O que é um fundo de investimento?
Para compreender o que é um fundo de investimento e como funciona, é necessário ter claros conceitos como valor líquido, participações, sociedade gestora ou depositário. Todos eles definem o que é esta ferramenta de investimento, que se destaca pela sua flexibilidade e vantagens fiscais.
O que é um fundo de investimento?
Os fundos de investimento, também conhecidos como Instituições de Investimento Coletivo (IIC), são veículos de investimento coletivo geridos por um gestor profissional, ou seja, um conjunto de poupadores delega a gestores profissionais a tomada de decisões sobre o investimento do seu património.
Este investimento é realizado de forma conjunta nos ativos que a equipa gestora considera adequados para obter a máxima rentabilidade possível em função de uma estratégia de investimento previamente definida. Em outras palavras, o que faz um fundo de investimento é tomar o dinheiro de muitos poupadores para investi-lo em seu nome.
Com esta definição de fundo de investimento, trata-se de um veículo formado por um património, que não tem personalidade jurídica, e que está dividido em participações.
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Em que investe um fundo de investimento
O fundo pode investir num universo amplo de ativos: obrigações, ações, derivados, divisas, assim como em produtos não financeiros como bens imóveis ou matérias-primas.
Além disso, podem investir em qualquer zona geográfica.
Por isso diz-se que os fundos de investimento são veículos já diversificados e idóneos para diversificar uma carteira de investimento: são compostos por uma grande quantidade de ativos de tipo.
Só existe uma norma básica que limita em que pode investir um fundo:
- 👉Devem respeitar a filosofia de investimento marcada.
Todos os fundos nascem com uma determinada filosofia de investimento e nela se baseia a distribuição da carteira do fundo. Esta distribuição marca o tipo de ativos nos quais investirá, o que delimita a sua exposição a determinadas áreas geográficas e, sobretudo, o nível de risco que assumem.
Esta informação pode ser encontrada facilmente no documento (KIID).
O que encontrarás no Documento KIID?
- A percentagem máxima de rendimento fixo/variável.
- Regiões nas quais investe.
- O perfil de investidor ao qual se destina o fundo.
- Se não tens claro o teu perfil de risco, aqui podes fazer um teste para descobri-lo.
- As comissões que cobra.
- A rentabilidade histórica.
Normalmente o folheto do fundo ou também chamado dados fundamentais para o investidor, pode ser encontrado no próprio site da gestora. Caso contrário, sempre podes consultá-lo na página oficial da CMVM.
Também existem páginas especializadas como Morningstar ou Citywire com informações e rácios úteis para comparar e escolher um fundo de investimento.
Nesse sentido, a oferta de fundos no mercado é tão ampla que pode ser difícil escolher. Se precisa de conselho, um consultor financeiro pode ajudá-lo a criar a estratégia adequada para rentabilizar as suas poupanças.
Quais são os elementos de um fundo de investimento?
Para compreender o que é um fundo de investimento e como funciona, devemos conhecer quais são as partes que formam este fundo de investimento e em que consistem.
Participações de um fundo de investimento
As participações são as partes alíquotas em que se divide um fundo de investimento. O número de participações que formam um fundo de investimento não é um valor fixo como acontece com as ações de uma empresa, mas dependem das compras e vendas que se realizem das mesmas.
A compra de participações denomina-se subscrição e a venda das participações, reembolso.
As participações são valores negociáveis, mas normalmente não se negociam em nenhum mercado de valores, sendo que a sociedade gestora é quem vende e recompra as participações.
Participantes de um fundo de investimento
Assim como existem acionistas de uma empresa, existem participantes de um fundo de investimento, que são aqueles poupadores que aportam o seu património a um determinado fundo de investimento, tornando-se participantes do mesmo na proporção das contribuições que tenham realizado.
Cada um dos participantes de um fundo pode entrar no fundo no momento da sua constituição ou posteriormente, e podem sair do mesmo (obtendo o reembolso do investimento) em qualquer momento.
Valor liquidativo de um fundo de investimento
Ao preço da participação de um fundo de investimento numa determinada data chama-se valor liquidativo.
Este valor é o que nos permitirá ver como evolui o fundo.
Se formos técnicos, o valor liquidativo é o conjunto do património que compõe o fundo de investimento, dividido pelo número de participações em circulação. Por exemplo, se as participações do fundo de investimento têm um valor liquidativo de 100€ e se deseja investir 2.000€, o investidor adquirirá 20 participações.
O valor liquidativo é publicado diariamente, tendo em conta o preço de fecho dos mercados bolsistas.
