Como funcionam os fundos de investimento?
Como funcionam os fundos de investimento? Os fundos de investimento são, muito provavelmente, a ferramenta financeira que mais cresceu na última década, atraindo cada vez mais empresários em todo o mundo. Afinal de contas, são uma forma simples, fácil e rápida de investir o seu dinheiro, sem ter que conhecer a fundo o mercado, o que acaba por ser um entrave em muitos outros instrumentos do meso género.
No entanto, para quem não está por dentro desta sector, os fundos de investimento podem levantar mais questões do que respostas. Afinal de contas, o jargão técnico é vasto e existem muitos conceitos que, à primeira vista, podem parecer demasiado complexos e complicados de entender. Contudo, esta é uma das ferramentas financeiras mais simples que existe neste sector, como terá oportunidade de descobrir nas linhas seguintes.
O que é um fundo de investimento?
Comecemos então pelo mais básico: do que se trata quando falamos em fundos de investimento? De uma forma muito básica podemos definir um fundo de investimento como um instrumento financeiro que consiste numa carteira de activos, que podem ser de várias natureza, e que é gerido por um gestor especializado.
Podemos traçar um paralelo com um exemplo prático muito simples. Imagine o seu prédio onde vive e o condomínio que o gere. Cada condómino adquire um apartamento e, mensalmente, paga uma renda que serve para pagar as despesas correntes mensais e seguir algumas regras pré-estabelecidas. Um fundo de investimento funciona exatamente da mesma forma. Existe um portfolio de activos que cada investidor subscreve uma quota e sobre a qual paga uma renda mensal, para que o respectivo gestor fala o seu trabalho, de acordo com a estratégia definida.
Em Portugal, os fundos de investimento são regulados pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e apenas as entidades certificadas podem gerir os fundos, como é o caso de instituições financeiras, seguradoras ou sociedades de gestão de fundos. Apesar de ser um instrumento financeiro com riscos associados, isto garante a segurança e a credibilidade do fundo perante o investidor, zelando pelos seus direitos.
Como funcionam os fundos de investimento?
Apesar de um fundo de investimento poder ser composto por activos de diferentes natureza, são um dos instrumentos financeiros mais simples que existem no mercado, o que explica de certa forma a sua popularidade. O mais importante é mesmo escolher um gestor com experiência e know how acumulado suficiente, de forma a delinear uma estratégia de sucesso, fazendo com que o investidor não tenha que se preocupar com mais nada.
O fundo de investimento pode deter activos tão diferentes quanto ações, obrigações ou matérias-primas, por exemplo. Além disso, pode deter acções de mais de 50 empresas, nacionais e internacionais, em simultâneo. No entanto, o que interessa não é tanto a composição do fundo, mas antes a evolução do valor dos activos que o compõem. Se todos subirem ao mesmo tempo, a rentabilidade do investidor é de uma liquidez imensa; se todos baixarem em simultâneo, terá certamente despesa; e se umas subirem e outras descerem – que é o mais provável que aconteça – tudo depende no equilibrou entre os lucros e as perdas.
É precisamente aqui que está o segredo do sucesso de um fundo de investimento. A combinação do valor dos activos é o que irá fazer viajar o valor de cada unidade de participação do investidor, calculado pela seguinte forma: o valor total do património que compõe o fundo a dividir pelo número de unidades de participação do mesmo.
Seguidamente, encontrareis todo o que precisais saber sobre como funcionam os fundos de investimento. Quando um investidor ou participante adquire ações de uma empresa de gestão de fundos de investimento passa a integrar o capital do fundo, podendo investir em diferentes activos, dependendo da política de investimento do fundo.
O património do Fundo é o conjunto de activos (investimentos) e passivos (normalmente formados pelos gastos correspondentes). A carteira de um fundo de inversão é o conjunto de activos financeiros em que se investe.
Quando os investidores compram uma parte de um fundo compram uma parte do mesmo. Todos os dias é valorizado património do fundo em função da evolução dos seus activos e passivos, uma vez vendido ou dissolvido calcula-se o valor liquido.
