Investir no Brasil morando em Portugal: ações, ETFs e fundos

Brasil, a maior economia da América Latina, é um destino chave para quem procura diversificação em mercados emergentes. Este artigo analisa as oportunidades de investimento no país através de fundos, ações e ETFs disponíveis neste mercado dinâmico.

Panorama económico do Brasil: fundamentos, desafios e oportunidades

O Brasil, um dos países com maior extensão geográfica do mundo, destaca-se pela sua abundância de recursos naturais, pela robustez do seu setor industrial e pela relevância do setor dos serviços, fatores que o tornam num gigante com elevado potencial de crescimento.

Enquanto membro dos BRICS, investir no Brasil significa apostar numa das principais economias em desenvolvimento.

Apesar da volatilidade recente, a economia brasileira cresceu 3,4% em 2024, impulsionada pelo consumo interno e por estímulos fiscais. No entanto, este crescimento foi acompanhado por um aumento do défice orçamental e de uma dívida pública crescente, o que gerou preocupação entre os investidores.

A inflação continua a representar um desafio, e o Banco Central do Brasil mantém as taxas de juro em níveis elevados como forma de a conter.

Do ponto de vista macroeconómico, o país enfrentou desafios em 2024, com o índice Ibovespa a registar uma queda de 17,8% em dólares, impactado pela incerteza fiscal e pelas taxas de juro elevadas. Ainda assim, o Brasil continua a apresentar oportunidades para investidores de longo prazo, especialmente em setores como energias renováveis, infraestruturas e comércio a retalho.

Uma visão geral da economia Brasileira

Desde a sua independência em 1822, o Brasil passou por períodos de prosperidade e crise. No século XX, beneficiou de um crescimento económico sustentado, impulsionado pela industrialização e expansão agrícola. No entanto, as décadas de 1980 e 1990 foram marcadas por uma inflação elevada e por crises da dívida externa.

A partir dos anos 2000, registou-se uma fase de crescimento, apoiada pelo aumento das exportações, em particular de matérias-primas. Contudo, nos últimos anos, o país enfrentou desafios políticos e económicos, mantendo-se, apesar disso, como um ator relevante na economia global.

Atualmente, o Brasil lidera a América Latina em termos de PIB. E embora, em 2024, o mercado antecipasse o início de um ciclo de cortes nas taxas de juro pelo Banco Central, fator que poderia impulsionar a economia à medida que a inflação abranda, esta continua a ser uma preocupação. Adicionalmente, o aumento da despesa pública tem contribuído para um défice orçamental crescente, que ultrapassa os 9,5% do PIB.

Ainda assim, o gigante sul-americano mantém-se como uma economia atrativa para investimento, com destaque para setores como as energias renováveis, a infraestrutura e o retalho, que contam com projetos de investimento relevantes em curso.

Por que investir no Brasil?

Antecipação eleitoral e o seu impacto nos mercados brasileiros

À medida que o Brasil se aproxima das eleições presidenciais de 2026, os investidores começam a ajustar as suas estratégias — um fenómeno que tende a ocorrer com até um ano de antecedência.

Historicamente, o período pré-eleitoral é um dos mais ativos para os mercados, com uma valorização média de cerca de 50% nas ações, sobretudo quando o governo pertence ao Partido dos Trabalhadores (PT) e se enfrenta a um candidato da direita. Apesar da incerteza política poder gerar maior volatilidade, as atuais avaliações do mercado brasileiro mantêm-se atrativas.

Os investidores devem acompanhar de perto a evolução política e económica, uma vez que um eventual ajustamento na política monetária do Banco Central do Brasil poderá também influenciar as perspetivas de mercado. Assim, apesar da volatilidade, as oportunidades para 2025 continuam promissoras.

Setores-chave na economia brasileira

O Brasil, com o seu vasto território e abundantes recursos naturais, possui uma economia diversificada, que abrange atividades dos setores primário, secundário e terciário.

No setor primário, a agricultura continua a ser um pilar essencial. O país é o maior produtor mundial de café e ocupa posições de destaque nas exportações de soja, cana-de-açúcar, citrinos e carne. A indústria mineira também assume um papel estratégico, com grandes reservas de ferro, carvão, ouro e petróleo.

A indústria brasileira é a segunda maior do continente americano, apenas atrás dos Estados Unidos. A produção de automóveis, maquinaria, produtos químicos e aço lidera este segmento, juntamente com o desenvolvimento de energias renováveis, em especial a energia hidroelétrica.

Por fim, o setor dos serviços representa mais de dois terços do emprego no Brasil. Comércio, turismo, transportes, finanças e telecomunicações são atividades fundamentais que impulsionam o crescimento económico do país — em estreita articulação com os seus recursos naturais.

