ETFs de Semicondutores: o que são e quais os melhores em 2025

Com a notícia de hoje de que Trump aliviou as restrições à venda de chips para a China, os semicondutores voltam a ganhar protagonismo, razão pela qual considero pertinente escrever este artigo.
Estes pequenos componentes são essenciais para o funcionamento de máquinas de lavar roupa, computadores, smartphones, veículos, servidores em nuvem, satélites, dispositivos médicos e, mais recentemente, para a infraestrutura de inteligência artificial (IA). A crescente importância deste sector tem impulsionado fortes entradas de capital em ETFs de semicondutores, permitindo captar o crescimento exponencial desta megatendência sem necessidade de selecionar ações individuais.
Em 2023, o sector registou uma queda de 11% nas receitas globais, mas 2025 aponta para uma recuperação significativa. De acordo com a Gartner, prevê-se que as receitas do sector cresçam 15,5% este ano, atingindo os 721 mil milhões de dólares. Este impulso tem sido especialmente motivado pela explosão da procura de chips para IA, área na qual a NVIDIA, a AMD e a Broadcom lideram a frente tecnológica.
Neste artigo, serão analisadas algumas das opções de ETFs disponíveis, as razões estruturais para a exposição ao sector e os seus riscos específicos.
Este artigo não deve ser considerado aconselhamento de investimento. É meramente informativo e educacional.
Principais ETFs de semicondutores para 2025
Na tabela seguinte apresentamos uma seleção de três ETFs de semicondutores, comparando o seu custo (TER), a rendibilidade acumulada nos últimos 3 anos e a volatilidade a 1 ano:
ETF | Ticker | TER | Rendibilidade 3 anos | Volatilidade 1 ano |
VanEck Semiconductor UCITS ETF | VVSM | 0,35% | 82,39% | 39,46% |
iShares MSCI Global Semiconductors UCITS ETF USD (Acc) | SEC0 | 0,35% | 59,55% | 30,25% |
HSBC Nasdaq Global Semiconductor UCITS ETF | HNSC | 0,35% | 72,38% | 34,19% |
VanEck Semiconductor UCITS ETF (VVSM)
O VanEck Semiconductor UCITS ETF segue o índice MVIS US Listed Semiconductor 10% Capped Index, cujo objetivo é refletir o desempenho das principais empresas do sector de semicondutores cotadas nos Estados Unidos, com uma limitação máxima de 10% por empresa para evitar concentrações excessivas. O fundo utiliza replicação física integral, está domiciliado na Irlanda, tem o USD como moeda base e adota uma política de acumulação de dividendos. Não utiliza cobertura cambial.
Características principais:
- Utiliza replicação física integral.
- Está domiciliado na Irlanda.
- Tem como moeda base o dólar norte-americano (USD).
- Adota uma política de acumulação – não distribui dividendos.
- Apresenta uma rendibilidade acumulada de 82,39% nos últimos 3 anos.
- Registou uma volatilidade de 39,46% no último ano.
- Aplica uma comissão total de encargos (TER) de 0,35% ao ano.
O fundo integra 25 empresas altamente líquidas do sector de semicondutores. Entre as principais posições destacam-se:
- NVIDIA (~20%)
- AMD
- Broadcom
- Intel

