ETF: o que são e como funcionam?

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Os Exchange Traded Funds (ETFs) são um dos produtos de investimento mais importantes e versáteis das últimas décadas. Com quase 30 anos de existência, os ETFs oferecem muitas vantagens e, se utilizados corretamente com a estratégia certa, podem ser um bom veículo para atingir os seus objectivos de investimento.

O que é um ETF?

Os Fundos Negociados em Bolsa (ETF) são um veículo de investimento híbrido entre fundos de investimento e ações que tentam replicar um índice de referência, mas que podem ser comprados e vendidos na bolsa como uma ação normal, algo que não acontece nos fundos de investimento, pois são subscritos e liquidados a valor líquido no final de cada sessão. Além disso, tal como as ações, os ETFs têm um símbolo de cotação (ticker).

Por outro lado, semelhante aos fundos de investimento, investem numa cesta de ativos (ações, títulos, moedas, etc.), promovendo assim a diversificação do risco, mas é preciso ter cuidado, pois alguns ETFs sofrem do risco de concentração por terem exposição apenas a uma indústria ou nicho, embora estejam diversificados dentro dela.

Inicialmente, todos os ETFs eram de gestão passiva, ou seja, seguiam um índice. Recentemente, foi criada uma geração de ETFs de gestão ativa que não seguem nenhum índice, mas são geridos de forma discricionária por gestores e possuem os benefícios da estrutura de um ETF, que é mais transparente e eficiente em termos de custos operacionais e fiscais.

Neste artigo, vamos nos concentrar em falar sobre os ETFs de gestão passiva.

É importante mencionar que existem ETFs de réplica física e de réplica sintética. Nos primeiros, o gestor compra os ativos subjacentes do índice que pretende replicar, usando diferentes métodos estatísticos, enquanto na réplica sintética, o gestor compra um contrato de swap com um banco de investimento que pagará o retorno do índice.

Muitos investidores preferem os de réplica física, pois possuem a propriedade real do ativo subjacente, enquanto os de réplica sintética não. Além disso, os sintéticos ou de réplica de swap adicionam o risco de contraparte.

Dentro da réplica física, existem diferentes métodos:

  • Réplica completa: compram todos os ativos subjacentes do índice.
  • Réplica otimizada ou de amostragem: compram apenas uma seleção representativa do total da carteira do índice. Geralmente, é feito para economizar custos operacionais quando o índice é muito amplo e/ou muitos dos seus ativos subjacentes têm pouca liquidez.

Os ETFs podem ter exposição a uma enorme variedade de mercados, regiões, setores, sub-indústrias e até estratégias dentro deles. Por exemplo:

  • Podemos encontrar os mais clássicos que replicam o S&P500, como o SPDR S&P500 ETF (SPY), que é o primeiro ETF lançado no mercado pela State Street Global Advisors.
  • Há outros que replicam índices mais temáticos: Lithium & Battery Tech ETF (LIT), Cannabis ETF (POTX), Uranium ETF (URA), etc. Nesse sentido, a Global X ETFs é a gestora pioneira em ETFs temáticos, e no seu site é possível encontrar uma vasta lista de produtos.

Leia também 👉 ETF: réplica física ou sintética?

Tipos de ETFs

Segue-se uma lista dos principais tipos de ETFs que se encontram no mercado, conforme os activos que replicam:

