FIFO e LIFO: o que são, diferenças e como aplicar na gestão de stocks

Subscrever Newsletter

Selecione os temas de seu interesse e assine nossa newsletter abaixo:

SubscriptionType(Obrigatório)

FIFO e LIFO são métodos de valorização de inventários que afetam o CMVMC/COGS, a margem e o valor do stock. Neste guia prático explico as diferenças, impactos em cenários de inflação/deflação e quando considerar FEFO no dia a dia do armazém.

O que são o FIFO e o LIFO?

FIFO (First In, First Out / Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair)

Assume que as primeiras unidades que entram em stock são as primeiras a sair. As saídas (consumos/vendas) são valorizadas pelos custos mais antigos e o inventário final fica valorizado pelos custos mais recentes.

LIFO (Last In, First Out / Último a Entrar, Primeiro a Sair)

Assume que as últimas unidades a entrar são as primeiras a sair. As saídas são valorizadas pelos custos mais recentes e o inventário final fica com os custos mais antigos.

Para que servem estes métodos?

  • Valorização de saídas e inventário: determinam o CMVMC/COGS (Custo das Matérias Vendidas e Matérias Consumidas) e o valor do stock no balanço.
  • Apuramento de margem/lucro e impostos: escolhas diferentes vão levar a margens diferentes, sobretudo em ambientes de inflação/deflação.
  • Gestão Operacional: coerência com a rotação física (produtos perecíveis tipicamente seguem o método FIFO).
  • Reporting e análise: KPI (Key Performance Indicators) de margem bruta, rotação de inventários, planeamento de compras e preço de venda.

Impactos

Num cenário inflacionista, ao utilizarmos o FIFO, o custo do CMVMC/COGS é mais baixo, o lucro e stock final mais altos; no LIFO, o CMVMC/COGS é mais alto, o lucro e stock final são mais baixos. Num cenário contrário, isto é, num cenário deflacionista, o efeito inverte.

Exemplo:

Compras: 10 unidades a 10€ e 10 unidades a 20€. Acabamos a vender 15 unidades.

No método FIFO, o CMVMC/COGS é = 10 * 10€ + 5 * 20€ = 200€, o que dá um stock final de 5 unidades, que multiplicado pelo valor de 20€, irá dar 100€.

No método LIFO, o CMVMC/COGS é = 10 * 20€ + 5 * 10€ = 250€, o que dá um stock final de 5 unidades, que multiplicado pelo valor de 10€, irá dar 50€.

Conclusão: com preços a subir, o FIFO mostra-nos um lucro bruto maior (CMVMC/COGS menor) e um inventário mais valioso do que o LIFO.

Ps: uma alternativa comum a estes 2 métodos é o método da Média Ponderada, pois, o mesmo suaviza os preços e é amplamente aceite em IFRS/SNC.

Vantagens e desvantagens (FIFO)

Então quando o “FIFO” brilha?

  • Ambientes inflacionários moderados onde é desejável mostrar stock a custos atuais.
  • Empresas que priorizam simplicidade e conformidade com o IFRS.

Vantagens e desvantagens (LIFO)

Principais diferenças (FIFO e LIFO)

CritérioFIFO (First In, First Out)LIFO (Last In, First Out)
PrincípioPrimeiras entradas são as primeiras saídas.Últimas entradas são as primeiras saídas.
Valorização do COGS/CMVMCUsa custos mais antigos.Usa custos mais recentes.
Valorização do inventário finalFica pelos custos mais recentes.Fica pelos custos mais antigos.
Num cenário de inflaçãoCOGS ↓ → lucro e stock ↑; impostos tendem a ↑.COGS ↑ → lucro e stock ↓; impostos tendem a ↓.
Num cenário de deflaçãoCOGS ↑; lucro e stock ↓.COGS ↓; lucro e stock ↑.
Conformidade IFRS/SNC (IAS 2)Permitido.Proibido.
US GAAPPermitido.Permitido.
Impacto em ráciosCurrent ratio tende a melhorar (stock maior num cenário inflacionário).Current ratio pode piorar (stock menor num cenário inflacionário).
Complexidade operacionalMais simples de implementar/auditar.Mais complexo e risco de “LIFO liquidation”).
Riscos típicosPode “inflacionar” lucro num cenário de inflação Subavalia stock num cenário de inflação; “LIFO Liquidation” pode distorcer lucros.

O que é o Método “FEFO”?

FEFO (First-Expire, First-Out), isto é, Primeiro a Expirar, Primeiro a Sair), é um método de gestão de inventário e picking que prioriza as unidades com a data de validade mais próxima (ou “Best Before”) para saída/consumo, independentemente de terem chegado antes ou depois ao armazém. Na prática serve para minimizar as perdas por expiração, a título de exemplo, as quebras; serve também para cumprir a regulamentação em setores críticos, como por exemplo, os setores alimentares e farmacêuticos; e por último assegurar a qualidade do produto entregue ao cliente/linha de produção.

Como funciona na prática: cada receção é registada com lote e data de validade, seguidamente o ERP/WMS ordena as localizações/lotes pelo menor prazo remanescente, e de seguida as ordens de picking saem por ordem de expiração, ao invés de ser por ordem de entrada.