Sociedade gestora de um fundo de investimento
A sociedade gestora é responsável por gerir e administrar o fundo de investimento. É importante esclarecer que não é a proprietária do fundo, os proprietários são sempre os participantes. A sociedade gestora é quem decide onde se investe o património do fundo, ou seja, determina a política de investimento do fundo.
Cada fundo de investimento é gerido por uma única gestora, mas uma gestora pode gerir mais de um fundo de investimento ao mesmo tempo. Estas sociedades cobram diretamente uma comissão ao fundo de investimento pela gestão e administração do mesmo, conhecida como comissão de gestão.
As sociedades gestoras têm a obrigação de enviar a informação relativa aos seus fundos à CMVM de forma periódica, e são responsáveis por manter o registo das participações dos fundos de investimento.
👉 Melhores sociedades gestoras de fundos
Depositário de um fundo de investimento
A função do depositário é custodiar e vigiar os ativos que compõem o fundo. A entidade depositária pode ser um banco, caixa económica, sociedade de valores ou cooperativa de crédito que esteja inscrita na CMVM.
O depositário cobra uma comissão ao fundo de investimento a título de depósito, também conhecida como comissão de depósito.
Se o fundo de investimento mudar de depositário, os participantes têm direito a receber a totalidade do seu investimento sem aplicação, caso exista, de comissão de resgate.
A distinção entre gestora e depositária é um seguro adicional para os participantes. Graças a ela evitam-se os conflitos de interesse na gestão do fundo que podem ir contra o interesse dos poupadores.
Quais são as características dos fundos de investimento?
Esclarecido o conceito de fundo de investimento é importante ter claras as suas características. Em outras palavras, o que define esta ferramenta de investimento.
Características gerais dos fundos:
- É um investimento coletivo, que junta o dinheiro de muitos pequenos poupadores.
- É gerido por profissionais dedicados a tempo inteiro à gestão do teu dinheiro. De facto, a figura do gestor é chave num fundo de investimento (há até fundos de autor).
- É um investimento diversificado, já que investe numa carteira de valores.
- É um investimento regulado.
- O dinheiro não está assegurado, salvo nos fundos garantidos.
Quais são os tipos de fundos de investimento?
Existem vários tipos de fundos de investimento e formas de os categorizar. Conhecer estas diferenças é o primeiro passo para saber qual se adapta melhor ao perfil de risco de cada pessoa e também como está gerido o fundo.
Há mais de uma forma de dividir estes fundos de investimento. Segundo o tipo de ativo em que investe pode-se falar de:
Segundo o tipo de ativo em que investe:
- Fundos monetários
- Fundos de renda fixa
- Fundos mistos
- Fundos de ações
- Fundos garantidos
- Fundos de fundos
- Hedged funds…
Outra forma de definir os fundos de investimento é segundo o tipo de gestão que realiza:
- Ativa
- Passiva
Neste último caso, falaríamos de fundos indexados ou de gestão passiva.
A esta diferenciação entre tipos de fundos podem ser adicionadas outras conforme o que fazem com os dividendos das ações em que investem (fundos de acumulação ou de distribuição) ou conforme o estilo de investimento (value, growth, momentum…).
Por último, é possível falar de fundos especializados por setores e países como fundos imobiliários, tecnológicos, globais, emergentes…
Mas visto tudo isto… acho que o melhor é explicar como funciona um fundo, não?
👉 Tipos de fundos de investimento
Como funciona um fundo de investimento?
O funcionamento de um fundo de investimento é muito simples. O participante aporta o seu dinheiro ao fundo e adquire participações.
Por sua vez, a sociedade gestora integra esse dinheiro no fundo e investe onde considera conveniente (sempre seguindo a política do fundo), formando assim a carteira do fundo, que é o conjunto de ativos em que o fundo investe.
Quando o investidor adquire participações está comprando uma parte do fundo, ou seja, está formando uma pequena carteira igual à do fundo.
A partir daí, se as investimentos correrem bem, o valor das participações subirá e, caso contrário, descerá.
Da mesma forma, o andamento dos investimentos também afetará o património gerido pelo fundo.
Na verdade, o tamanho de um fundo de investimento pode aumentar e diminuir por dois motivos:
- Entrada ou saída de investidores
- Variações no valor de mercado dos ativos da carteira.
O primeiro motivo nunca afetará o investimento, simplesmente variará o preço das participações em função das subscrições ou resgates.
O que sim afeta o investimento e os resultados que o investidor obterá é a variação do valor dos ativos.
