Bull Market: tudo o que precisa de saber

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Um “Bull Market” representa períodos de otimismo e crescimento nos mercados financeiros, marcados por uma tendência sustentada de alta nos preços dos ativos. Este fenómeno reflete a confiança dos investidores numa economia em expansão, com lucros corporativos crescentes e oportunidades significativas de valorização.

Neste artigo, exploramos as características, os estágios e as estratégias para tirar proveito deste ciclo de mercado, enquanto destacamos os riscos e os cuidados necessários para uma abordagem equilibrada e eficaz.

O que é um “Bull Market”?

Um “Bull Market” ou “Mercado de Touro” (traduzido literalmente para português, vamos manter o termo “Bull Market”) é uma condição do mercado financeiro que é caracterizada por um período prolongado de uma alta nos preços dos ativos (modo geral), tais como, ações, matérias-primas (commodities), moedas, criptomoedas, etc. É o oposto ao “Bear Market” ou “Mercado de Urso”, que nos representa um período de quedas nos preços.

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Principais características do “Bull Market”

  • Existe um otimismo de forma generalizada, pois, os investidores acreditam que os preços vão continuar a subir, o que aumenta a procura por ativo/instrumentos financeiros;
  • Um “Bull Market” tende, a acontecer em períodos de expansão económica/crescimento económico, em que podemos observar um PIB em crescimento, baixo desemprego, e consumo crescente;
  • Nestes períodos os investidores (modo geral) sentem-se mais confiantes a assumir riscos e investir no mercado financeiro;
  • Num “Bull Market” tende a existir um aumento nos lucros das empresas, um maior valor do lucro das empresas levará tendencialmente a sua cotação a subir;
  • Nestes períodos existe uma maior participação no mercado, pois, mais investidores se incorporam nos mercados financeiros (tais como, investidores de retalho), impulsionando assim os preços das cotadas de maneira generalizada.

Como funciona um “Bull Market”?

Neste tópico como já podem perceber vamos perceber o funcionamento do “Bull Market”, e vamos por fases para perceber como o mesmo se desenrola.

  1. Como é óbvio começamos pelo início: um “Bull Market” tende a começar após um período de pessimismo ou estagnação (como é usual num “Bear Market” ou uma Recessão); Fatores como cortes nas taxas de juros, estímulos governamentais (que desde algumas décadas para cá, está muito na moda) ou recuperação de crises económicas podem ser o gatilho para se iniciar um novo mercado em alta.
  2. No passo seguinte falamos da característica “Confiança”, quer se queria quer não, é uma característica muito importante, pois, não só um “Bull Market” têm base na confiança, mas também uma moeda assenta na “Confiança”: à medida que os indicadores económicos melhoram, tais como, PIB, aumentos nos lucros das empresas, desemprego, consumo, etc.…, os investidores tornam-se mais otimistas sobre o futuro, o que irá aumentar a procura por ativos de risco, tais como ações, levando a um aumento dos preços destes mesmos ativos.
  3. O aumento na procura levará os preços subirem de forma consistente, pois, os investidores que estavam receosos em incorporar-se no mercado ao perceberem os movimentos consecutivos em alta, aumentam ainda mais os preços (o denominado “Efeito Manada” ou “FOMO”).
  4. Durante um “Bull Market”, mais investidores como disse anteriormente se incorporam no mercado, incluindo pequenos investidores, alimentando ainda mais o ciclo de alta, o que fará com que o volume de negociação tendencialmente aumente, e os preços consequentemente façam novos máximos históricos;
  5. O aumento dos preços gera mais confiança, que atrai mais investidores, num ciclo de retroalimentação de otimismo/confiança.
  6. O que suporte ao longo de um determinado período é o crescimento dos lucros corporativos, investimentos em infraestruturas/inovação, e também políticas monetárias ou fiscais (ultra favoráveis), tais como, a taxa de juro diretora baixa ou até mesmo negativa como se via até a uns anos para cá, e também incentivos governamentais sem precedentes.
  7. O “Bull Market” entre na chamada “Fase Terminal” com o excesso da característica que falei acima “Confiança”. No final de um “Bull Market”, os preços podem (e por norma) estão inflacionados, além dos seus fundamentos económicos, levando assim a formação de bolhas, como tivemos a bolha “.com” nos anos 2000. Se houver sinais de desaceleração económica ou mudanças nas condições financeiras (como por exemplo, o aumento/manutenção da taxa de juro diretora por um longo período), a confiança pode diminuir, levando a uma correção ou inversão para um “Bear Market”! Nota: ao dia de hoje não é o que sucede, mas podemos agradecer ao intervencionismo dos governos e também dos bancos centrais.

