Como investir em energias renováveis?
As energias renováveis são um tipo de energia que deriva de fontes naturais e inesgotáveis.
Ao contrário das energias não renováveis, ou seja, aquelas que se obtêm através de
combustíveis fósseis, estas não são poluentes e respeitam o meio ambiente.
Entre os tipos de energias renováveis existem várias tecnologias usadas na produção de energia, as mais relevantes são:
- Solar
- Eólica (onshore/offshore)
- Hidráulica
- Biomassa
- A eletrólise (produção de hidrogénio).
Além disso, as empresas dentro deste setor não estão apenas a investir na produção de energia, mas também no armazenamento através de baterias, chave para tornar possível a transição energética e o abastecimento mundial de energia.
Capacidade mundial instalada de energia eólica e solar | Fonte:Bernstein
De seguida, vamos aprofundar mais sobre os motivos.
Este artigo não deve ser considerado aconselhamento de investimento. É meramente informativo e educacional.
Porque investir em energias renováveis?
A nossa economia baseada no carbono é insustentável. Os combustíveis fósseis são finitos e a sua volatilidade aumenta com as incertezas. Em consequência, apostar nas energias renováveis, é uma forma de investir em matérias-primas que procura obter uma alternativa menos prejudicial, mais estável e sustentável.
Investir em energia renovável é uma oportunidade económica e é uma decisão que os investidores de todo o mundo têm vindo a tomar cada vez mais durante esta última década.
A pesar de que as tendências de investimento são geralmente positivas, precisamos investir muito mais em energias renováveis para poder cumprir com os objetivos de desenvolvimento sustentável. Além disso, os esforços que estão a ser implementados para conter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC implicam que os investimentos governamentais se vão centrar na criação de infraestruturas eficientes e fontes renováveis.
Alguns motivos
- Alta procura e crescimento do investimento no setor.
- Empresas dentro do setor petrolífero, Utilities Integradas e fundos de infraestruturas estão atualmente a pagar múltiplos muito elevados por projetos renováveis.
- Redução de custos.
- O preço dos principais componentes para painéis solares está a reduzir-se, somado a uma redução dos custos de transporte marítimo.
- PPAs a l/p assinados a preços mais elevados.
- Cenário positivo para as receitas, já que estão a ser assinados acordos de venda de energia a prazo (PPAs) a preços muito superiores aos de há 2-3 anos, tanto para perfis de energia solar como eólica. Isto deverá repercutir-se de forma positiva nas margens das empresas, já que independentemente do que façam os preços da energia a curto/médio prazo, estes contratos são a 10-15 anos a um preço fixo.
Evolução dos preços da energia eólica e solar na Europa | Fonte: Bernstein
O S&P Global Clean Energy é o índice de referência ESG mais grande atualmente.
O seu maior peso está nos Estados Unidos e na Europa, mas também com menos influência na América do Sul e na Ásia Emergente.
O S&P Global Clean Energy proporciona exposição transacionável e líquida a empresas de todo o mundo que estão envolvidas em indústrias relacionadas com energia limpa.
Ainda assim, espera-se que este setor se recupere dadas as medidas que a União Europeia está a tomar para combater as alterações climáticas nos próximos anos. Alguns exemplos são o Pacto Verde Europeu para 2050 ou o Plano REPowerEU.
Além disso, é de especial importância ter em conta a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, ainda vigente nos dias de hoje, que provocou uma tendência de alta no preço do gás, embora o seu impacto tenha sido posteriormente mitigado. Este facto incentivou a UE a tomar medidas para começar a produzir estes produtos internamente e deixar de ser tão dependente do exterior.
Como mencionámos anteriormente, as energias renováveis classificam-se em diferentes tipos.
Como investir em energias renováveis?
Na hora de investir em energias renováveis podemos fazê-lo de muitas formas através de diversos veículos de investimento como ações de empresas, fundos de investimento, obrigações verdes ou sociais, fundos indexados ou até mesmo em projetos particulares dentro de uma empresa (exemplo: investindo num projeto fotovoltaico de uma empresa).