Existe um predomínio claro de empresas fabless norte-americanas. Ainda que em menor proporção, o fundo também inclui fabricantes de equipamentos, como a ASML.
O VVSM oferece uma exposição direta e concentrada aos principais intervenientes do sector de semicondutores, com aproximadamente 74% de alocação nos EUA. A estrutura do fundo torna-o mais indicado para investidores que procuram crescimento com maior tolerância ao risco, especialmente devido à sua elevada volatilidade e concentração em poucos ativos.
Este ETF pode não ser adequado para perfis mais conservadores ou para carteiras com uma abordagem passiva e diversificada. Além disso, não é comummente utilizado como componente satélite, dado que os ETFs setoriais ou de nicho podem introduzir maior aleatoriedade nos retornos. No entanto, podem ser considerados em estratégias de rotação sectorial ou noutras abordagens táticas.
O iShares MSCI Global Semiconductors UCITS ETF replica o índice MSCI ACWI Semiconductors & Semiconductor Equipment 20/35, que inclui empresas globais do sector de semicondutores, com limites máximos de 35% e 20% para evitar concentrações excessivas em empresas individuais.
Este fundo:
- Utiliza replicação física integral, comprando os ativos subjacentes ao índice.
- Está domiciliado na Irlanda.
- Tem como moeda base o dólar norte-americano (USD).
- É um fundo de acumulação, ou seja, não distribui dividendos.
- Registou uma rentabilidade acumulada de 59,55% nos últimos 3 anos.
- Apresenta uma volatilidade anual de 30,25%.
- Aplica uma comissão total de encargos (TER) de 0,35% ao ano.
A sua carteira é composta por mais de 100 empresas do sector a nível global, com destaque para:
- TSMC (Taiwan)
- Samsung (Coreia do Sul)
- ASML (Países Baixos)
- NVIDIA (Estados Unidos)

O fundo oferece uma diversificação alargada, tanto geográfica como ao longo da cadeia de valor (design, fabrico e equipamento).
A exposição geográfica distribui-se da seguinte forma:
- 57% nos EUA
- 14% em Taiwan
- 11% nos Países Baixos
Este ETF pode ser uma opção interessante para quem procura uma exposição global ao sector dos semicondutores, ao mesmo tempo que pretende reduzir o risco de concentração nos EUA. A sua diversificação, tanto por país como por segmento da cadeia produtiva, contribui para uma redução da volatilidade comparativamente a ETFs mais concentrados.
No entanto, tal como já referido no ETF anterior, não é recomendado para carteiras indexadas passivas, pois adiciona riscos temáticos específicos que podem comprometer a consistência da estratégia a longo prazo. Apesar de apresentar uma volatilidade inferior à de outros fundos mais concentrados, esta continua a ser o dobro da observada no MSCI World, o que significa que, em cenários adversos, o tempo necessário para recuperar as perdas poderá ser mais prolongado.
HSBC Nasdaq Global Semiconductor UCITS ETF (HNSC)
O HSBC Nasdaq Global Semiconductor UCITS ETF replica o Nasdaq Global Semiconductor Index, que inclui empresas do sector dos semicondutores a nível mundial, com especial destaque para os Estados Unidos e a Ásia. O fundo recorre à replicação física, está domiciliado na Irlanda, tem o dólar norte-americano (USD) como moeda base, segue uma política de acumulação de dividendos e não utiliza cobertura cambial.
Características principais do HNSC:
- Nome do fundo: HSBC Nasdaq Global Semiconductor UCITS ETF
- Rentabilidade acumulada a 3 anos: 72,38%
- Distribuição de dividendos: Não – trata-se de um fundo de acumulação
- Total Expense Ratio (TER): 0,35% ao ano
- Volatilidade nos últimos 12 meses: 34,19%
- Método de replicação: Física integral
- Domicílio fiscal: Irlanda
- Moeda base: Dólar norte-americano (USD)
A sua carteira é composta por empresas globais como NVIDIA, Broadcom, TSMC, Intel, Qualcomm, Texas Instruments e Samsung. O fundo foca-se em empresas tecnológicas de carácter inovador, tanto na área do design como da produção, mantendo uma forte presença dos mercados norte-americano e asiático. Em termos de distribuição geográfica, apresenta proporções semelhantes ao ETF anterior.