Bolsa do Brasil

A principal bolsa de valores do Brasil é a B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), resultante da fusão entre a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e outras entidades do setor financeiro.

A fusão foi concretizada em 2008, consolidando a B3 como a principal plataforma de negociação de ativos financeiros no país.

Quem são os seus acionistas?

• 41% Itaú Unibanco
• 23% BTG Pactual
• 14% Grupo Santander Brasil
• 22% Outros acionistas

Principal índice da Bolsa do Brasil

O índice Bovespa (IBOV), também conhecido como Ibovespa, é o principal indicador da antiga Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), atualmente B3. Criado em 1968, tem como objetivo medir o desempenho das ações mais líquidas e representativas do mercado acionista brasileiro.

Ao longo da sua trajetória, foi ajustado para refletir de forma mais precisa o comportamento económico do país. A B3, entidade que gere o índice, também administra toda a negociação de valores mobiliários no Brasil, sendo o principal referencial do mercado financeiro nacional.

Atualmente, o índice inclui cerca de 90 das maiores empresas brasileiras.

Entre os seus componentes encontram-se empresas como:

• Petrobras (PETR3, PETR4)
• Itaú Unibanco (ITUB4)
• Bradesco (BBDC3, BBDC4)
• Vale (VALE3)
• Ambev (ABEV3)
• Magazine Luiza (MGLU3)
• Banco do Brasil (BBAS3)
• Suzano (SUZB3)
• Lojas Renner (LREN3)
• Eletrobras (ELET3, ELET6)

Distribuição sectorial do índice Bovespa:

Outros índices da bolsa brasileira

Tal como acontece noutras bolsas internacionais, a B3 disponibiliza vários índices de referência. Entre os mais relevantes estão:

• MSCI Brazil – desenvolvido para medir o desempenho das empresas brasileiras de grande e média capitalização, composto por 47 ações que representam cerca de 85% da capitalização do mercado brasileiro.
• FTSE Brazil – reflete o desempenho das empresas brasileiras de grande e média dimensão, com um limite de ponderação trimestral para evitar uma concentração excessiva num único título.

Como investir no Brasil?

Existem várias formas de ganhar exposição direta ao Brasil no seu portefólio. Se já investe em índices globais como o MSCI Emerging Markets ou o MSCI ACWI, uma pequena parte da sua carteira já está alocada ao mercado brasileiro.

Se, no entanto, pretende uma abordagem mais direcionada e sob o seu controlo, tem três opções principais ao seu dispor:

• Ações de empresas brasileiras, incluindo multinacionais;
• Fundos de investimento especializados na região;
• ETFs (fundos cotados) com foco no Brasil — alguns são até setoriais.

Leia ainda ➡️ Quais são os índices MSCI?

Melhores ações para investir no Brasil

Investir diretamente em empresas que integram o índice Bovespa é a forma que proporciona maior controlo. O índice inclui várias empresas multinacionais, como a Petrobras, entre outras que podem ser de interesse.

Aqui estão algumas das empresas com maior capitalização bolsista que vale a pena destacar:

Empresa	Setor
NU HOLDINGS	Finanças
VALE ON	Materiais
PETROBRAS PN	Energia
ITAÚ UNIBANCO	Finanças
PETROBRAS ON	Energia
WEG ON	Indústria
BANCO BRADESCO PN	Finanças
B3	Finanças
ITAÚSA PN	Finanças
AMBEV ON (NEW)	Bens de consumo básico

Uma das vantagens de investir diretamente no mercado acionista brasileiro é o controlo total sobre as empresas e os montantes que decide alocar a cada uma.

No entanto, como desvantagem, irá necessitar de uma corretora que ofereça acesso à B3 (Bovespa), a bolsa de valores brasileira. Além disso, pode ser mais difícil garantir uma diversificação adequada com investimentos individuais.

Petrobras ON

A Petrobras dedica-se à exploração, extração, refinação e comercialização de petróleo e gás natural, tanto no Brasil como nos mercados internacionais. Opera também no transporte e distribuição de combustíveis, produção de biocombustíveis e geração de energia (gás e eletricidade).

Indicadores financeiros atuais:

• PER: 5,67
• Preço / Valor contabilístico: 1,22
• Dívida / Capital próprio: 81,55%
• Rentabilidade dos capitais próprios (ROE): 2,76%
• Dividend yield: 18,73%

Embraer ON (EMBR3)

A Embraer é um dos principais fabricantes de aeronaves do mundo, especializada em aviões comerciais com capacidade entre 70 e 130 lugares. Atua nos segmentos de aviação comercial, executiva, e defesa e segurança, oferecendo soluções integradas.