Se além de energias renováveis queres saber mais acerca do investimento em sustentabilidade podes ler o nosso artigo:
👉Investimento sustentável: O que é e como funciona? | Ações, fundos e ETFs
No entanto, se queremos obter benefícios cobrindo o binómio rentabilidade-risco, devemos optar pela diversificação e portanto uma das opções mais atrativas para investir em sustentabilidade é através de fundos de investimento ou ETFs.
Os produtos financeiros que podemos encontrar são os seguintes:
- Rendimento variável: ações
- Rendimento fixo: obrigações verdes
- Fundos de investimento sustentáveis
- ETFs
Ações de energias renováveis
Em cada uma destas empresas acreditamos que têm um grande potencial, refletido nos gráficos abaixo:
EPS: Linha vermelha | Cotação: Linha branca
- Iberdrola (Capitalização: 74.510Mn€):
- Atrativa diversificação geográfica e por negócios, com presença em distintas tecnologias e com objetivo de crescimento em redes e energias renováveis (fotovoltaica, eólica onshore/offshore, armazenamento de energia através de baterias e projetos pioneiros na produção de hidrogénio verde). Continua geração de caixa apesar do seu forte investimento em energias renováveis e redes. Sólido crescimento futuro com margem bruta superior a 40%, margem EBITDA superior a 30%.
Evolução do preço e EPS da Iberdrola | Fonte: Bloomberg
- EDP Renováveis (Capitalização:13.158Mn€):
- Líder mundial no setor de energias renováveis e quarto maior produtor de energia eólica. Empresa atrativa pela sua diversificação geográfica (Europa, EUA, Canadá e LATAM) e por tecnologia (fotovoltaica, eólica onshore e offshore, autoconsumo industrial e armazenamento de energia através de baterias). Ativa em rotação de projetos, com sólido crescimento futuro com margem bruta superior a 40%, margem EBITDA superior a 70%.
Evolução dos preços da EDPR e do EPS | Fonte: Bloomberg
- Grenergy (Capitalização: 833Mn€):
- Empresa atrativa pela sua diversificação em tecnologia (fotovoltaica, eólica e armazenamento de energia através de baterias) e regional (Europa, EUA e LATAM) com 15 anos de experiência no setor. Empresa ativa em rotação de projetos, com sólido crescimento futuro, margem bruta superior a 40% e margem EBITDA superior a 30%. Atualmente está a construir o maior projeto de baterias do mundo no Deserto de Atacama (Chile) com uma capacidade de 4,1GWh e 1GW solar.
Evolução da cotação das ações da Grenergy e do BPA | Fonte: Bloomberg
- Greening (Capitalização:170Mn€):
- Empresa líder em soluções de autoconsumo industrial, diversificada geograficamente (Europa, EUA e LATAM) e com um modelo de negócio verticalmente integrado através de 4 divisões:
- Soluções de Autoconsumo
- Geração de energia
- Comercialização
- Produto: fabricação de estruturas para plantas fotovoltaicas. Apesar do seu pouco tempo em bolsa, a empresa já superou a sua previsão de EBITDA para 2023 e espera-se um sólido crescimento futuro com margem bruta superior a 40% e possíveis operações de rotação de ativos para continuar a financiar os seus projetos
- Empresa líder em soluções de autoconsumo industrial, diversificada geograficamente (Europa, EUA e LATAM) e com um modelo de negócio verticalmente integrado através de 4 divisões:
Se estás a pensar em investir em algumas destas ações, deixamos algumas corretoras:
Se queres conhecer mais em detalhe cada um delas podes ver todas as características no nosso artigo: 👉Melhores corretoras online
Greens Bonds
Em segundo lugar, podemos investir em rendimento fixo através das obrigações verdes. Este tipo de investimento é mais conservador e pode ser ideal para complementar a nossa carteira se não quisermos ter um estilo de investimento muito arriscado e quisermos receber juros periodicamente.
