O que são commodities? Tipos, exemplos e como funcionam

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As commodities, ou matérias-primas, são a base de praticamente todas as economias do mundo, fornecendo os recursos essenciais para a energia, alimentação, construção e indústria. Do petróleo ao trigo, passando pelo ouro e pelo cobre, estes bens físicos têm características próprias que os tornam únicos como ativos de investimento e estratégicos para governos e empresas.

A sua negociação acontece tanto no mercado físico como através de derivados, influenciada por fatores como oferta e procura globais, clima, geopolítica e políticas públicas.

Ao longo deste artigo, exploraremos o que são commodities, como funcionam os seus mercados, as suas principais características e fatores de formação de preços. Abordaremos também a importância destes ativos para a economia e para diferentes perfis de investidores.

O que são commodities e quais as suas características?

Commodities (matérias-primas) são bens físicos que apresentam 3 características principais, sendo elas, a fungibilidade, a padronização/cotação em bolsa e oferta/procura globais.

A fungibilidade remete-nos para que cada unidade é “igual” as restantes, isto é, se pensarmos numa onça de ouro ou num barril de brent, cada um deles tem as suas especificidades padronizadas/standard daí que o comprador centra a sua preocupação no preço e não no produto em específico.

Ora falamos de padronização e faz todo o sentido, pois, estes produtos são negociados em mercados “organizados/regulamentados”, muitos dos quais o investidor já ouviu certamente falar, tais como, CME, ICE, LME, entre outros mercados.

Por último, a oferta e procura a (nível global), são duas variáveis que estão sempre presentes, daí que, como são bens essenciais para uma economia, pois, falamos desde energia, até construção passando ainda pela questão da alimentação, o preço tende a reagir de forma rápida a choques que acontecem a nível climático, geopolítico ou até a nível tecnológico.

Tipos de Commodities

CategoriaExemplos comunsUtilização típica
EnergiaPetróleo Brent/WTI, Gás naturalCombustíveis, Eletricidade
Metais preciososOuro, Prata, Platina, PaládioReserva de valor, Joalharia, Componentes industriais
Metais industriaisCobre, Alumínio, Níquel, ZincoConstrução civil, Fabrico de máquinas
AgrícolasAçúcar, Café, Cacau, AlgodãoAgro-alimentar, têxtil
Cereais e oleaginosasTrigo, Milho, SojaAlimentação humana e animal
PecuáriaGadoIndústria alimentar

Como funciona o mercado de commodities?

Os mercados de commodities dividem-se essencialmente, em mercados físicos (spot) e mercados de derivados. No primeiro compra-se e entrega-se a matéria-prima quase de imediato, enquanto no segundo negoceiam-se contratos que dão direito ou obrigação a comprar/vender a commodity numa data futura, por um preço fixado hoje.

Spot

É importante ter em conta 3 parâmetros/elementos principais, sendo eles, a entrega/logística, o “Benchmark” de preço e a negociação OTC (Over the Counter).

  1. Aquando da entrega/logística, seja em armazéns homologados para tal, oleodutos, silos, navios, entre outros. O sítio de armazenamento deve respeitar duas características muito importantes, que são a qualidade e a confiança na mercadoria que se encontra armazenada.
  2. O “Benchmark” de preço, como o “Brent” no (Petróleo), serve de referência mundial para negociação de derivados.
  3. Na negociação (OTC), onde se encontram grandes produtores e consumidores industriais, estes intervenientes gozam de flexibilidade para ajustar quantidades, calendários de entrega e especificações, algo que a bolsa não permite por serem contratos padronizados.

Derivados

  1. Padronização em bolsa – cada contrato de futuros assenta em 4 qualidades essenciais: qualidade, quantidade, local e data de entrega. Exemplo: 1000 bushels de milho para setembro em Chicago.
  2. Clearing – A câmara de compensação assume a contraparte de todas as transações. As partes depositam margem inicial e as mesmas são ajustadas diariamente, para assim reduzir o risco de incumprimento.
  3. Em termos de liquidação, o contrato no vencimento pode ser liquidado fisicamente (entrega da mercadoria), ser liquidado financeiramente (diferença de preço).
  4. Forwards vs Futuros – Ambos fixam um preço futuro, mas o forward é negociado no mercado (OTC), o futuro é cotado e padronizado.