Além da produção de aeronaves, presta serviços de manutenção e leasing, e colabora no fabrico de componentes para helicópteros. A sua diversificação permite-lhe liderar o mercado regional e expandir-se em várias áreas da indústria aeroespacial.

Indicadores financeiros atuais:

• PER: 16,84
• Preço / Valor contabilístico: 2,46
• Dívida / Capital próprio: 80,78%
• Rentabilidade dos capitais próprios (ROE): 16,43%

Melhores ETFs para investir no Brasil

Os ETFs que investem no Brasil acompanham o índice MSCI Brazil, que inclui as principais empresas brasileiras cotadas na B3, ponderadas por capitalização bolsista.

Estes ETFs permitem aos investidores aceder a setores-chave da economia brasileira, como energia, banca e recursos naturais.

iShares MSCI Brazil UCITS ETF (DE)

• ISIN: DE000A0Q4R85
• TER: 0,31%
• Ticker: 4BRZ
• Rentabilidade a 1 ano: -14,90%
• Rentabilidade anualizada a 3 anos: 2,92%
• Benchmark: MSCI Brazil NR USD

Xtrackers MSCI Brazil UCITS ETF

• ISIN: LU0292109344
• TER: 0,25%
• Ticker: XMBR
• Rentabilidade a 1 ano: -14,80%
• Rentabilidade anualizada a 3 anos: 2,76%
• Benchmark: MSCI Brazil NR USD

Amundi MSCI Brazil UCITS ETF

• ISIN: LU1900066207
• TER: 0,65%
• Ticker: LBRA
• Rentabilidade a 1 ano: -15,00%
• Rentabilidade anualizada a 3 anos: 2,85%
• Benchmark: MSCI Brazil NR USD

O índice MSCI Brazil foi concebido para medir o desempenho dos segmentos de grande e média capitalização do mercado brasileiro. Com 49 componentes, representa aproximadamente 85% do universo acionista do Brasil.

iShares MSCI Brazil UCITS ETF (DE)

Este ETF replica o índice MSCI Brazil, que inclui empresas brasileiras de grande e média capitalização.

• ISIN: DE000A0Q4R85
• Ticker: 4BRZ
• TER: 0,31% anual

O iShares MSCI Brazil UCITS ETF (DE) replica a rentabilidade do índice MSCI Brazil através de replicação física completa, investindo em todos os componentes do índice. Os dividendos gerados são acumulados e reinvestidos no próprio ETF. Este é um dos maiores fundos cotados do seu segmento, com 2.153 milhões de euros em ativos sob gestão, tendo sido lançado a 24 de outubro de 2018. Está domiciliado na Alemanha.

Rentabilidade

• 1 ano: -13,98%
• 3 anos: 8,15%
• 5 anos: -6,09%

Comportamento do iShares MSCI Brazil UCITS ETF (DE)

Exposição do ETF

Este fundo cotado é composto exclusivamente por empresas brasileiras. A sua composição, com referência a 25 de fevereiro de 2025, é a seguinte:

Distribuição setorial

Xtrackers MSCI Brazil UCITS ETF

Este fundo cotado segue o índice MSCI Brazil, que inclui as maiores e mais líquidas ações brasileiras.

Dados principais:

• ISIN: LU0292109344
• Ticker: XMBR
• TER (comissão de gestão anual): 0,25%

O Xtrackers MSCI Brazil UCITS ETF replica a rentabilidade do índice MSCI Brazil através de replicação física completa, investindo diretamente em todos os componentes do índice. Os dividendos são acumulados e reinvestidos no próprio ETF.

Este fundo cotado conta com:

4. Ativos sob gestão: 70 milhões de euros
5. Data de lançamento: 22 de junho de 2007
6. Domicílio: Luxemburgo
7. Tipo de réplica: física (completa)
8. Dividendos: acumulados e reinvestidos

Comportamento do Xtrackers MSCI Brazil UCITS ETF

Exposição do ETF

Este fundo cotado é composto exclusivamente por empresas brasileiras.

Distribuição setorial do Xtrackers MSCI Brazil UCITS ETF

Rentabilidade do Xtrackers MSCI Brazil UCITS ETF

• 1 ano (25/02/2025): -13,84%
• 3 anos: 7,67%
• 5 anos: -6,32%

Amundi MSCI Brazil UCITS ETF

Este fundo cotado acompanha o índice MSCI Brazil, que inclui as maiores e mais líquidas ações brasileiras.

Dados principais:

• ISIN: LU1900066207
• Ticker: LBRA
• TER (comissão de gestão anual): 0,65%

O Amundi MSCI Brazil UCITS ETF replica a rentabilidade do índice MSCI Brazil de forma sintética, através de swap. Os dividendos gerados são acumulados e reinvestidos no próprio ETF.