Exemplo do funcionamento de um fundo
Para entender tudo melhor, vamos desenvolver um exemplo do funcionamento de um fundo de investimento.
Dados:
- Valor de uma participação: 100€
- Número de participantes: 100
- Número de participações por participante: 50
Qual é o património do fundo?
Comecemos por calcular quanto dinheiro tem o fundo.
Património do fundo = 100€ (participação) x 100 (participantes) x 50 (participações por participante) = 500.000€
Total de participações em circulação = 100 participantes x 50 participações/participante = 5.000 participações.
Supondo uma rentabilidade líquida (deduzidos gastos, taxas e impostos), o fundo evoluiria da seguinte maneira:
Diana | Património inicial (A) | Mais-valia (B) | Património final (C=A+B) | Participações em circulação (E) | Valor liquidativo (C/E) |
0 | 500.000€ | – | 500.000€ | 5000€ | 100€ |
1 | 500.000€ | 1.000€ | 501.000€ | 5000€ | 100,20€ |
2 | 501.000€ | 2.560€ | 503.560€ | 5000€ | 100,71€ |
3 | 503.560€ | -1.200€ | 502.360€ | 5000€ | 100,47€ |
4 | 502.360€ | 2.010€ | 504.370€ | 5000€ | 100,87€ |
Desta forma podemos ver como evolui o património de um fundo de investimento perante uma variação do valor dos ativos que compõem a carteira.
Como afeta um fundo a entrada e saída de participantes?
Agora vamos ver como afeta o fundo a entrada e saída de participantes com um exemplo. Imaginemos que um investidor entra no fundo no dia 5, com um montante de 6.000€.
Temos que ter em conta que no momento de efetuar o investimento, o investidor desconhece o número de participações que vai adquirir, já que não se saberá até que se conheça o valor liquidativo do fundo ao finalizar o dia.
A seguir vamos calcular o valor liquidativo no final do dia 5, para saber quantas participações o investidor terá comprado, e o número de participações que formarão agora o fundo.
Diana | Património inicial (A) | Mais-valia (B) | Património final (C=A+B) | Participações em circulação (E) | Valor liquidativo (C/E) |
0 | 500.000€ | – | 500.000€ | 5000€ | 100€ |
1 | 500.000€ | 1.000€ | 501.000€ | 5000€ | 100,20€ |
2 | 501.000€ | 2.560€ | 503.560€ | 5000€ | 100,71€ |
3 | 503.560€ | -1.200€ | 502.360€ | 5000€ | 100,47€ |
4 | 502.360€ | 2.010€ | 504.370€ | 5000€ | 100,87€ |
5 | 504.370€ | 800€ | 505.170€ | 5000€ | 101,03€ |
O valor liquidativo é de 101,03€, pelo que, investindo 6.000€ vai adquirir:
- 6.000€/101,03€/participação = 59,39 participações
Ficando a tabela anterior da seguinte forma:
Diana | Património inicial (A) | Mais-valia (B) | Património final (C=A+B) | Participações em circulação (E) | Valor liquidativo (C/E) |
0 | 500.000€ | – | 500.000€ | 5000€ | 100€ |
1 | 500.000€ | 1.000€ | 501.000€ | 5000€ | 100,20€ |
2 | 501.000€ | 2.560€ | 503.560€ | 5000€ | 100,71€ |
3 | 503.560€ | -1.200€ | 502.360€ | 5000€ | 100,47€ |
4 | 502.360€ | 2.010€ | 504.370€ | 5000€ | 100,87€ |
5 | 504.370€ | 800€ | 511.170€ | 5.059,39€ | 101,03€ |
O património final do dia 5 é a soma do património inicial (504.370€) mais as mais-valias (800€) e o investimento realizado pelo novo participante (6.000€). Ao número de participações em circulação do dia 4 somamos as participações do novo investidor (59,39).
Agora vamos ver como afeta um reembolso ao património do fundo.
Se um investidor (qualquer um deles, independentemente da antiguidade do seu investimento) deseja retirar 12.000€ no dia 6, devemos igualmente esperar até ao final do dia para saber quantas participações está a retirar.
Portanto, calcularemos em primeiro lugar o valor liquidativo do fundo de investimento no final do dia 6:
Valor líquido = (511.179 – 3.200)/5.059,39 = 100,40€
O valor líquido é de 100,40€, pelo que reembolsando 12.000€ vai vender:
- 12.000€/100,40€/participação = 119,52 participações
Com o reembolso de 12.000€, o investidor vendeu 119,952 participações, e o património do fundo de investimento reduz-se em 12.000€.