Formação de preços

Os preços resultam de um leilão contínuo em bolsa, onde ordens de compra e venda fazem o “match”. Como as bolsas agregam informação mundial sobre oferta, procura e expetativas, o preço do contrato futuro converte-se no referencial para transações físicas e para vários instrumentos financeiros (ETC’s, Futuros sobre índices de commodities, entre outros).

Principais intervenientes

PerfilMotivação principalExemplo
Hedgers“Trancar” os preços para proteger as suas margens (reduzir risco).Produtor de trigo que vende futuros; companhia aérea que compra futuros de jet fuel.
Consumidores comerciaisGarantir o fornecimento a um preço fixado.Torrefatora de café que compra futuros de café arábica.
EspeculadoresLucrar com variações de preço; fornecem liquidez ao mercado.Hedge funds, traders particulares.
Market makersOferecem preços bid/ask continuamente; ganham com o spread/margem/swaps.Bancos de investimento.
ArbitragistasExploram discrepâncias entre bolsas, vencimentos ou produtos.Trading house.

A interação entre Hedgers (posições opostas ao risco do negócio) e Especuladores (assumem esse risco em troca de retorno esperado) é crucial para a “eficiência” do mercado.

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Estrutura temporal (Contango e Backwardation)

Contango: Contratos longos mais caros que o spot, refletem custos de armazenagem, seguro e financiamento “cost of carry”

Backwardation: contratos longos mais baratos, é um sinal de procura imediata ou escassez de inventários.

Regulação

Bolsas e câmaras de compensação são supervisionadas por entidades, como por exemplo, a CFTC (USA) e a ESMA (EU). Existem limites de posição, requisitos de reporte e regras de divulgação de stocks para reduzir a manipulação de preços.

Características das commodities

  • Fungibilidade/padronização: cada unidade é igual (ou praticamente igual) às restantes unidades e segue determinadas especificações técnicas. Permite contratos standard em bolsa e liquidez global.
  • Grade/qualidade: existem classes/diferentes qualidades, como por exemplo, a proteína do trigo ou a pureza do ouro. Pode levar a prémios/descontos face ao “Benchmark”.
  • Benchmarks (preço): referências, como por exemplo, o Brent ou a CBOE Wheat, servem de referência/âncora para contratos físicos e derivados!
  • Formação de preço: o preço reage a choques de oferta/procura, tais como, clima, geopolítica, OPEP, entre outras variáveis, e também fatores macroeconómicos, como por exemplo, taxa de juro e também a moeda de reserva mundial ($).
  • Armazenagem e “Cost of Carry”: custos de armazenagem, seguro e financiamento afetam a curva de preços (Contango/Backwardation).
  • Sazonalidade: colheitas, aquecimento no inverno, “driving season”, entre muitas outras razões, criam padrões anuais de preços e stocks!
  • Logística e localização: preços variam por base (porto/hub).
  • Negociação OTC vs Bolsa: OTC (Over The Counter) dá flexibilidade (quantidade, qualidade, calendário, “incoterms”), mas por outro lado dá menos “transparência” e maior risco de contraparte.
  • Alavancagem (derivados): futuros/opções permitem exposição com pouca margem, amplificando tanto os ganhos como também as perdas, devemos ter ainda atenção a “Margin Call” (chamadas de margem, não é uma chamada telefónica 😊) e também a questão dos “Rollover”, isto é, rolar a posição que temos num determinado contrato para o seguinte.
  • Diversificação/inflação: na nossa carteira, podem reduzir a correlação com ações/obrigações e atuar como um “Hedge” de forma parcial contra riscos inflacionistas.

Importância das commodities

(Economia real)

  1. Consumo de produção: energia, metais e agrícolas entram em praticamente todas as cadeias produtivas;
  2. Inflação e custos de vida: choques de petróleo, gás, trigo, entre outras commodities, transmitem-se/aplicam-se aos preços finais e consequentemente traduz-se num maior custo para o consumidor final (combustíveis, alimentos, transporte);
  3. Ciclos económicos: a procura por metais industriais antecipa fases de expansão/contração, o que podemos dizer que são bons “termómetros” da atividade global;
  4. Transição energética: cobre, lítio, níquel, prata, e mais alguns metais são peças chave, para redes elétricas, baterias, renováveis, tudo o que possa ajudar o mundo a fazer esta transição;
  5. Segurança energética/alimentar: reservas estratégicas, como é o caso da reserva de combustíveis que detém os USA, ajudam muitas das vezes a evitar ruturas de abastecimento ou crises momentâneas de preços mais altos.

