Geraldine Weiss: A grande Dama dos Dividendos
Neste artigo, apresento-te a Geraldine Weiss, a grande Dama dos Dividendos. Conhece a sua história de superação numa sociedade que considerava que as mulheres não estavam feitas para isto das finanças, bem como a sua estratégia simples, mas muito funcional.
Geraldine Weiss: A pioneira dos investimentos
Deixo-te com as três etapas mais importantes da vida desta investidora que fez história em Wall Street.
1962: Sozinha perante o perigo
Geraldine Weiss deu os seus primeiros passos no mundo dos investimentos e procura oportunidades de trabalho como corretora de bolsa. No entanto, e apesar do seu bom instinto, as empresas rejeitam-na devido a preconceitos de género, acreditando que uma mulher não poderia ter sucesso no âmbito financeiro.
Neste ponto, Weiss só tinha duas alternativas: desistir ou tomar medidas. E a primeira não era uma opção realista.
1966: A primeira consultora financeira
Aos 40 anos, Weiss uniu forças com a sua corretora de bolsa, Fred Whitmore. Juntos fundaram “Investment Quality Trends” (IQT), uma revista de investimento especializada exclusivamente em ações de primeira (blue chips). Com esta iniciativa, Weiss tornou-se a primeira mulher a iniciar um serviço de consultoria em investimentos.
Nos anos seguintes, Weiss observou uma disparidade na receção dos artigos: aqueles assinados por Whitmore recebiam respostas, enquanto os seus eram ignorados. Para combater este preconceito, decidiu começar a assinar os seus boletins como “G. Weiss”, ocultando assim a sua verdadeira identidade.
E o que são as coisas, após comprar a parte do sócio na revista, e já sob a sua completa liderança, IQT alcançou um notável sucesso, ganhando uma base leal de leitores que se beneficiavam economicamente dos seus conselhos e análises.
Mas restava conhecer a grande questão: Quem era esse tal “G. Weiss” que nunca falhava? Muita gente não conseguia acreditar porque o novo Ben Graham, não queria revelar a sua identidade.
1977: Surpresa!
Finalmente, Weiss decidiu revelar a sua identidade, apresentando-se num popular programa de entrevistas de televisão, revelando ao mundo que era uma mulher. Sem dúvida, a sua revelação surpreendeu os seus muitos leitores, contribuindo de forma real para mudar os preconceitos que existiam sobre o género feminino nesta disciplina. Para grandes problemas, grandes soluções.
Anos 80 – 2022: Popularidade bem merecida
A partir deste ponto a sua popularidade aumentou:
- Foi co-autora de dois livros de notável sucesso:
- Os dividendos não mentem
- A conexão dos dividendos
- A popular revista Los Angeles Times deu-lhe o apelido de A Dama dos Dividendos.
Finalmente, faleceu em 2022 aos 96 anos. O que terão os grandes investidores que todos chegam a nonagenários? Buffett, Munger, Templeton, O´Neill, Boggle, enfim…
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A sua estratégia de investimento
E agora que já conhecemos a sua história, resta ver qual foi essa estratégia que a fez merecedora de uma legião de seguidores.
Neste vídeo da série De Zero a Investidor, Gonçalo Malheiro também explica como funciona a sua estratégia de investimento.
Filosofia de investimento
Geraldine Weiss, tornou-se popular pelo seu enfoque pouco convencional no mundo dos investimentos, prevalecendo a sua ideia de focar nos dividendos mais do que nos lucros de uma empresa. Algo que, por sinal, ainda hoje é difícil de entender.
E a sua ideia era promover a teoria de que a rentabilidade por dividendo é uma medida chave de avaliação: Segundo ela, existe uma correlação significativa entre a capacidade de uma empresa manter os seus dividendos ao longo do tempo e o seu desempenho no mercado de ações.
Estratégia de comprar
- Empresas: Procurava empresas com históricos de 25 anos de dividendos consistentes.
- Comprava as ações quando os dividendos de uma empresa estavam perto de máximos históricos.
- De forma mais precisa, adquiria ações quando o rendimento do dividendo estava no ponto mais alto dos últimos 5 anos ou quando estava a 10% do seu valor histórico mais alto.
Estratégia de vender
- Vendia as ações quando os dividendos estavam perto dos mínimos históricos.
- Especificamente, vendia quando o rendimento do dividendo estava no ponto mais baixo dos últimos 5 anos ou quando estava a 10% do seu valor histórico mais baixo.
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Práticas complementares
Claro, tudo isto era complementado com outras práticas, não excessivamente complicadas:
- Máxima qualidade: Isso exigia um mínimo de 80 investidores institucionais. Lembre-se que isto pode ser consultado em Dataroma.
- Dívida controlada: A sua dívida total, deveria ser inferior a 50% da sua capitalização.
- Momentum: No momento da compra deveriam ter um PER inferior a 20.
- Juros compostos: Ou seja, reinvestimento dos dividendos na própria empresa, sempre e quando a estratégia não marcasse saída.
Assim e com tudo, o facto de ser uma estratégia tão simples, não é o melhor de tudo, o melhor é que durante os seus anos como estrela na sombra, conseguiu um CAGR de 11%. Ou seja, um rendimento superior ao do SP500 e do próprio Warren Buffet naqueles anos.
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