Estando em funcionamento um fundo de investimento este pode aumentar ou diminuir por duas razões. Devido à entrada ou saída de participações ou devido às variações do valor de mercado dos activos que o compõe. A primeira razão da variação do fundo, não irá afectar o nosso investimento, o que irá fazer variar o preço das nossas acções, subindo ou baixando as mesmas será o numero de subscrições ou reembolsos. A variação do valor de mercado dos activos que compõem o fundo são as que determinam os resultados positivos ou negativos do fundo.
Se a carteira do fundo de investimento esta formada por títulos que pagam os dividendos, ou cupões, estes são revertidos no fundo, e o investimento obtém assim a rentabilidade quando os vende aos seus subscritores.
Exemplo de como funcionam os fundos de investimento
A seguir, vamos a expor um exemplo do funcionamiento dos fundos de investimento:
Suponhamos que o valor da participação inicial de um fundo de investimento é de 100 euros. Cada investidor detém 500 participações e temos 100 membros. O numero total de participantes do fundo é de 50.000 ( 500 participações x 100 participantes ).
500 participantes x 100 participações x 100 euros = 5.000.000
Suponhamos um valor patrimonial liquido (impostos de taxa deduzido , o fundo teria a sua evolução da seguinte forma.
Dia |
Património (Início dia) A |
Mais – Valia B |
Património (fim do dia) C= A+B |
Participações em circulação E |
Valor patrimonial liquido C/E |
0 | 500.000 € | ——– | 500.000 € | 5.000 | 100,00€ |
1 | 500.000 € | 1.000 | 501.000 € | 5.000 | 100,20€ |
2 | 501.000 € | 2.560 | 502.560 € | 5.000 | 100,71€ |
3 | 503.560 € | -1.200 | 502.360 € | 5.000 | 100,47€ |
4 | 502.300 € | 2.010 | 504.370 € | 5.000 | 100,87€ |
Até agora, vimos a evolução do património do fundo de investimento que se sucedeu exclusivamente a variação do valor dos activos que formam a sua carteira. Continuando, observamos um exemplo de como varia um fundo de investimento com a entrada e saida de novos subscritores.
Como é que a entrada e saída de participantes afecta um fundo?
Se um investidor decide entrar e formar parte do fundo de investimento no dia 5, com uma quantidade de 6000€. No momento do investimento é desconhecido o numero de participações de compra e para se conhecer o numero de participações adquiridas é necessário esperar até ao final do dia para que se saiba o valor liquido do fundo, pois este não está ” fechado ” até que os mercados fechem, tendo em conta a hora de fecho ( hora a partir da qual uma aplicação se dá como realizada ao dia seguinte ).
Na continuação calculamos o valor liquido ao final do 5 dia, para conhecer quantas participações compra o investidor, e quantas participações tem agora o fundo. Consideramos um capital ganho de 800.
Dia |
Património (Início dia) A |
Mais – Valia B |
Património (fim do dia) C= A+B |
Participações em circulação E |
Valor patrimonial liquido C/E |
0 | 500.000€ | ——– | 500.000€ | 5.000 | 100,00€ |
1 | 500.000€ | 1.000€ | 501.000€ | 5.000 | 100,20€ |
2 | 501.000€ | 2.560€ | 503.560€ | 5.000 | 100,71€ |
3 | 503.560€ | -1.200€ | 502.360€ | 5.000 | 100,47€ |
4 | 502.360€ | 2.010€ | 504.370€ | 5.000 | 100,87€ |
5 | 504.370€ | 800 € | 505.170 € | 5.000 € | 101.03 € |
O valor patrimonial liquido é de 101,03€, pelo que investindo 6.000€ vai adquirir:
- 6.000€/101,03€/participação = 59,39 participações
Deixando a tabela anterior da seguinte forma:
Dia |
Património (Início dia) A |
Mais – Valia B |
Património (fim do dia) C= A+B |
Participações em circulação E |
Valor patrimonial liquido C/E |
0 | 500.000€ | ——– | 500.000€ | 5.000 | 100,00€ |
1 | 500.000€ | 1.000€ | 501.000€ | 5.000 | 100,20€ |
2 | 501.000€ | 2.560€ | 503.560€ | 5.000 | 100,71€ |
3 | 503.560€ | -1.200€ | 502.360€ | 5.000 | 100,47€ |
4 | 502.360€ | 2.010€ | 504.370€ | 5.000 | 100,87€ |
5 | 504.370€ | 800 € | 511.170 € | 5.059,39 € | 101.03 € |
O património final do dia 5 é a soma do património inicial (504.370€) mais as mais-valias (800€) e o investimento realizado pelo novo participante (6.000€). Ao número de ações em circulação no dia 4 acrescentamos as participações do novo investidor (59,39).