O HNSC posiciona-se como uma solução intermédia entre concentração e diversificação internacional. A sua estratégia, centrada no Nasdaq, proporciona uma boa exposição a empresas com elevado potencial de crescimento tecnológico. No entanto, essa mesma característica pode implicar uma volatilidade ligeiramente superior.
Tal como os outros ETFs do sector, não se recomenda a sua inclusão em carteiras indexadas passivas, sendo mais indicado para carteiras táticas ou orientadas para estratégias de seguimento de tendências.
O que é a indústria dos semicondutores e como está classificada?
A indústria dos semicondutores dedica-se ao design, fabrico e comercialização de dispositivos eletrónicos produzidos com materiais semicondutores, sendo o silício o principal. Estes dispositivos têm como função controlar e modular sinais elétricos, sendo fundamentais para o funcionamento de praticamente todos os equipamentos eletrónicos — desde computadores e telemóveis até sistemas médicos, automóveis inteligentes e servidores de inteligência artificial. Entre os componentes mais conhecidos encontram-se os microprocessadores (CPU), os chips gráficos (GPU), as memórias (DRAM, NAND), os sensores, os circuitos analógicos e os chips de conectividade.
Este setor tem sido um dos principais motores da inovação tecnológica global desde meados do século XX. O seu desenvolvimento tem impulsionado progressos exponenciais em capacidade computacional e eficiência energética, alinhando-se em larga medida com a chamada Lei de Moore. Além disso, o seu carácter estratégico levou vários governos a nível mundial a considerá-lo uma prioridade nacional.
A estrutura da indústria divide-se, essencialmente, em quatro segmentos:
- Empresas fabless (sem fábrica própria): como a NVIDIA ou a AMD, que se concentram no design dos chips, delegando a sua produção em fabricantes especializados.
- Foundries (fábricas especializadas): como a TSMC, responsáveis exclusivamente pela produção física dos chips.
- IDMs (Fabricantes com integração vertical): como a Intel ou a Samsung, que projetam e produzem os seus próprios chips.
- Fornecedores de equipamentos, software e materiais: como a ASML, a Synopsys e a Lam Research, que desenvolvem maquinaria, processos ou software utilizados pelas foundries.
Cada um destes modelos de negócio apresenta características distintas em termos de margens operacionais, riscos e ciclos de investimento. Por exemplo, as empresas fabless tendem a registar margens elevadas com baixos níveis de investimento em capital (CAPEX), enquanto as foundries requerem investimentos avultados, mas beneficiam de economias de escala significativas.
Por que razão os semicondutores despertam interesse do ponto de vista financeiro?
Embora não se trate de uma recomendação de investimento, é possível identificar alguns fatores que ajudam a compreender o crescente interesse em torno da indústria dos semicondutores:
Expansão da inteligência artificial (IA)
A inteligência artificial tem sido uma das principais forças impulsionadoras do recente crescimento do setor. Estima-se que o mercado de chips destinados a centros de dados com capacidades de IA possa atingir os 400 mil milhões de dólares norte-americanos até 2027, segundo dados divulgados pela AMD.

Reindustrialização global e incentivos públicos
Diversas iniciativas políticas e legislativas têm promovido uma nova vaga de investimento industrial a nível mundial. Exemplo disso é o CHIPS Act nos Estados Unidos, que prevê incentivos substanciais à produção local de semicondutores.
Em território norte-americano, já foram anunciados mais de 90 projetos de fabrico, com investimentos superiores a 450 mil milhões de dólares.

Aumento do número de chips por dispositivo
A evolução tecnológica está a levar a uma maior incorporação de semicondutores em diversos equipamentos. Por exemplo, estima-se que cada automóvel elétrico contenha entre 2.000 e 3.000 chips. O mesmo se verifica nas fábricas inteligentes, nos dispositivos da chamada Internet das Coisas (IoT) e na infraestrutura necessária para a implementação do 5G. Este fenómeno está a traduzir-se numa procura crescente e diversificada por soluções baseadas em semicondutores.

