Private Equity: o que é e como funciona no mercado

Aproximadamente 90% das empresas no mundo não estão cotadas em bolsa.

Por conseguinte, quando falamos em investir nos mercados financeiros, estamos a considerar apenas uma pequena parte do total.

Então, o que acontece com o resto? Será que não é possível investir nelas? Na verdade, em muitas dessas empresas sim é possível, mas para isso era necessário dispor de muito, mesmo muito capital, o que restringia o acesso ao investidor médio ou de pequena dimensão… até agora.

Por isso, neste artigo explico-te como investir em empresas que não estão cotadas em bolsa — o chamado Private Equity —, como funciona este setor e as formas mais acessíveis de o fazer, até com valores a partir de 50 euros.

O que é o Private Equity?

Antes de mais: o que significam exatamente estas duas palavras em inglês?

A tradução literal de Private Equity é Capital Privado. Ou seja, quando falamos de Private Equity, referimo-nos ao investimento — direto ou através de um fundo — em empresas que ainda não estão cotadas em bolsa.

Não se trata de comprar e vender ações ao ritmo do mercado público, mas sim de injetar capital, conhecimento operacional e contactos ao longo de vários anos para transformar o negócio internamente, fazê-lo crescer e, posteriormente, concretizar esse crescimento sob a forma de lucro: através de uma entrada em bolsa (IPO), venda a uma grande empresa ou transferência da participação para outro fundo.

Talvez não soubesses, mas por detrás de marcas que usas no dia a dia — como a Spotify ou a Netflix — estiveram investidores discretos, a afinar processos, profissionalizar equipas e abrir novos mercados.

Comissão fixa de 1€ por operação
Aplica-se a todos os produtos
Planos automáticos
e conta remunerada
Cartão de débito
Inclui saveback de 1%

Como funciona o Private Equity?

Agora já percebemos: são fundos de investimento de risco que entram no capital de empresas privadas e as acompanham durante 5 a 10 anos.

Não existe um modelo único. Os investidores que entram nestas empresas em crescimento podem fazê-lo em diferentes fases da sua trajetória. E, naturalmente, cada fase exige uma estratégia própria, adequada ao estágio em que o negócio se encontra:

  • Venture Capital ou investimento em empresas semente: Baseia-se em fazer muitas apostas pequenas em ideias disruptivas (fase “de garagem”). É a parte mais arriscada, pois 8 em cada 10 sementes acabam por falhar, mas quem acerta pode alcançar retornos exponenciais.
  • Growth Equity: Trata-se de injeções de capital minoritárias em empresas que já estão a crescer rapidamente. Os fundos contribuem com capital e know-how para escalar tecnologia, expandir para novas geografias ou lançar novos produtos.
  • Buyouts: Compra maioritária de empresas consolidadas (normalmente com uma valorização igual ou superior a 500 milhões de euros). O fundo assume o controlo, redefine a estratégia, profissionaliza a gestão e vende quando duplica ou triplica o EBITDA. Exemplos: Ducati.

Naturalmente, o fundo não injeta todo o capital de uma só vez, mas vai investindo de forma progressiva — cerca de 20–25% ao ano nos primeiros 5 anos — à medida que identifica oportunidades.

Foi esse o caso de sucesso da Spotify (SPOT) para os investidores de Private Equity, antes de a empresa entrar em bolsa. Vejam como passou de um valor de mercado de zero para 30 mil milhões de dólares… em menos de 10 anos.

Spotify: um dos maiores casos de sucesso no Private Equity

Ainda assim, a empresa continua a ser um gigante com planos de crescimento ambiciosos — e embora atualmente já seja possível adquirir ações da Spotify no mercado, isso só aconteceu depois de se tornar uma empresa cotada.

Como investir em Private Equity?

Tradicionalmente, o acesso ao Private Equity esteve reservado a grandes fortunas e investidores institucionais, como fundos de pensões, seguradoras ou family offices.

Até há poucos anos, o capital mínimo exigido para participar num fundo de Private Equity era, normalmente, entre 100.000 € e 1.000.000 €, dependendo da gestora e do tipo de veículo.

Nalguns casos, os bilhetes de entrada nos fundos mais exclusivos podiam ultrapassar os 5 milhões de euros.

Além disso, este tipo de investimento apresenta características específicas:

  • São investimentos ilíquidos, com prazos entre 7 e 10 anos;
  • Requerem uma elevada diversificação e conhecimentos financeiros avançados;
  • Implicam custos de gestão significativos e estruturas jurídicas complexas.

Tudo isto em nome de encontrar o “unicórnio” capaz de multiplicar o capital investido por 30 vezes.

Mas agora, tudo está a mudar

A democratização das finanças está a avançar a tal ponto que, atualmente, já é possível aceder a este tipo de investimento com valores muito mais reduzidos, desde 50€ até 10.000€, consoante o veículo.

Um exemplo:

Trade Republic

A Trade Republic, uma plataforma de investimento digital com sede na Alemanha, está disponível para residentes em Portugal, oferecendo acesso a Private Equity (também conhecido como Private Markets) com um investimento mínimo desde 1€. Este novo modelo é possível graças a parcerias com duas gestoras de referência: Apollo Global Management e EQT Group.