Diana | Património inicial (A) | Mais-valia (B) | Património final (C=A+B) | Participações em circulação (E) | Valor liquidativo (C/E) |
0 | 500.000€ | – | 500.000€ | 5000€ | 100€ |
1 | 500.000€ | 1.000€ | 501.000€ | 5000€ | 100,20€ |
2 | 501.000€ | 2.560€ | 503.560€ | 5000€ | 100,71€ |
3 | 503.560€ | -1.200€ | 502.360€ | 5000€ | 100,47€ |
4 | 502.360€ | 2.010€ | 504.370€ | 5000€ | 100,87€ |
5 | 504.370€ | 800€ | 511.170€ | 5.059,39€ | 101,03€ |
6 | 511.170€ | -3.200€ | 495.970€ | 4.938,87€ | 100,40€ |
Desta forma vimos como evolui o património de um fundo de investimento quando ocorrem mudanças na valorização dos ativos que o compõem e quando se subscrevem e reembolsam participações.
Quais são as comissões de um fundo de investimento?
Investir num fundo de investimento implica assumir uma série de custos e comissões.
As comissões de um fundo de investimento são muito variadas e dependem do país e do tipo de fundos. Em geral, as comissões mais frequentes são as seguintes:
Comissões de um fundo:
- Comissão de gestão, que é cobrada pela gestora.
- Comissão de sucesso, que pode substituir ou complementar a anterior.
- Comissões de subscrição e reembolso.
- Comissão de depositária.
- Outras comissões: comissão de corretagem, comissão de auditoria e análise, comissão por troca de divisas.
- Para saber em que consiste cada uma destas comissões, podes consultar o artigo:
Como posso saber a comissão de um fundo?
Existem várias formas de conhecer o custo de um fundo.
A mais simples é entrar no teu banco onde o tens contratado e olhar a documentação, esta informação deve ser sempre visível e detalhada. Com a nova normativa, uma vez por ano devem enviar-te uma notificação com o desdobramento de despesas que tiveste durante o período anterior.
A segunda opção é colocar no Google o nome do teu fundo seguido da palavra CMVM e encontrarás o arquivo do teu fundo onde estarão desdobrados os custos reais do mesmo.
Em terceiro lugar, se tiveres dúvidas, podes perguntar-nos nos comentários e ajudamos-te com todo o desdobramento.
As comissões de um fundo são importantes, mas não refletem o seu custo total. Para descobrir quanto custa um fundo, podes recorrer ao TER ou Total Expense Ratio.
Qual é a fiscalidade dos fundos de investimento?
É preciso pagar impostos por investir em fundos de investimento?
SIM
Os fundos não estão isentos de tributar na declaração de IRS pelos ganhos que obtenhas.
No entanto, conta com uma grande vantagem fiscal em relação a outros investimentos:
A possibilidade de transferir o teu dinheiro de um fundo para outro sem ter que pagar impostos. Esta é uma das maiores vantagens dos fundos juntamente com a sua diversificação.
Explico-te de forma simples:
Imagina que investes em ações e queres fazer uma alteração na tua carteira:
- Queres vender as ações da empresa A para comprar as da empresa B. Essa alteração tem um custo fiscal, devido ao facto de que no IRS terás de pagar pelos ganhos que acumulaste com a ação A.
Concretamente, o Fisco reclamará entre 28% da mais-valia gerada (se houver perdas também poderás imputá-las).
Com um fundo de investimento isto não te aconteceria 😁
A transferência entre fundos está isenta de tributação. Este diferimento fiscal permite melhorar os benefícios a longo prazo, já que não perdes uma parte do investimento em cada alteração.
👉 Como declarar Fundos no IRS?
Como contratar um fundo de investimento?
A acessibilidade é uma das características dos fundos de investimento. Podes contratá-los de forma muito simples através da maioria das entidades financeiras e corretoras.
Como fazer uma transferência de fundos de investimento?
Uma das dúvidas mais frequentes de um investidor iniciante é como transferir um fundo de investimento.
O procedimento costuma ser muito simples, embora dependa se queres transferir fundos dentro do mesmo comercializador ou se a transferência é entre diferentes entidades.
As transferências costumam demorar entre 3-7 dias úteis, embora no caso de transferências entre entidades os prazos possam dilatar-se bastante. As transferências podem ser totais ou parciais e em ambos os casos o fundo de destino deve cumprir os mínimos de património necessários que exija como requisito.
Lembra-te que essas transferências não afetariam a tua declaração de IRS.