FED corta taxas — e agora, pausa ou continuação?
Após quase um ano sem alterar as taxas de juro, na última reunião de 2025, a Reserva Federal (FED) avançou com o seu terceiro corte consecutivo, justificando a decisão com algum desconforto face ao agravamento do mercado laboral – ainda que com divergências internas.
Por outro lado, Jerome Powell, em conferência de imprensa, sinalizou uma eventual pausa nos ajustamentos, na sequência dos movimentos registados nos últimos três meses.
Calendário das reuniões da FED para 2026
A Reserva Federal reúne-se 8 vezes por ano, com um intervalo aproximado de 40 dias entre cada reunião. Eis o calendário previsto para 2026:
- 27-28 de janeiro
- 17-18 de março
- 28-29 de abril
- 16-17 de junho
- 28-29 de julho
- 15-16 de setembro
- 27-28 de outubro
- 8-9 de dezembro
Se estiveres interessado nas políticas dos bancos centrais, poderás também consultar o nosso calendário para descobrir a próxima reunião do BCE.
Última reunião da FED: Terceiro corte de 25 pontos base e divisão interna
A Reserva Federal voltou a reduzir as taxas de juro em 25 pontos base, para o intervalo entre 3,5% e 3,75%, naquela que é já a terceira descida consecutiva. No entanto, a decisão foi tomada num clima invulgarmente tenso, impulsionado pelos receios de um arrefecimento do mercado de trabalho.
“Os riscos em baixa para o emprego aumentaram nos últimos meses”, reconheceu o banco central, indicando que o deteriorar da situação laboral passou a ter mais peso do que o receio de um eventual retorno da inflação.

A FED cortou as taxas de juro para 3,5% – 3,75% | Fonte: FOMC
O mais relevante da reunião, porém, não foi o corte em si, mas antes a divisão interna revelada na votação. Vários membros manifestaram opiniões divergentes — um deles defendeu uma descida ainda maior, enquanto outros sugeriram interromper o ciclo. Foi a maior cisão interna desde 2019.
Jerome Powell reconheceu que o debate ilustra uma tensão incomum no âmbito do duplo mandato da instituição:
“Todos concordamos que a inflação continua demasiado elevada e que o mercado de trabalho enfraqueceu. A diferença está em como avaliamos e ponderamos esses riscos.”

O gráfico de projeções (dot plot) expôs uma das maiores divisões internas da FED dos últimos anos.
Uma pausa nos cortes à vista?
A conferência de imprensa de Powell deixou antever que o banco central poderá estar a aproximar-se de uma pausa no ciclo de cortes. O presidente da FED sublinhou que a instituição agirá com prudência, baseando-se apenas em dados concretos:
“Vamos observar os dados e serão eles a indicar se estávamos certos ou não.”
Contudo, até este princípio está agora condicionado pela escassez de dados fiáveis. O encerramento do governo norte-americano durante 42 dias provocou o atraso na divulgação de relatórios cruciais sobre inflação e emprego, forçando o Comité a decidir praticamente às cegas.

A esta incerteza técnica soma-se uma pressão política crescente, intensificada pelos constantes ataques de Donald Trump a Jerome Powell, acusando-o de estar a agir “demasiado devagar” nas reduções das taxas. Como resposta, o ex-presidente tem procurado influenciar a composição do Comité, nomeando perfis mais alinhados com a sua visão, para pressionar cortes mais agressivos num futuro próximo.
Neste contexto, a Reserva Federal vê-se num equilíbrio delicado: por um lado, reconhece a necessidade de mais dados antes de tomar novas decisões; por outro, enfrenta tensões políticas, divisões internas e sinais contraditórios vindos da economia.
“Acreditamos que a nossa posição atual nos permite esperar e observar como a economia evolui a partir de agora”, concluiu Powell, sugerindo que uma pausa poderá ser necessária para recuperar a visibilidade num momento em que os dados permanecem demasiado incertos.
O que esperar da próxima reunião da FED?
Apesar da divisão interna, as palavras de Powell foram bastante claras quanto à possibilidade de uma pausa, com o objetivo de dar tempo para recuperar informação económica relevante, avaliar a situação da economia e preparar uma decisão para os próximos meses. Nesse sentido, tudo aponta para que as taxas de juro se mantenham inalteradas no intervalo entre 3,5% e 3,75%, pelo menos durante uma reunião.
De facto, se consultarmos a ferramenta FedWatch da CME, que acompanha a perceção dos investidores com base nos seus movimentos de capital, a maioria já antecipa uma pausa na política de taxas, que deverá prolongar-se durante todo o primeiro trimestre. Há, aliás, um consenso alargado de que em janeiro não haverá alterações nas taxas de juro.