Estágios de um “Bull Market”

Geralmente um “Bull Market” passa por 4 estágios principais, cada um deles com características diferenciadoras relacionadas a confiança dos investidores, ao desempenho em termos económicos e ao comportamento dos ativos financeiros. Estes mesmos estágios ajudam a entender o “Bull Market” e a identificar sinais que podem indicar uma transição para o próximo estágio ou o eventual fim do “Bull Market” para assim darmos as boas-vindas ao “Bear Market”.

  1. Estágio 1 (Acumulação): a acumulação é caracterizada por um período no qual o mercado se começa a recuperar após um período de queda ou estagnação; neste momento (investidores com uma maior experiência, por norma grandes instituições) começam a comprar ativos que consideram subvalorizados; nesta fase o otimismo ainda é baixo, e é normal muitos investidores permanecerem cautelosos. Neste estágio existe uma melhoria muito discreta dos dados económicos, como o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), tendencialmente uma redução do emprego, ou estímulos governamentais (que hoje é o prato do dia, em muitos países); os preços dos ativos começam a mostrar alguma recuperação de alta (lentamente), e o volume de negociação é tendencialmente baixo/moderado.
  2. Estágio 2 (Participação): este estágio tende a apresentar um mercado em que se nota crescimento consistente e começa assim a atrair mais investidores; daí que a confiança do mercado tende a aumentar, e os fundamentos económicos mostram sinais evidentes de uma melhoria; que por sua vez, leva a que as empresas reportem lucros crescentes, e determinados setores tendem a liderar o crescimento da economia. Na participação o volume de negociação tende a ser mais alto, e existe um maior interesse do público em geral; e claro que retornos positivos fazem atrair o pequeno investidor (investidor de retalho).
  3. Estágio 3 (Exuberância): este estágio é onde é atingido o “Clímax” do sentimento de otimismo, pois, valores mais altos nos preços dos ativos/instrumentos financeiros parecem certos/inevitáveis, e daí que o “FOMO” possa estar muitas vezes ligado a este sentimento, e os investidores entram no mercado nesta fase com o mercado de deixar escapar a oportunidade que está diante dos seus olhos; a especulação irá consequentemente intensificar-se, e os preços frequentemente ultrapassam todos e quaisquer fundamentos económicos. Este estágio tende a ter um alto volume de negociação e novos máximos a serem feitos de forma recorrente; métricas de avaliação, como por exemplo, o (P/E) “Price to Earnings” começam a parecer insustentáveis; claro que aqui não podemos esquecer o papel dos meios de comunicação social, pois, as notícias que eles lançam vão obviamente reforçar o otimismo dos investidores, e assim chegar ao conhecido “Efeito Manada”.
  4. Estágio 4 (Distribuição): esta última fase/estágio é caracterizada por investidores institucionais e investidores com alguma experiência a começarem a realizar lucros, vendendo assim as posições que compraram durante os estágios anteriores; o mercado não deixa de estar otimista, mas os ganhos das empresas tornam-se menos consistentes e a volatilidade aumenta; os preços podem na mesma atingir novos máximos históricos, mas as empresas (as suas cotações) começam a ter dificuldades em manter a pujança que traziam de trás. Aqui, e estando num estágio final, o volume de negociação pode diminuir, indicando assim menos participantes no mercado; nesta fase (eufórica) os fundamentos daquilo que é o preço do ativo e o desempenho económica (geral) divergem; e por último alguns sinais técnicos, como o aparecimento da figura técnica de “Duplo Topo”, pode surgir, e aí é estar atento para ver o que sucede!

E o que acontece depois do último estágio (Distribuição)? Após o último estágio, o mercado pode entrar numa correção ou numa reversão total a que podemos dar o nome de “Bear Market”, dependendo sempre das diversas variáveis que já fui falando ao longo artigo, e também da reação/comportamento dos investidores.

Que estratégias de investimento podemos adotar, num “Bull Market”?

Já aprendemos aqui que durante um “Bull Market” o mercado apresenta uma tendência “sustentada” de preços mais altos nos ativos financeiros, oferecendo assim diversas oportunidades para os investidores. No entanto, é importante adotar estratégias que maximizem os ganhos enquanto fazemos o controlo dos riscos, daqui que veremos algumas estratégias que poderemos adotar, mais precisamente 2 que muito ouvimos falar, apesar de que existem muitas mais:

  1. Comprar e manter (Buy and Hold): esta estratégia baseia-se em comprar ativos financeiros e manter os mesmos ao longo do “Bull Market” para assim aproveitar a valorização; esta estratégia funciona durante o “Bull Market”, pois, os preços tendem a subir de forma consistente, permitindo assim que os investidores se beneficiem de ganhos no longo prazo.
  2. Comprar as quedas (o famoso “Buy The Dip”): esta estratégia consiste em aproveitar as correções ou pequenas quedas nos preços dos ativos financeiros para aumentar as posições que já detêm atualmente ou comprar novas; a mesma funciona durante um “Bull Market”, porque as quedas/correções geralmente são temporárias e seguidas por novos máximos históricos.