• Ativos sob gestão: 176 milhões de euros
• Data de lançamento: 24 de janeiro de 2007
• Domicílio: Luxemburgo
• Tipo de réplica: sintética (swap)
• Dividendos: acumulados e reinvestidos

Comportamento do Amundi MSCI Brazil UCITS ETF

Exposição do ETF

Este fundo cotado é composto exclusivamente por empresas brasileiras. Composição a 30 de julho de 2025:

Distribuição setorial do Amundi MSCI Brazil UCITS ETF

Rentabilidade do Amundi MSCI Brazil UCITS ETF

• 1 ano (25/02/2025): -14,35%
• 3 anos: 7,27%
• 5 anos: -10,87%

Melhores Fundos de Investimento para investir no Brasil

Estes são alguns dos fundos mais relevantes com exposição ao mercado brasileiro:

• Bradesco Global Funds Brazilian Equities Mid Small Caps R EUR
  • ISIN: LU0670732584
  • Entidade gestora: Bradesco Asset Management
  • Comissão de gestão: 1,000%
  • Rentabilidade anualizada a 3 anos: -12,59%
• DWS Invest Brazilian Equities LC
  • ISIN: LU0616856935
  • Entidade gestora: DWS Investment S.A.
  • Comissão de gestão: 1,750%
  • Rentabilidade anualizada a 3 anos: -1,61%

Bradesco Global Funds Brazilian Equities Mid Small Caps R EUR

O objetivo do subfundo é alcançar uma rentabilidade superior no médio e longo prazo, investindo principalmente em empresas brasileiras de pequena e média capitalização, fora das 25 principais posições do Índice Bursátil Brasileiro – IBrX.

Até 15% dos ativos líquidos (excluindo liquidez) podem ser investidos em empresas com maior liquidez, desde que não estejam entre as 10 principais do IBrX.

A estratégia baseia-se na seleção de empresas com elevado potencial de crescimento, boa estratégia empresarial, um enquadramento macroeconómico favorável e equipas de gestão de qualidade.

Evolução histórica (últimos 5 anos):

Composição do fundo:

Distribuição setorial

Alocação de ativos – com forte foco em rendimento variável (ações):

Principais rácios e indicadores

Rácios a 12 meses:

• Alpha: -14,19
• Beta: 1,13
• Sharpe Ratio: -1,52
• Volatilidade: 21,11

Rácios a 3 anos:

• Alpha: -17,56
• Beta: 1,10
• Sharpe Ratio: -0,41

Rácios a 5 anos:

• Alpha: -13,50
• Beta: 1,00
• Sharpe Ratio: -0,31

DWS Invest Brazilian Equities LC

O fundo DWS Invest – Brazilian Equities investe pelo menos 70% do seu capital em ações de empresas brasileiras de grande, média e pequena capitalização, com foco naquelas que se espera tenham uma boa posição no mercado e perspetivas positivas para o futuro.

Evolução nos últimos 5 anos:

Composição do fundo

Estas são as principais posições:

Distribuição sectorial

Quanto à alocação de ativos — ou seja, à forma como o investimento está distribuído — o fundo está centrado em rendimento variável (ações).

Principais rácios e indicadores

Rácios a 12 meses:

• Alpha: -1,98
• Beta: 1,20
• Rácio de Sharpe: -1,02
• Volatilidade: 21,02

Rácios a 3 anos:

• Alpha: -4,68
• Beta: 1,05
• Rácio de Sharpe: 0,02

Rácios a 5 anos:

• Alpha: -1,41
• Beta: 0,99
• Rácio de Sharpe: 0,04

Investir no Brasil segundo a opinião da Rankia

O Brasil apresenta diversas oportunidades para investidores internacionais, especialmente em setores estratégicos como energia, infraestruturas e turismo.

A economia brasileira é atualmente diversificada e resiliente, com um nível crescente de investimento estrangeiro direto e uma taxa de desemprego historicamente baixa. Adicionalmente, a reforma fiscal em curso poderá beneficiar as empresas, sendo os incentivos fiscais um atrativo adicional para o investimento.

Contudo, há desafios significativos a considerar. A ausência de infraestruturas modernas em setores como transporte e energia continua a ser um entrave. Acresce a necessidade de um desenvolvimento sustentável e a transição para uma economia descarbonizada, que representam desafios de longo prazo.

A volatilidade dos mercados, a inflação, o aumento do défice fiscal e a elevada dívida pública também acrescentam incerteza ao cenário económico. Embora o Brasil continue a ser um mercado com potencial de investimento, sobretudo para perfis dispostos a assumir maior risco, é essencial estar preparado para lidar com a sua instabilidade.

Vantagens e desvantagens de investir no Brasil