  • ETFs de ações: iShares Core MSCI World UCITS ETF (SWDA), iShares NASDAQ 100 UCITS ETF (CSNDX)…
  • ETFs de rendimento fixo: EUR Corporate Bond UCITS ETF (VECP), Emerging Markets Bond ETF (EMBD)…
  • ETFs sectoriais: ETF de videojogos e desporto (HERO), ETF de inteligência artificial e tecnologia (AIQ), ETF SPDR MSCI World Health Care UCITS (WHEA LN)…
  • ETFs de matérias-primas: Invesco DB Commodity Tracking (DBC), First Trust Global Tactical Commodity Strat ETF (FTGC)…
  • ETFs de divisas: Invesco DB US Dollar Index Bullish Fund (UUP), Invesco CurrencyShares® Euro Currency Trust (FXE), Invesco CurrencyShares Japanese Yen Trust (FXY)…
  • ETFs inversos: ProShares UltraPro Short QQQQ (SQQQQQ), ProShares Short S&P 500 (SH)…
  • ETFs alavancados: Direxion Daily Semiconductor Bull 3x Shares (SOXL), Direxion Daily Financial Bull 3X Shares (FAS) …
  • ETFs por região: IWDA – iShares Core MSCI World UCITS ETF, EMIM – iShares Core MSCI Emerging Markets IMI UCITS ETF, VanEck AFK Africa Index ETF.
  • ETFs de estratégia: Global X XYLD S&P 500 Covered Call ETF, Global X QYLG Nasdaq 100 Covered Call & Growth ETF, VanEck MOAT Morningstar Wide Moat ETF
  • ETFs temáticos: ETF Global X RNRG Renewable Energy Producers, ETF Global X AIQ Artificial Intelligence & Technology

Com o aumento da popularidade dos ETFs, surgiu uma variedade de ETFs que utilizam todo o tipo de estratégias para atrair mais investidores. Dois dos mais interessantes são os ETF inversos, que lucram quando um determinado índice tem um desempenho fraco, e os ETF alavancados, que podem duplicar ou triplicar os retornos de um determinado índice através da utilização de alavancagem, como o nome indica.

No entanto, estes dois produtos não são recomendados para um investidor a longo prazo ou para alguém que está a começar.

Para saber mais 👉 Diferentes tipos de ETFs disponíveis no mercado.

Como investir em ETFs

Investir em ETFs tem se tornado cada vez mais popular devido à sua facilidade, diversificação e baixos custos. A continuação explicaremos de maneira simples como investir em ETFs, como selecioná-los conforme os seus objetivos de investimento e algumas estratégias que pode aplicar.

Plataformas de investimento e corretoras

  1. Corretoras online: São como lojas online onde pode comprar e vender ETFs. Alguns exemplos populares são:
  2. Comissões e taxas: Ao escolher uma corretora, observe as comissões e taxas a cobrar pelos seus serviços, como custos de transação ou taxas de manutenção.
  3. Funcionalidades e ferramentas: Considere as ferramentas e funcionalidades oferecidas por cada plataforma, como análises de mercado, gráficos, notícias e apoio ao cliente.

👉 Melhores corretoras de ETFs

Os ETFs são muito versáteis, pelo que podem ser uma boa alternativa para:

  • Investidores que não acreditam que seja possível bater o mercado, sendo a melhor alternativa a indexação. No longo prazo garantimos um desempenho semelhante ao dos índices, mas sempre inferior ao mesmo.
  • Para traders com estratégias intraday ou swing.
  • Para quem tem estratégias de rotação.
  • Para quem procura fazer hedging.
  • Para quem pretende alavancar sem os riscos e custos dos instrumentos derivados,
  • Para investidores top down ou macro que procuram exposição a temas, sectores ou países específicos.
  • Etc.

Como escolher ETFs conforme os seus objetivos de investimento

  1. Ações: Os ETFs de ações permitem investir em várias empresas ao mesmo tempo, e podem ser uma boa opção se procura crescimento e diversificação.
  2. Obrigações: Os ETFs de obrigações dão acesso a diferentes tipos de dívida, como títulos do governo ou de empresas. Estes podem ser adequados se procura rendimentos estáveis e menor risco do que as ações.
  3. Setoriais e temáticos: Os ETFs setoriais e temáticos permitem investir em áreas específicas da economia ou em temas de investimento, como tecnologia, energias limpas ou inteligência artificial.