Vantagens e desvantagens de investir em ETFs de semicondutores
Vantagens
- Tendência estrutural de crescimento da procura
- Elevada exposição à inovação e disrupção tecnológica
- Apoio de políticas industriais a nível global
- Papel fundamental na soberania digital dos países
Desvantagens
- Setor altamente cíclico
- Custos de capital muito elevados
- Risco geopolítico significativo
- Rápida obsolescência tecnológica
Investir em semicondutores através de ETFs? | Opinião de Gaspar
Os ETFs de semicondutores oferecem uma forma prática e diversificada de acompanhar o crescimento acelerado de um setor que se tornou estrutural na economia digital. Trata-se de uma indústria vasta e complexa, o que, aliado ao seu elevado nível de especialização, leva muitos investidores a considerarem difícil a escolha de ações individuais sem correrem riscos de erro de seleção ou de momento de entrada e saída. Neste contexto, os ETFs apresentam-se como uma solução simples e eficiente.
No entanto, nem tudo é tão linear.
Ao contrário de outros ETFs temáticos, os semicondutores não são uma tendência passageira: constituem a base da digitalização global. Ainda assim, o setor continua sujeito a uma elevada volatilidade, influenciada por fatores como excesso de oferta, conflitos tecnológicos, constrangimentos logísticos e flutuações na procura. Por esse motivo, não se recomenda a sua inclusão como elemento central em carteiras indexadas passivas ou em estratégias de longo prazo do tipo “Buy & Hold”, apesar da sua importância crescente na nossa vida digital e na infraestrutura da nuvem.
Atualmente, tudo o que se relaciona com inteligência artificial (IA) está em destaque. No entanto, ao observar o histórico das empresas de semicondutores ao longo dos últimos 100 anos, verifica-se que, em vários períodos de 5 a 7 anos, o setor teve desempenhos abaixo do mercado, apresentando uma volatilidade que chega a duplicar a média. Apesar da evolução tecnológica, a natureza cíclica e a tendência para reversão à média continuam a ser caraterísticas marcantes.
No gráfico abaixo, com dados compilados pelo professor French, é possível visualizar os retornos anuais do setor de semicondutores desde 1926.

Sim, a IA e os investimentos de capital associados representam uma fase nova, mas a história desta indústria está repleta de inovações revolucionárias. A dispersão dos retornos móveis demonstra que o momento de entrada e saída é crucial para alcançar bons resultados. Por isso, os ETFs de semicondutores tendem a ajustar-se melhor a estratégias táticas — como rotação setorial, momentum, abordagens tendenciais ou mesmo estratégias baseadas em eventos específicos.
Lightyear: A prestação de serviços de investimento é assegurada pela Lightyear Europe AS. Aplicam-se os termos: lightyear.com/terms. Capital em risco. Consulte um profissional qualificado, caso tenha dúvidas.
RANKIA PORTUGAL: Este artigo tem caráter exclusivamente informativo e educacional. As informações aqui contidas não constituem aconselhamento financeiro, nem recomendação de compra ou venda de quaisquer instrumentos financeiros. A rentabilidade passada não garante retornos futuros. Antes de tomar decisões de investimento, recomenda-se a consulta de um profissional devidamente habilitado.
Trading 212: Quando investe, o seu capital está em risco e poderá receber menos do que o montante investido. O desempenho passado não garante resultados futuros. Esta informação não constitui aconselhamento de investimento. Faça a sua própria pesquisa. Link patrocinado. Para receber ações fracionadas gratuitas no valor de até 100 EUR/GBP, pode abrir uma conta na Trading 212 através deste link. Aplicam-se termos e condições.
XTB:Os CFD são instrumentos complexos e apresentam um risco elevado de perda rápida de dinheiro devido à alavancagem. 69-83% das contas de pequenos investidores perdem dinheiro quando negoceiam CFDs com este fornecedor. Deve considerar se compreende o funcionamento dos CFD e se pode correr o risco elevado de perder o seu dinheiro.
Esta informação não constitui uma sugestão de investimento. Recomendamos que obtenha mais informações antes de tomar qualquer decisão
Artigos Relacionados