Indicadores do início/fim de Bull Market

Indicadores do início

  • Dados económicos positivos (crescimento do PIB, aumento da produção industrial, entre outros)
  • Política Monetária Acomodatícia (Redução da taxa de juro diretora, estímulos governamentais)
  • Aspetos Técnicos (Consecutivos máximos históricos/rompimento de resistências importantes tanto nas cotações como no índice de referência do país, entre outros)
  • Sentimento de otimismo generalizado
  • Aumento do volume de negociação
  • Redução da volatilidade (Tendencialmente menor volatilidade indica maior estabilidade e confiança no mercado

Indicadores do fim

  • Avaliações inflacionadas (multiplicadores como o P/E atingem níveis elevadíssimos, dando ou não a ideia de que as cotações dos ativos estão sobrevalorizadas, podendo ou não levar os investidores a realizar lucros)
  • Mudança na política monetária (aumento da taxa de juro diretora e retirada de estímulos pelo banco central do país)
  • Desaceleração económica (a título exemplificativo, tal como dei acima, indicadores como o PIB, Produção Industrial, Consumo, entre outros, começam a estagnar)
  • Aumento da volatilidade (Maior volatilidade de forma consistente, podendo indicar algum nervosismo entre os investidores, o que pode levar a mudanças bruscas no mercado)
  • Aspetos técnicos (Índices/cotações não atingem novos máximos, pode haver lugar ao rompimento de médias móveis, como por exemplo, as mais conhecidas (a de 50 e 200 períodos), entre outros)
  • Menor volume de negociação (Tende a acontecer volume mais baixo em dias de alta, enquanto sucede o contrário em dias de baixa)
  • Existe um excesso de confiança generalizado (aumento da especulação e participação de investidores inexperientes no mercado)

Riscos e cuidados durante um “Bull Market”

Principais riscos de um Bull Market

  • Avaliações inflacionadas (otimismo excessivo leva os ativos a ultrapassarem “a passos largos” os seus fundamentos, e quando mercado corrige pode haver ou não lugar a perdas avultadas)
  • Bolhas (durante a euforia nos mercados bolsistas, alguns ativos financeiros podem dar lugar a uma especulação exagerada, e a bolha em torno do mesmo pode rebentar de forma repentina)
  • Falta de liquidez (Alguns ativos/instrumentos financeiros que sobem de forma muito rápida, podem posteriormente não dar para vender, e o investidor fica com a sua posição “presa/encalhada” no mercado).
  • Demasiada exposição a ativos de risco (o sentimento de euforia pode levar os investidores a colocar muito do seu capital em ativos de risco, e uma reversão inesperada poderá levar a perdas significativas).

Cuidados para minimizar riscos no Bull Market

  • Diversificação do Portfólio (O investidor deve evitar ou não (depende do seu perfil de investidor) concentrar todo o seu capital num ativo ou num único setor, incluindo assim ativos de diferentes setores, regiões geográficas e classes de ativos)
  • Definir o “Stop-Gain” (o investidor deve estabelecer metas claras para realizar lucros ao atingir determinados níveis de valorização na sua carteira de investimentos, para assim proteger ganhos)
  • Definir “Stop- Loss” (Configurar um “Stop-Loss”, evita perdas excessivas em caso de como já disse aqui anteriormente, uma reversão que não se espera de modo algum
  • Evitar alavancagem em excesso (não usar alavancagem de forma descontrolada, evitando assim rebentar com o saldo da conta, ou ver-lhe ser ativada a “Margin Call” ou “Chamada de Margem”, podendo levar a que o seu broker feche as suas posições de forma automática se não der garantias ao mesmo, daí que devemos manter uma margem de segurança caso o mercado tome outro rumo que o investidor não tenha equacionado).

Conclusão

Um Bull Market é uma fase de grande otimismo e oportunidades nos mercados financeiros, marcada por um movimento sustentado de alta nos preços dos ativos/instrumentos financeiros. Este mesmo mercado reflete a confiança dos investidores numa economia em expansão e com lucros corporativos crescentes. Contudo, assim como oferece oportunidades significativas de ganho, também exige cautela para evitar armadilhas como a especulação excessiva e bolhas financeiras.

Para aproveitar ao máximo um “Bull Market”, é essencial adotar estratégias disciplinadas, como diversificação, realização de lucros e gestão de riscos, enquanto se mantém atento a sinais de exaustão ou reversão. Assim, é possível lucrar com a tendência de alta enquanto se protege de possíveis correções abruptas. Em última análise, o sucesso depende de equilibrar otimismo e prudência em cada decisão de investimento.

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