O que são as obrigações verdes?
Uma obrigação verde é qualquer tipo de obrigação cujos fundos se destinam a financiar exclusivamente projetos verdes.
Uma obrigação verde é para destinar projetos: energias renováveis, eficiência energética, prevenção e controlo de poluição, transporte limpo, etc.
Estas obrigações podem ser emitidas por instituições tanto públicas como privadas: Telefónica, Iberdrola, Adif, ICO, BBVA, Comunidade de Madrid, Instituto de Crédito Oficial, etc.
Aqui deixo uma captura de ecrã da Bloomberg com as obrigações verdes das principais empresas dentro do setor de utilities e energias renováveis.
Obrigações verdes principais empresas do setor de serviços públicos e energias renováveis | Fonte: Bloomberg
Fundos de investimento em energias renováveis
Também podemos investir em energias renováveis através de fundos de investimento, tanto de gestão ativa como passiva. Atualmente, a gestão ativa ocupa a maior posição, embora a evolução da gestão passiva também tenha vindo a crescer nos últimos anos.
Desde a Rankia queremos apresentar os seguintes fundos que darão à nossa carteira uma exposição de qualidade às energias renováveis:
Fundo | ISIN | TER | Rentabilidade YTD | Rentabilidade anualizada 3 anos |
DNB Fund Renewable Energy | LU0302296149 | 1,50% | -7,55% | -2,97% |
Pictet-Clean Energy Transition | LU0474968459 | 1,99% | 1,98% | 0,66% |
DNB Fund – Renewable Energy Retail
O fundo DNB Fund – Renewable Energy Retail A (EUR) pretende investir em ações que contribuam para melhorar o meio ambiente, investindo em empresas cujos serviços e tecnologias ajudem a reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), através de investimentos em ações de empresas de pequena, média e grande capitalização a nível mundial.
- ISIN: LU0302296149
- Comissão: 1,5%
- Volatilidade: 24,81%
Pictet – Clean Energy Transition
O fundo Pictet-Clean Energy Transition procura alcançar o crescimento do capital através do investimento de pelo menos dois terços do seu património em ações emitidas por empresas de todo o mundo que contribuem para, ou beneficiam da, transição global para uma produção e consumo de energia que gerem menos emissões de CO2.
- ISIN: LU0280435388
- Comissão: 1,99%
- Volatilidade: 24,38%
Pictet Clean Energy Transition vs. MSCI AC World
Fundos indexados de energias renováveis
Na gestão passiva existem também os fundos que seguem os índices alinhados com os Objetivos de Paris. Para isso, um fundo tem que investir em empresas que reduzam emissões com uma média de 7% anual (Acordo de Paris).
A partir de agosto de 2022 os consultores financeiros vão estar obrigados a perguntar aos seus clientes sobre as suas preferências em temas de sustentabilidade.
De seguida deixamos-vos com um fundo:
Fundo Indexado | Índice que replicam | ISIN | TER |
Vanguard ESG Developed Wld All Cap Eq | FTSE Developed All Cap Choice Index | IE00B5456744 | 0.20% |
Vanguard ESG Developed World All Cap Equity Index Fund EUR
Rendimiento Vanguard ESG Developed World All Cap Equity Index Fund EUR Acc
Objetivo de investimento:
Procura replicar o rendimento do TSE Developed Index. É um índice formado por ações de empresas médias e grandes de países desenvolvidos e procura investir parte em valores que formam o índice e cumprem os fatores ambientais, sociais e éticos. A sua gestão dos dividendos é de acumulação.
ETFs
Atualmente existem apenas vários ETFs relacionados com o setor das energias renováveis.