Aprende mais com o nosso artigo 👉 Como investir em ETFs

Estratégias de investimento com ETFs

  1. Comprar e manter (buy and hold): Esta estratégia consiste em comprar ETFs e mantê-los a longo prazo, esperando que aumentem de valor ao longo do tempo.
  2. Trading: Esta estratégia visa aproveitar as variações de preços a curto prazo para obter lucros rápidos. Requer maior conhecimento do mercado e estar atento às notícias económicas.
  3. Investimento temático: Consiste em selecionar ETFs focados em tendências ou temas específicos, como as alterações climáticas, a tecnologia blockchain ou a inteligência artificial. Pode ser adequada se visa investir em setores em crescimento ou com alto potencial.

👉 Estratégias de investimento com ETFs.

Qual a diferença entre um ETF e um fundo de investimento?

Outra pergunta recorrente de quem pondera investir num ETF pela primeira vez prende-se com a diferente entre estes e um fundo de investimento tradicional. É uma óptima e pertinente questão, cuja resposta também é muito simples.

Ora bem, comecemos pelo fundo de investimento. Este é o conjunto das contribuições das poupanças de várias pessoas, que passam a sua gestão para uma entidade profissional respectiva. Por sua vez, os ETF são fundos negociados directamente no mercado de ações, equiparados a ações, que replicam o valor dos seus activos subjacentes.

Por sua vez, enquanto que os ETF são sempre de gestão passiva, os fundos tradicionais podem ter uma gestão activa. Isto significa que, entre outras coisas, os fundos tradicionais tentam superar os seus índices para garantir rentabilidade aos seus investidores, enquanto que os ETF tentam corresponder tal e qual o retorno do índice do activo que espelham.

👉 ETFs e Fundos de Investimento: qual é a diferença?

Vantagens e desvantagens dos ETF

Tal como qualquer outro tipo de activo financeiro, os ETF têm vantagens e desvantagens para os investidores. Comecemos pelos seus benefícios.

Vantagens dos ETFs

Os ETF podem ser muito úteis para os investidores, uma vez que combinam os pontos fortes dos fundos e das acções, tudo a baixo custo. Oferecem também uma maior variedade de exposições do que os fundos de investimento.

  • Comissões

As comissões são mais baixas, por exemplo, e o risco é normalmente menor, uma vez que estamos a falar de um activo diversificado. Além disso, mas não menos importante, neste setor não existem investimentos mínimos, os quais podem ser definidos apenas pelas correctoras, dando espaço a qualquer investidor de se chegar à frente.

  • Diversificação

Ao investir em cestas de ações, tipicamente índices de ações, os ETFs são diversificados e comportam menos riscos do que as ações individuais. Com um ETF num único mercado, é possível deter muitas ações diferentes num único produto.

Mas aqui é importante esclarecer que, embora um ETF tenha uma carteira diversificada de diferentes ações, também pode cair no risco de concentração se o número de ações for baixo e/ou se estas estiverem concentradas num único setor, indústria ou nicho.

Por conseguinte, é importante estar atento ao índice que seguem e à sua volatilidade.

  • Transparência, flexibilidade e simplicidade de negociação

Por ser um híbrido, beneficia da flexibilidade e facilidade de negociação de ações, podendo comprar e vender em tempo real. Isto é uma vantagem sobre os fundos de índice, onde a negociação é mais lenta. Portanto, podemos saber sempre o valor do nosso investimento, o que não é o caso dos fundos de investimento, onde temos de esperar até que os mercados se aproximem para conhecer o valor das nossas posições.

  • Eficiência de custos

Os ETF caracterizam-se por taxas baixas em comparação com os fundos de investimento, uma vez que são muito mais fáceis de gerir, têm custos operacionais mais baixos e não requerem uma equipa de analistas para tomar decisões, uma vez que seguem um índice. Consequentemente, o seu desempenho final é muito semelhante ao dos índices ou sectores que acompanham.