Vamos a um exemplo rápido: o lote A entra a 29/09/2025 e é válido até 10/10/2026, o lote B entra a 27/10/2025 e é válido até 15/09/2026, o lote C entra a 20/11/2025 e é válido até 18/12/2026. Neste sistema, sai primeiro o lote B (expira a 15/09/2026), depois o lote A (expira a 10/10/2026) e por último o lote C (expira a 18/12/2026) – independentemente do lote A ter chegado antes do lote B.

A principal diferença do FEFO e FIFO é que o primeiro dá prioridade ao que expira primeiro (data de validade) e o segundo método da prioridade ao mais antigo (data de entrada).

Algumas vantagens: reduz as perdas por caducidade e descontos forçados; melhora o serviço ao cliente (vida útil remanescente suficiente); ajuda na conformidade, isto é por exemplo, auditorias e “recalls” por lote. Por outro lado, algumas desvantagens são, que requer o rastreio por lote/validade; pode levar também a algum grau de complexidade operacional maior que o atual; e a dependência de um sistema ERP/WMS (naturalmente bem configurado) + mais a formação das respetivas equipas.

Onde acaba por fazer mais sentido este método/sistema é na indústria alimentar/bebidas, na indústria farmacêutica, na indústria do frio, entre outras indústrias do mesmo género.

SituaçãoÉ recomendadoPorquêPontos de atenção
Produtos com validade (alimentar, fármacos, cosmética, cadeia de frio)FEFOMinimiza quebras por caducidade.Precisa de um sistema ERP/WMS com lotes/validade e formação da equipa
Bens não perecíveis sob IFRS/SNCFIFOSimples e fácil de auditar; stock final reflete custos recentes.Num cenário de inflação, lucros e impostos podem parecer “inflacionados”
Preços muito voláteis, queres suavizar margensMédia Ponderada (periódica ou móvel)Suaviza COGS e margens, fácil de manterStock final menos “atual” que no FIFO

Como me decidir?

Vamos por passos, a ver se juntos chegamos a uma conclusão! Vamos lá então.

  1. Norma de reporte: IFRS/SNC têm de estar em consonância com as normas europeias e portuguesas, daí que descartamos logo o LIFO.
  2. De seguida, vamos para o perfil de produto: têm validade? Se sim, FEFO, se não seguimos para o ponto seguinte.
  3. Volatilidade de preço: se é alta => Média Ponderada; se a volatilidade do preço é média/baixa o FIFO parece-me uma boa opção.
  4. Se o objetivo financeiro é um stock final “mais realista” => FIFO, se por outro lado queremos margens mais estáveis => Média Ponderada.
  5. No que diz respeito a capacidade operacional, se temos um sistema ERP/WMS com lotes/validades? => FEFO é viável, se por outro lado não temos a disposição, começamos com o FIFO/Média Ponderada e depois vamos evoluindo com o tempo.

FEFO = Indústria alimentar / cadeia de frio / fármacos (em termos operacionais) + FIFO/Média Ponderada no registo, conforme o ERP.

FIFO/Média Ponderada = indústria ligeira, peças e consumíveis.

Média Ponderada
ou FIFO = Materiais de construção com uma volatilidade substancial.

Conclusão

Em Portugal (IFRS/SNC), a escolha prática é entre FIFO e Média Ponderada; LIFO é proibido. Em produtos com validade, usa FEFO na operação e mantém o FIFO/Média Ponderada no reporte, com uma política contabilística consistente.

FAQ

O que significa FIFO e LIFO na prática?

FIFO – sai primeiro o que entrou primeiro; LIFO: sai primeiro o que entrou por último (proibido em IFRS/SNC).

Qual o método mais usado em Portugal?

FIFO e Média Ponderada; LIFO não é permitido pelo SNC/IAS 2.

FIFO e LIFO: qual impacta mais o imposto pago?

Num cenário inflacionista, o FIFO tende a mostrar lucro maior => imposto maior; o LIFO, por sua vez, tem o efeito contrário (onde for permitido usar este método).

É possível combinar métodos na mesma empresa?

Sim, por grupos de produtos/unidades de negócio, desde que consistente e divulgado contabilisticamente.

O que é o método FEFO e quando é usado?

O FEFO prioriza o que expira primeiro, muito usual/típico na indústria alimentar/farmacêutica e cadeia de frio.

FIFO ou LIFO afetam o preço final ao consumidor?

Indiretamente; alteram o CMVMC/COGS e as margens. O preço final depende da estratégia comercial e concorrência, não só do método que se usa.



Disclaimer:

RANKIA PORTUGAL: Este artigo tem caráter exclusivamente informativo e educacional. As informações aqui contidas não constituem aconselhamento financeiro, nem recomendação de compra ou venda de quaisquer instrumentos financeiros. A rentabilidade passada não garante retornos futuros. Antes de tomar decisões de investimento, recomenda-se a consulta de um profissional devidamente habilitado.

Ler mais tarde - Preencha o formulário para guardar o artigo como PDF
.

Artigos Relacionados