(Investidores/mercados financeiros)

  1. Diversificar a carteira: geralmente têm uma baixa correlação com ações/obrigações;
  2. Exposição múltipla: futuros/opções, ETC’s, índices, ações de produtores/mineradoras;

(Empresas)

  1. Gestão de risco: com frequência as empresas “travam” os preços das matérias-primas para proteger as suas margens (Hedging);
  2. Planeamento de compras: contratos indexados a “benchmarks”, como por exemplo, “Brent + Diferencial”, tende a reduzir a incerteza;
  3. Vantagem competitiva (MOAT): eficiência energética e contratos de longo prazo oferecem estabilidade de custos e quotas de mercado.

(Países)

  1. Receitas e balança externa: exportadores, como por exemplo, de petróleo e minério, dependem de preços internacionais, o que irá impactar positivamente/negativamente nas contas públicas;
  2. Moeda e competitividade: termos de troca afetam moedas de exportadores e importadores;

Vantagens e desvantagens das Commodities (Investimento)

Em cima já fui falando diretamente/indiretamente de vantagens/desvantagens das commodities, e agora vou tratar de resumir as mesmas, acrescentando a particularidade em termos de investimento. Mesmo assim vou deixar aqui as que eu considero serem as 3 principais vantagens e desvantagens, e de seguida um quadro resumo.

As grandes vantagens a meu ver são: a diversificação, a proteção (parcial) contra a inflação e também o “Hedging”, ao longo do artigo falei de mais vantagens, mas diria que estas são cruciais, mas não são únicas. 

Do outro lado, temos as desvantagens e na minha opinião, as principais são: a alavancagem e as “Margin Call” (este tópico não poderia faltar aqui, pois, é assim que muitas das contas de negociação dos denominados traders de retalho se perdem, depois o risco de “Rollover” e também a estrutura da curva, e finalmente o risco específico de cada mercado. Depois podemos ainda colocar a “Volatilidade” tanto nas vantagens como também nas desvantagens, pois, choques climáticos/geopolíticos tendem a criar uma volatilidade elevada e levar a movimento bruscos, daí que, dependerá sempre de cada investidor se é benéfico ou não para a sua estratégia.

VeículoPrósContras
Futuros/opçõesLiquidez, baixos custos, alavancagem.Exigem gestão de margem/rollover; alto risco para iniciantes.
ETCs de commoditiesSimplicidade, sem gerir vencimentos, acessíveis em algumas corretoras.Custos anuais; impacto do Contango.
Ações de produtores (minas, petrolíferas, agrícolas)Pagam dividendos; podem superar a commodity em ciclos favoráveis.Risco empresarial (gestão, dívida, custos); nem sempre seguem o preço da matéria-prima.
Físico (ex.: ouro)Sem risco de contraparte; “porto seguro” em crises.Custos de custódia/seguro; menor liquidez e spreads mais altos.


As commodities desempenham um papel vital na engrenagem da economia global, influenciando desde o custo de vida até à competitividade das empresas e dos países. Para investidores, oferecem oportunidades de diversificação e proteção contra a inflação, mas exigem uma gestão de risco cuidadosa devido à sua volatilidade e especificidades de mercado.

A escolha do veículo de investimento – físico, futuros, ETC’s ou ações de produtores – deve considerar o perfil e objetivos de cada investidor. Compreender os conceitos de Contango e Backwardation, Hedging e dinâmica da oferta e procura é essencial para tirar proveito deste mercado. Mais do que um ativo, as commodities são um termómetro e um motor da economia mundial.

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Disclaimer:

RANKIA PORTUGAL: Este artigo tem caráter exclusivamente informativo e educacional. As informações aqui contidas não constituem aconselhamento financeiro, nem recomendação de compra ou venda de quaisquer instrumentos financeiros. A rentabilidade passada não garante retornos futuros. Antes de tomar decisões de investimento, recomenda-se a consulta de um profissional devidamente habilitado.

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