Mas há duas coisas importantes aqui:

  • Por vezes, pensa-se que os ETF de índice são geridos automaticamente. São parcialmente automáticos, mas algumas decisões operacionais são tomadas por um gestor ou por uma equipa de gestão e por operadores que planeiam e executam o reequilíbrio, o empréstimo de títulos e a sincronização com participantes autorizados, de modo a manter toda a operação do ETF tão isenta de fricções quanto possível e, assim, reduzir os custos.
  • A recente geração de ETF geridos activamente recorre a analistas e a um gestor para a tomada de decisões discricionárias, mas está a tirar partido da estrutura dos ETF para reduzir os custos operacionais e, assim, oferecer comissões mais baixas do que os fundos de investimento. Isto deve-se principalmente ao processo de criação e resgate de unidades de participação, sendo muito mais eficiente do ponto de vista fiscal e operacional do que a venda e compra de unidades de participação num fundo.

Outra vantagem é o facto de os requisitos mínimos de acesso a este tipo de produto serem muito baixos, o que o torna um produto muito acessível a investidores com menor património líquido.

  • Desempenho muito semelhante aos índices de longo prazo

Ao replicar um índice, pretendem ter um desempenho muito semelhante, exactamente mais baixo do que as taxas cobradas. Por conseguinte, ao comprar um ETF, é quase garantido que o nosso desempenho a longo prazo será muito semelhante ao do mercado.

  • Possibilidade de alavancagem ou investimentos curtos

Os ETFs dão ao investidor a possibilidade de alavancar contra o índice e mesmo investir para baixo no índice, o que é difícil de fazer em fundos de investimento. Portanto, dá novas alternativas especulativas, mais relacionadas com o investimento em acções do que em fundos.

No entanto, pela mesma razão, pode ocorrer algum pânico no mercado se um ETF tiver demasiadas encomendas curtas, uma vez que pode não ter dinheiro suficiente para preencher essas encomendas. Este é um problema hipotético, mas possível, e dever-se-ia procurar uma ETF altamente líquida para mitigar este risco.

👉 ETF alavancado: o que é?

Desvantagens dos ETFs

Quanto às desvantagens, a principal tem a ver com o facto de não garantirem rentabilidade nem o reembolso total do capital investido. Ou seja, a oscilação dos valores dos títulos subjacentes ao fundo podem levar à perda total do seu dinheiro, mas este é um risco inerente a qualquer tipo de mercado deste género. É por isso que deve sempre explorar e analisar bem o mercado e perceber porque é que um índice de ações emergentes é sempre mais arriscado do que um fundo de obrigações de países ocidentais. Contudo, a possibilidade de lucro do segundo é bem mais inferior do que o primeiro.

  • Tributação menos favorável que os fundos de investimento

Os ETFs são tributados como as ações, portanto não possuem a vantagem fiscal dos fundos de investimento, permitindo transferências entre diferentes fundos sem ter que pagar impostos sobre ganhos de capital.

Leia também 👉 Qual é a fiscalidade dos ETFs?

  • Custos de transacção

Aqui também deve ter em conta os custos cobrados pelas plataformas de corretagem ao efectuar transacções.

  • Produto mais complexo

Os ETFs são produtos complicados e o investidor precisa de estar bem informado sobre o seu funcionamento antes de começar a investir neles. Por exemplo, é necessário saber que os ETFs não são liquidadas no dia seguinte como fundos, mas no prazo de dois dias. Isto significa que, se liquidar uma ETF para investir o capital num fundo no dia seguinte, não o poderá fazer.

Por outro lado, os ETFs têm dois preços, um preço de oferta e um preço de venda. Se o spread for grande, pode-se dizer que o ETF ou o mercado em que está a negociar é ilíquido, tornando mais difícil para o investidor vender a um preço-alvo. Portanto, é importante educar-se a si próprio antes de investir.

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Manual de ETFs

Este e-book irá ajudá-lo a aprender o que precisa de saber para começar com sucesso nos seus investimentos:

  • Noções básicas
  • O que é e como funcionam os ETFs
  • Dicas úteis para investir

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