De seguida deixamos uma tabela com algumas das nossas opções favoritas na Rankia:
Nome | ISIN | Ticker | TER | Contratar |
iShares GlobalClean Energy | IE00B1XNHC34 | IQQH | 0,65% | Ver em Scalable Capital |
L&G Clean Energy | IE00BK5BCH80 | RENW | 0,49% | Ver em Scalable Capital |
First Trust NasdaqClean Edge Green | IE00BDBRT036 | QCLN | 0,60% | Ver em Scalable Capital |
Xtrackers MSCI USA ESG UCITS ETF | IE00BFMNPS42 | XZMU | 0.15% | Ver em Scalable Capital |
Se queres investir em algum destes ETFs ou Fundos Indexados, deixamos algumas corretoras:
Oportunidades e riscos ao investir em energias renováveis
Oportunidades
As principais alavancas de crescimento atualmente no setor são a forte regulação em direção a:
- A descarbonização da indústria e independência energética
- Redução de custos de matéria-prima e custos logísticos
- PPAs assinados a preços elevados a longo prazo (10-15 anos)
- Progressiva redução das taxas que reduzirá o custo de financiamento das empresas (estima-se que comece mais cedo na Europa).
Riscos
- O seu principal risco é o chamado “permiting”, ou seja, permissões geralmente ambientais que têm que ser aprovadas pelos municípios regionais para que possam começar a construir e desenvolver os seus projetos
- A incerteza perante a volatilidade dos preços da energia (maior volatilidade nos resultados conforme a exposição a merchant de cada empresa).
No entanto, perante um ambiente de elevada inflação e altas taxas de juro, também será necessário analisar o aumento dos custos dos materiais e custos financeiros das empresas.
Opinião do especialista | Beatriz Pérez
Hoje em dia podemos investir neste setor através de diversos veículos de investimento e até mesmo financiando os próprios projetos das empresas. No entanto, acreditamos que a chave está na diversificação, e por isso acreditamos que a melhor forma de investir neste setor é através de fundos de investimento.
E perguntarão: Por que através de um fundo de investimento em vez de um ETF?
Porque investindo num fundo de investimento, há uma equipa de gestão por trás que pode selecionar as melhores empresas dentro do setor conforme as diferentes situações de mercado. No entanto, se nos indexarmos e investirmos num ETF estaremos a comprar muitas empresas dentro do setor, mas não poderemos agir perante as diferentes situações de mercado ao longo do tempo.
Perante a atual situação de mercado, de altas taxas de juro, volatilidade dos preços energéticos e enfraquecimento macroeconómico, preferiremos optar por aquelas empresas que cumpram os seguintes requisitos:
- Maior visibilidade em receitas: dispor de uma percentagem de ativos operacionais e em construção mais alta que os seus comparáveis e o seu pipeline,
- Menor exposição a Espanha: perante o excesso de capacidade e queda dos preços da eletricidade a 0, e
- Maior cobertura de preços: dispor de uma maior cobertura de preços através de PPAs a longo prazo e uma menor exposição ao mercado livre.
No entanto, o setor está atualmente a sofrer uma tempestade perfeita (volatilidade dos preços energéticos + taxas de juro elevadas). Muitas empresas estão a optar pela rotação de ativos (venda de projetos) para desalavancar e assim poder continuar a financiar os seus projetos. As taxas de juro começarão a baixar mais cedo ou mais tarde e o setor será revalorizado, refletindo-se na cotação o seu enorme potencial de crescimento futuro.
Em conclusão, a oportunidade de investimento em energias renováveis é única, tratando-se de um setor atualmente muito penalizado e a cotar a múltiplos muito atrativos. De facto, temos visto nos últimos meses várias aquisições dentro do setor por vários fundos de infraestruturas, utilities integradas e companhias petrolíferas para cumprir com os seus objetivos de descarbonização.
RANKIA PORTUGAL: Este artigo é meramente informativo e educacional. As informações fornecidas aqui não podem ser consideradas como aconselhamento financeiro ou recomendação de compra / venda.