Agora vamos ver como afeta um reembolso. Se um investidor (qualquer um deles, independentemente da idade do seu investimento) quiser retirar 12.000€ no dia 6, devemos igualmente esperar até ao final do dia para saber quantas participações está a retirar. Por conseguinte, o valor líquido do fundo de investimento será calculado em primeiro lugar no final do dia 6:
Valor patrimonial liquido = (511.179 – 3.200)/5.059,39 = 100,40€
O valor patrimonial liquido é de 100,40€, pelo que reembolsando 12.000€ vai vender:
- 12.000€/100,40€/participação = 119,52 participações
Com o reembolso de 12.000€, o investidor vendeu 119,952 ações e o património do fundo de investimento foi reduzido em 12.000€.
Dia |
Património (Início dia) A |
Mais – Valia B |
Património (fim do dia) C= A+B |
Participações em circulação E |
Valor patrimonial liquido C/E |
0 | 500.000€ | ——– | 500.000€ | 5.000 | 100,00€ |
1 | 500.000€ | 1.000€ | 501.000€ | 5.000 | 100,20€ |
2 | 501.000€ | 2.560€ | 503.560€ | 5.000 | 100,71€ |
3 | 503.560€ | -1.200€ | 502.360€ | 5.000 | 100,47€ |
4 | 502.360€ | 2.010€ | 504.370€ | 5.000 | 100,87€ |
5 | 504.370€ | 800 € | 511.170€ | 5.059,39 | 101,03€ |
6 | 511.170€ | -3.200€ | 495.970 € | 4.939,87 € | 100.40 € |
Com este exemplo, pudemos ver a evolução de um fundo de investimento e como são produzidas as variações do seu património, tanto por variação da valorização de actos como por subscrição ou reembolso dos seus participantes.
Vantagens e desvantagens dos fundos de investimento
Como qualquer instrumento financeiro, os fundos de investimento também comportam riscos. Afinal de contas, não estamos a falar de uma ciência exacta. O objectivo passa precisamente por mitigar os riscos associados e maximizar os lucros. Assim, os fundos de investimento acabam por ter uma maior adesão porque têm várias vantagens directamente relacionadas.
O principal benefício de um fundo de investimento é a diversificação que possibilita ao investidor. Como o fundo pode ser composto por diferentes tipos de activos, o investidor minimiza o risco associado a um activo específico, garantindo uma maior estabilidade. Outra das vantagens é o montante de investimento, que pode ser reduzido. Claro que, quanto maior for o capital investido, maior é a liquidez possível. Finalmente, mas não menos importante, a terceira grande vantagem de um fundo é o facto de ser administrado por um gestor especializado e com largo conhecimento e experiência de mercado, além de se guiar por regras bem estabelecidas pela política do fundo e do mercado nacional.
Em contrapartida, os riscos de investir num fundo de investimento estão sempre relacionados com os riscos do próprio mercado. Existem vários factores externos que não são controláveis, que podem levar a flutuações de valor dos activos, e, claro, resultar em perdas para os empresários. Como não é possível controlar esta parte, o truque passa sempre por investir com moderação e nunca gastar acima das suas possibilidades, de forma a nas se endividar em caso de perda total do montante gasto.
Bom dia,
gostaria de saber se para se subscrever um fundo de investimento num banco, é necessário ter conta à ordem, nesse mesmo banco.
Obrigada.
Com os melhores cumprimentos,
Ana Rita António