, do ETF sobre o património. Esta percentagem inclui as comissões de gestão, de depósito, os encargos que o ETF suporta internamente pela intermediação das operações de compra e venda de valores e os de auditoria.

No caso dos ETFs o TER coincide geralmente com a comissão de gestão. Não é demais dizer que ao comparar um ETF que tem o mesmo índice subjacente, as comissões são um fator chave, pois influenciarão diretamente na rentabilidade final.

Nos ETFs o TER é chave a longo prazo, sendo os melhores ETFs os que têm menor TER a longo prazo.

Tracking Error

Tracking Error ou erro de seguimento do seu índice ajuda-nos a conhecer qual é a desvio da rentabilidade de um fundo em relação ao seu benchmark. Quanto menor for o tracking error, mais eficiente será a réplica do ETF. A intenção de um ETF é replicar o máximo possível, pelo que proporcionar rentabilidades muito superiores ou inferiores é considerado um erro por parte do ETF. Embora seja óbvio que rentabilidades superiores ao seu índice são mais desejáveis.

O tracking error de um ETF pode ser encontrado facilmente no site do ETF ou no seu folheto.

Exposição e Índice que segue

Existem ETFs sobre qualquer índice que possamos imaginar, sendo um bom veículo para investir quase em qualquer coisa, mas devemos rever a composição da carteira que tem para ver se cumpre as nossas necessidades e expectativas, seja de concentração ou de diversificação geográfica ou sectorial, ou a sua exposição a certos fatores, e se isso se complementa com o resto dos ETFs.

Rever o índice também é muito importante porque saberemos qual é o objetivo, se é de recente criação, se tem muita rotação ou mesmo se existe uma dificuldade para segui-lo ou se o ETF o segue com fidelidade. Tudo isto podemos ler no prospecto do ETP. De facto, nesse documento também encontraremos os riscos que o instrumento tem, seja de forma geral ou particular.

Mercados em que são negociados

Este é um dos fatores que muitas vezes é ignorado na hora de selecionar um ETF, mas que é muito importante, pois, assim como as ações, é necessário ter em conta as comissões de compra e venda que diferem em função do mercado em que operam. As comissões que a nossa corretora nos cobra por comprar este tipo de produtos podem ser importantes se cotizam em mercados estrangeiros. Lembremos que a base do investimento em ETFs é minimizar custos a longo prazo, por isso devemos conhecer bem as comissões de custódia ou compra e venda que suportaremos ao realizar aportações periódicas.

Aqui também é preciso ter em conta a moeda base do ETF, a moeda em que cotiza noutros mercados e as moedas em que cotizam as ações que traz dentro da sua carteira. Isto adiciona o risco de câmbio.

Além disso, é preciso ter em conta o horário do mercado de origem do ETF. Por exemplo, se comprarmos um ETF indexado ao SP500 a partir da Europa, então o horário de operação do mercado de origem é diferente do nosso e, embora o ETF cotize no nosso horário, pode haver spreads mais altos ou volatilidade diferente da normal se o mercado de origem estiver fechado.

Volume

Este é um tema que nos ETFs se dá por garantido porque conta com criadores de mercado que aportam liquidez ao fundo cotado mediante a sua presença permanente no mercado tanto na compra como na venda. Além disso, a legislação UCITS obriga a que a corretora seja também market maker.

No entanto, é necessário procurar ETFs com volumes de negociação suficientes para “assegurar” que os preços são determinados pelo mercado e se ajustam melhor ao índice. Um maior volume não é sinónimo de maior liquidez, mas implica que uma ordem limitada perto da cotação atual seja executada mais rapidamente.

Spread

O spread é a diferença entre o preço de compra e o de venda, também conhecido como horquilla ou diferencial. É muito importante, pois nos diz muito sobre a liquidez do ETF e dos seus subjacentes, e também sobre a procura/oferta e eficiência dos mercados onde cotizam e os seus melhores horários para operá-los. Além disso, representa um custo implícito. Em geral, o melhor é que o spread seja o menor possível.

Alavancagem

Alguns ETFs utilizam o método da alavancagem para multiplicar os rendimentos do índice subjacente, normalmente x2 e x3, mediante instrumentos derivados (Ex: swaps). No entanto, a alavancagem adiciona mais riscos do que o normal. Não só se pode ganhar x2, como também se pode perder x2.

Política de Dividendos

Baseados numa série de fatores, a rentabilidade dos ETFs com dividendos pode variar significativamente. Alguns investidores podem necessitar de uma declaração dos rendimentos atuais dos seus investimentos, enquanto outros podem estar à procura da valorização do capital, num esforço para adiar os impostos. Certifica-te de que qualquer ETF que compres tenha uma política de dividendos consistente com os teus objetivos de investimento. Para conhecê-la em profundidade será necessário consultar o folheto.

Existem ETFs de Distribuição que distribuem periodicamente dividendos, e ETFs de Acumulação que os reinvestem de forma automática.

Divisa

O risco cambial está muito presente ao investir noutros setores e mercados além do nacional. Devemos tomar a decisão se queremos expor-nos a outras moedas, já que será igual a suportar dois investimentos diferentes, o desse mercado ou índice e o da nossa divisa.

Método de Réplica

Na hora de realizar um acompanhamento de um benchmark, existem duas possibilidades: A réplica física e a sintética. A maneira mais simples de realizar esta tarefa é através da réplica física onde o gestor do ETF simplesmente compra os valores subjacentes do índice. No entanto, a réplica sintética está a ser cada vez mais utilizada pelos gestores de ETFs. Baseia-se na compra de um contrato de swap com um banco de investimento que concorda em pagar a rentabilidade do índice em troca de uma pequena comissão e da rentabilidade do colateral mantido na carteira do ETF.

Embora a replicação sintética elimine o tracking error e reduza o impacto das retenções sobre os dividendos, tem o custo do risco de crédito da contraparte. Embora este tenha sido minimizado graças à legislação UCITS que obriga a que nenhuma contraparte tenha mais de 10%.

👉 ETF físicos ou sintéticos?

Existe um grande número de ETFs ao nosso alcance com diferentes características. Devemos tentar minimizar os custos, tanto do próprio ETF, como de compra/venda, sendo a base da gestão passiva suportar a menor quantidade de custos a longo prazo e a rentabilidade final o mais semelhante possível a esse índice a longo prazo. Além disso, ter uma carteira diversificada geograficamente ajudará a reduzir o risco, juntamente com as contribuições periódicas, que nos ajudarão a reduzir o efeito do timing.

Disclaimer:

RANKIA PORTUGAL: Este artigo é meramente informativo e educacional. As informações fornecidas aqui não podem ser consideradas como aconselhamento financeiro ou recomendação de compra / venda.

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Manual de ETFs

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  • Noções básicas
  • O que é e como funcionam os ETFs
  • Dicas úteis para investir

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