Que impacto têm no mercado as reuniões da FED?
A Reserva Federal dos Estados Unidos (FED) é, portanto, uma instituição essencial para a saúde económica do país e exerce uma influência significativa nos mercados financeiros a nível global. As reuniões da FED, nas quais são definidas as políticas monetárias — especialmente no que diz respeito às taxas de juro — podem ter um impacto relevante nos mercados financeiros.
O que acontece quando há subida das taxas de juro?
Quando a FED decide aumentar as taxas de juro, ou implementar outras medidas destinadas a reduzir a liquidez no sistema, geralmente com o objetivo de controlar a inflação, isso traduz-se numa desaceleração da economia.
O aumento das taxas torna o crédito mais caro, desencorajando o recurso a empréstimos. Este efeito, por sua vez, reduz a procura agregada e o nível de consumo.

A redução da liquidez também afeta negativamente o mercado acionista. Menos liquidez significa menos recursos disponíveis para investimento. Assim, de forma geral, a subida das taxas de juro está associada a uma queda no valor das ações.
Contudo, em determinados contextos, o mercado pode já ter “descontado” esse aumento, sobretudo quando — como é habitual — a FED antecipou publicamente as suas intenções antes da decisão oficial. Nestes casos, o impacto nos mercados tende a ser mais moderado.
Em tempos de incerteza, como os que costumam seguir-se a aumentos das taxas, investir em ações defensivas pode ser uma estratégia sensata. Também os chamados ativos de refúgio, com baixa correlação com o ciclo económico — como o ouro —, podem constituir uma opção a considerar.
O que acontece quando há descida das taxas de juro?
Pelo contrário, quando a FED ou qualquer outro banco central opta por reduzir as taxas de juro, o objetivo é geralmente o oposto ao de uma subida de taxas. Entre os principais efeitos esperados de uma descida das taxas, destacam-se:
- Estímulo à economia: A redução das taxas torna o crédito mais acessível, incentivando empresas e consumidores a contrair empréstimos para investir ou consumir.
- Aumento do consumo: Com o crédito mais barato, os consumidores tendem a realizar compras de maior valor, como habitação ou automóveis, o que estimula a procura agregada.
- Impacto positivo nos mercados acionistas: A descida das taxas tende a reduzir os custos de financiamento e a aumentar o consumo e o investimento, melhorando as perspetivas de lucros das empresas, o que normalmente se reflete na valorização das ações.
- Desvalorização da moeda: Em certos contextos, uma taxa de juro mais baixa pode levar à desvalorização da moeda nacional, à medida que os investidores procuram retornos mais elevados noutros mercados e vendem a moeda local.
- Risco de inflação: Embora o objetivo seja estimular a economia, um possível efeito colateral é a subida da inflação, especialmente se a oferta não acompanhar o aumento da procura.
As reuniões da FED: reuniões do FOMC
Quando falamos da Reserva Federal (FED), para compreendermos o que acontece nas suas reuniões, é importante conhecer quatro conceitos fundamentais:
- FOMC: é o Comité Federal de Mercado Aberto da Reserva Federal. É composto por 12 membros e responsável pela definição da estratégia de política monetária, com vista ao cumprimento dos objetivos da instituição. Reúne-se 8 vezes por ano, aproximadamente de 6 em 6 semanas, em Washington. Geralmente, em metade dessas reuniões realiza-se uma conferência de imprensa posterior.
- Atas da FED: são um resumo detalhado de todos os temas discutidos nas reuniões do FOMC. São publicadas 3 semanas após cada reunião e refletem as opiniões de todos os membros presentes.
- Livro Bege: é um conjunto de dados que serve de base para as decisões do FOMC. É publicado cerca de 2 semanas antes de cada reunião.
- Dot plot: é um gráfico composto por uma série de pontos que representa a visão individual de cada membro sobre a direção futura das taxas de juro — se vão subir ou descer e em que medida — tanto para os meses seguintes como para os próximos anos. Foi introduzido no final de 2011, durante a presidência de Ben Bernanke.
Em resumo, este é o calendário das próximas reuniões da FED, para que não percas nenhuma e possas reagir de forma informada às decisões da Reserva Federal, sejam elas de natureza expansionista ou restritiva.
FAQs sobre a FED
A próxima reunião da Reserva Federal (FED) está agendada para os dias 27 e 28 de janeiro de 2026.
Durante 2025, a Reserva Federal reduziu as taxas de juro por três vezes consecutivas na parte final do ano. Para já, perspetiva-se uma pausa no início de 2026, mas o próprio Jerome Powell não excluiu a possibilidade de duas descidas adicionais de 25 pontos base ao longo do ano.
A FED reúne-se para a determinação das políticas sobre as taxas de juro 8 vezes ao ano, em datas predeterminadas
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