FOF: o que são os Fundos de Fundos e como funcionam

Quando se trata de investir, existem muitas opções por onde escolher. Uma dessas opções é o investimento num fundo de fundos. Mas, afinal, o que é exatamente um fundo de fundos?
Em termos simples, trata-se de um investimento que consiste na aplicação de capital em vários fundos de investimento. Pode ser uma opção apelativa para investidores que pretendem diversificar o risco entre diferentes investimentos, ou que não dispõem de tempo ou conhecimento para investir directamente em instrumentos financeiros individuais.
O que é um FOF (Fundo de Fundos)?
Um fundo de fundos é um tipo de fundo de investimento que, em vez de investir diretamente em instrumentos como acções ou obrigações, investe noutros fundos, como por exemplo fundos cotados em bolsa (ETF), fundos mobiliários ou fundos de cobertura.
Para que um fundo seja classificado como fundo de fundos, é necessário que mais de 50% do capital disponível seja aplicado noutros fundos. A legislação exige ainda que o fundo invista, no mínimo, em dois fundos distintos, não podendo aplicar mais de 45% do capital num único fundo.
Este tipo de investimento é também conhecido como investimento multi-gestor, dado que o capital pode ser alocado a fundos externos geridos por diferentes entidades gestoras.
A estratégia por detrás de um fundo de fundos passa por diversificar a carteira de investimento, combinando diferentes categorias de fundos numa única estrutura, com o objectivo de reduzir a volatilidade e maximizar o retorno.
Os fundos de fundos surgem precisamente porque é mais simples analisar o desempenho de outros fundos do que acompanhar diretamente um grande número de activos financeiros disponíveis nos mercados. Assim, os gestores centram-se na análise e monitorização de fundos selecionados, sem necessidade de examinar individualmente todos os activos financeiros disponíveis, nacionais ou internacionais.
Por norma, os fundos de fundos integram fundos geridos por outras sociedades gestoras, embora seja igualmente comum encontrarem-se fundos da própria entidade gestora dentro da composição.
Cobertura e Fundo de Garantia dos FOF
No que diz respeito à cobertura, é fundamental distinguir entre a proteção do capital investido e a proteção contra falhas operacionais ou insolvência da sociedade gestora.
Regra geral, os fundos de fundos, tal como outros fundos de investimento, não garantem o capital investido. Isto significa que o valor da aplicação pode variar e, eventualmente, diminuir, consoante o desempenho dos fundos subjacentes.
Contudo, em muitos países, os investidores podem beneficiar de algum nível de proteção através de fundos de garantia de investimentos ou mecanismos semelhantes. Estes fundos de garantia protegem, normalmente, o investidor em caso de insolvência da sociedade gestora, mas não cobrem perdas associadas ao desempenho do mercado.
Ou seja, se o fundo de fundos desvalorizar devido a decisões de investimento, esse risco é totalmente assumido pelo investidor.
A extensão e os limites desta proteção variam consoante a jurisdição. Por exemplo, na União Europeia, a Diretiva relativa aos Sistemas de Garantia de Depósitos prevê um determinado nível de proteção para produtos de investimento, embora com limites e condições específicas.
Necessidades operacionais dos Fundos de Fundos
Do ponto de vista operacional, os fundos de fundos apresentam um grau de complexidade particular.
Gerir uma carteira composta por vários fundos exige supervisão e análise constantes, não apenas dos mercados e sectores envolvidos, mas também das estratégias e desempenhos dos fundos subjacentes. Esta monitorização é essencial para garantir que a composição do fundo de fundos permanece alinhada com os objectivos e o perfil de risco definidos.
Para além disso, é necessário assegurar uma gestão eficiente da liquidez, de forma a satisfazer os pedidos de resgate por parte dos investidores.
Dado que estes fundos investem em outros fundos, devem garantir a disponibilidade de liquidez suficiente para fazer face a eventuais reembolsos — o que pode representar um desafio, sobretudo em períodos de elevada volatilidade ou quando os fundos subjacentes impõem restrições de liquidez.
Vantagens e desvantagens dos FOF
Ao considerar o investimento num fundo de fundos, é essencial realizar uma avaliação cuidada e detalhada. Para tal, importa clarificar as suas principais vantagens e desvantagens:
Vantagens
- Diversificação: A diversificação é uma das regras de ouro de qualquer investidor. Assim, é possível investir em vários fundos e garantir que a carteira de investimento esteja bem distribuída por diferentes activos. Um fundo de fundos permite exatamente isso — com a vantagem de que a sociedade gestora dispõe, em princípio, de ferramentas mais avançadas e profissionais especializados, o que pode traduzir-se em escolhas mais eficientes.
- Acessibilidade: Diversos fundos de investimento exigem um capital mínimo elevado, o que os torna inacessíveis para muitos investidores individuais. Com um fundo de fundos, o investidor pode beneficiar das mesmas condições que estariam habitualmente reservadas a investidores institucionais.
- Poupança em custos de diversificação: Investir separadamente em cada fundo que compõe o fundo de fundos implicaria um custo significativamente mais elevado. Através de um FOF, essa diversificação é alcançada de forma mais económica e prática.
Desvantagens
- Custos associados: Uma desvantagem relevante é o nível mais elevado de comissões. Em comparação com os fundos de investimento tradicionais, os fundos de fundos apresentam, frequentemente, custos de gestão superiores, o que pode impactar negativamente a rentabilidade líquida para o investidor.
- Falta de transparência: Ao investir através de um fundo de fundos, torna-se mais difícil acompanhar detalhadamente os activos subjacentes, o que pode limitar a visibilidade e o controlo sobre a carteira real de investimentos.
- Potencial conflito de interesses e diversificação limitada: Tal como referido anteriormente, os fundos de fundos podem incluir investimentos em fundos geridos pela mesma sociedade gestora, o que poderá representar um conflito de interesses ou comprometer a diversificação. Por isso, é essencial analisar cuidadosamente a composição do fundo antes de investir.
Os fundos de fundos apresentam uma estrutura mais complexa, quer em termos de custos, quer na definição e execução das estratégias de investimento. Embora ofereçam vantagens como a diversificação e o acesso a fundos geralmente reservados a investidores institucionais, também colocam desafios importantes — nomeadamente custos acrescidos e possíveis conflitos de interesse.
Por este motivo, é fundamental não apenas compreender as características específicas deste tipo de fundo, mas também avaliar de forma crítica se estão alinhadas com os seus objectivos e perfil de risco enquanto investidor.
Artigos Relacionados