  1. Apollo Global Management
    • Mais de 800 mil milhões de euros sob gestão
    • Três décadas de experiência em investimento privado
    • Investe em empresas de setores como automóvel, engenharia e transição ecológica
  2. EQT Group – “EQT Nexus ELTIF Private Equity”
    • Foco em empresas privadas maioritariamente europeias
    • Atua em setores como tecnologia, saúde e serviços
    • Portefólio algo concentrado: as 5 maiores posições representam 24% da carteira

De seguida, apresentamos algumas características do investimento em Private Equity com a Trade Republic

  • Regulação: Supervisionada pela BaFin (Alemanha).
  • Investimento mínimo: A partir de 1 €
  • Rentabilidade objetivo: Estimativa de 12% anualizada*
  • Liquidez: Possibilidade de entrada e saída flexível, sem prazos de permanência obrigatórios
  • Comissões: 1 € por operação + spread

📌 *Nota: Rentabilidades passadas não constituem garantia de rentabilidades futuras.

Importa referir que, embora seja possível investir a partir de 1€ nos Private Markets através da Trade Republic, poderá fazer sentido considerar um montante inicial a partir de 2.500 €, para melhor perceber o potencial de valorização destes instrumentos. Além disso, o montante não investido, mas depositado na plataforma, é atualmente remunerado a uma taxa anual nominal bruta de 2% (TAE).

Esta informação é meramente ilustrativa e não constitui qualquer recomendação de investimento. As decisões financeiras devem ser tomadas com base na análise individual de cada investidor.

Porque é que este é o novo tipo de investimento que está em destaque?

Desde logo, porque o universo de oportunidades é imenso. Para teres uma ideia, 95% das empresas no mundo são privadas. Além disso, nos últimos anos, o acesso a este tipo de ativos foi amplamente democratizado, com montantes mínimos de entrada muito mais acessíveis do que no passado.

Mas vamos analisar estes pontos com mais profundidade.

É assim que o capital institucional investe

Pensa nos planos de pensões dos funcionários públicos de Ontário, nos endowments de Harvard ou no famoso fundo soberano da Noruega — todos partilham o mesmo “segredo” bem conhecido.

Por exemplo, quando a Goldman Sachs (GS) desenha uma “carteira modelo” para estas entidades institucionais, a fatia mais significativa — mais de 40% da alocação total — é atribuída ao Private Equity. O segundo maior bloco, com outros 40%, vai para investimentos cotados em bolsa (rendimento fixo e variável). O restante é distribuído por liquidez, imobiliário ou ouro.

Sabias disto? E poderás perguntar: Mas esses fundos não deveriam investir sobretudo em obrigações de longo prazo, mais seguras? Porque arriscar a reputação e os compromissos de milhões de pensões futuras?

A resposta está no essencial: Estes fundos procuram ativos capazes de superar a inflação e de gerar rentabilidades de dois dígitos, sem estarem sujeitos à volatilidade diária dos mercados bolsistas — e com um horizonte de investimento de décadas.

Maior rentabilidade a longo prazo

Neste caso, os dados falam por si: 15 anos de histórico comprovam que o Private Equity tem jogado noutra liga. A rentabilidade média anual ronda os 15%, em comparação com os 8% a 9% da renda variável global.

Qual é o segredo? Como já referimos, os fundos de Private Equity não se limitam a “esperar” que a valorização aconteça. Entram na empresa, reorganizam processos, profissionalizam a gestão e, quando a transformação se consolida, monetizam o investimento — seja por venda direta ou entrada em bolsa.

Esta criação de valor interna — e não a especulação com múltiplos — explica porque um euro investido pode vir a valer entre 1,5x e 2,5x ao fim de um ciclo de 10 anos.

Mas não se trata apenas de rentabilidade. O percurso é, surpreendentemente, mais estável: como estas empresas não estão cotadas, não sofrem as flutuações diárias provocadas por tweets, resultados trimestrais ou episódios de pânico nos mercados.

Resumidamente: menor volatilidade, maior CAGR (taxa de crescimento anual composta).

Uma combinação pouco comum que faz do Private Equity uma componente de longo prazo com menor exposição ao stress de mercado.

Comissão fixa de 1€ por operação
Aplica-se a todos os produtos
Planos automáticos
e conta remunerada
Cartão de débito
Inclui saveback de 1%

Mais acessível e democratizado

Talvez seja este o fator que explica o novo interesse pelo Private Equity.

Até 2022, participar neste tipo de investimento era quase como tentar entrar na zona VIP de um estádio sem convite — os montantes mínimos exigidos rondavam os 15 a 20 milhões de euros, para além das centenas de exigências legais e contratuais.

Resultado: apenas ao alcance de fundos soberanos, planos de pensões ou grandes fortunas familiares.

O que mudou? Com alterações regulatórias, o acesso passou a ser possível para investidores com patrimónios a partir de 100.000 €, podendo alocar até 10% a mercados privados.

E mais importante ainda: as plataformas digitais abriram novas portas.

Hoje, soluções como a Trade Republic permitem o acesso ao Private Equity com tickets mínimos a partir de apenas 1€ — algo impensável há poucos anos.

Graças à tecnologia, foi possível ultrapassar uma das últimas barreiras no mundo do investimento:

O Private Equity tornou-se uma classe de ativos mais acessível, transparente e simples de integrar numa carteira diversificada — sem comprometer a qualidade da seleção dos fundos.

Disclaimer:

RANKIA PORTUGAL: Este artigo tem caráter exclusivamente informativo e educacional. As informações aqui contidas não constituem aconselhamento financeiro, nem recomendação de compra ou venda de quaisquer instrumentos financeiros. A rentabilidade passada não garante retornos futuros. Antes de tomar decisões de investimento, recomenda-se a consulta de um profissional devidamente habilitado.

Trade Republic: Investir em ações envolve o risco de perda do seu dinheiro. Invista de forma responsável.

Ler mais tarde - Preencha o formulário para guardar o artigo como PDF
.

Artigos Relacionados

Investir no sector imobiliário tem sido uma estratégia sólida para quem procura estabilidade e rendimentos consistent...