O que é um fundo de investimento e como funciona?

Para compreender o que é um fundo de investimento e como funciona, é essencial familiarizar-se com conceitos-chave como valor liquidativo, unidades de participação, sociedade gestora e depositário.
Mas não se preocupe — vou explicar-lhe tudo mais à frente.
Estes termos ajudam a definir o funcionamento deste instrumento de investimento, conhecido pela sua flexibilidade e vantagens fiscais. Compreender bem estes elementos é o primeiro passo para tirar o máximo partido das oportunidades que os fundos de investimento podem oferecer.
Como disse John C. Bogle, fundador da Vanguard:
“Não procure a agulha no palheiro, compre o palheiro inteiro.”
Os fundos de investimento permitem aos investidores diversificar o seu capital de forma eficiente, proporcionando acesso a gestão profissional e a uma ampla variedade de activos, sem necessidade de seleccionar cada um individualmente.
O que é um fundo de investimento?
Os fundos de investimento, também designados por Instituições de Investimento Coletivo (IIC), são instrumentos de investimento coletivo geridos por um gestor profissional. Em termos simples, um conjunto de aforradores delega a esses gestores a tomada de decisões sobre a aplicação do seu património.
O investimento é realizado de forma conjunta nos ativos que a equipa de gestão considera adequados, com o objetivo de alcançar a melhor rentabilidade possível, de acordo com uma estratégia de investimento previamente definida.
Ou seja, o que faz um fundo de investimento é reunir o dinheiro de vários aforradores para investi-lo em seu nome.
Dito isto, podemos afirmar que se trata de um veículo constituído por um património, sem personalidade jurídica própria, dividido em unidades de participação.
Em que investe um fundo de investimento?
Os fundos podem investir num vasto conjunto de ativos, nomeadamente:
- Obrigações
- Ações
- Derivados
- Divisas
- Ativos não financeiros, como imóveis ou matérias-primas
Além disso, podem investir em diferentes zonas geográficas, o que faz com que os fundos de investimento sejam instrumentos naturalmente diversificados e adequados para integrar um portefólio de investimento, uma vez que são compostos por uma grande variedade de ativos.
Existe, contudo, uma regra fundamental que define em que pode investir um fundo:
Deve respeitar a filosofia de investimento estabelecida.
Cada fundo nasce com uma filosofia de investimento própria, e é com base nela que se determina a distribuição da carteira do fundo.
Essa distribuição define o tipo de ativos em que o fundo investe, bem como a sua exposição a determinadas áreas geográficas e, sobretudo, o nível de risco que assume.
Onde consultar esta informação? Todos estes detalhes estão disponíveis no documento KIID (Key Investor Information Document) — em português, Documento de Informação Fundamental ao Investidor (DFI).
Em resumo…
O que encontrará no Documento KIID / DFI?
- O percentual máximo de investimento em rendimento fixo e rendimento variável
- As regiões em que o fundo investe
- O perfil de investidor a que o fundo se destina
- Se não tiver claro o seu perfil de risco, pode realizar um teste de perfil de investidor para o identificar.
- As comissões aplicadas
- A rentabilidade histórica do fundo
Normalmente, o folheto do fundo ou os dados fundamentais para o investidor (DFI) encontram-se disponíveis no site da sociedade gestora. Caso contrário, é sempre possível consultá-los na página oficial da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários).
Atualmente, a oferta de fundos disponíveis no mercado é bastante ampla, o que pode tornar a escolha mais complexa. Nesses casos, um consultor financeiro poderá ajudá-lo a definir uma estratégia adequada ao seu perfil e aos seus objetivos financeiros.
Quais são as características dos fundos de investimento?
Agora que já compreendemos o conceito de fundo de investimento, é importante conhecer as suas principais características, ou seja, o que define esta ferramenta de investimento.
Características gerais dos fundos:
- Trata-se de um investimento coletivo, que reúne o dinheiro de muitos pequenos aforradores.
- É gerido por profissionais dedicados a tempo inteiro à gestão do seu dinheiro. Na verdade, a figura do gestor é fundamental num fundo de investimento (existem mesmo fundos de autor, onde a estratégia está fortemente ligada a um gestor específico).
- É um investimento diversificado, pois investe numa carteira de valores mobiliários.
- É um investimento regulado. No caso de Portugal, os fundos estão sujeitos à supervisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e, noutros países, por organismos equivalentes (em Espanha, pela CNMV). Em alguns casos, os fundos podem estar cobertos por mecanismos de proteção ao investidor como o Fundo de Garantia de Investimentos.
- O capital investido não está garantido, salvo nos chamados fundos garantidos.
Quais são os tipos de fundos de investimento?
Existem vários tipos de fundos de investimento e diferentes formas de os classificar.
Conhecer estas categorias é essencial para perceber qual se adapta melhor ao perfil de risco de cada investidor e como é feita a gestão do fundo.
Segundo o tipo de ativo em que investem
- Fundos monetários
- Fundos de rendimento fixo
- Fundos multiativos
- Fundos de rendimento variável
- Fundos garantidos
- Fundos de fundos
- Fundos de investimento fechados
- Hedge funds
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Segundo o tipo de gestão
Gestão ativa: Parte do princípio de que uma equipa de gestão pode superar o mercado, analisando empresas, sectores e tendências para sobreponderar ativos com maior potencial e, se necessário, reduzir a exposição ou aplicar coberturas em momentos de maior risco.
Gestão passiva: Limita-se a replicar um índice de referência (como o S&P 500, MSCI World ou PSI-20), com uma política de compra e manutenção, e ajustes mínimos ao longo do tempo.
Outras classificações possíveis
- Distribuição de dividendos:
- Fundos de acumulação (reinvestem os dividendos)
- Fundos de distribuição (pagam os dividendos ao investidor)
- Estilo de investimento:
- Value (valorização de empresas subavaliadas)
- Growth (crescimento)
- Momentum, entre outros
- Fundos fechados (CEFs – Closed-End Funds):
São veículos de investimento menos conhecidos, que captam um capital fixo através de uma oferta pública inicial e negociam em bolsa como se fossem ações.
Ao contrário dos ETFs ou dos fundos abertos, não emitem nem resgatam unidades de participação de forma contínua, o que significa que o preço de mercado pode divergir do valor liquidativo (NAV).
- Fundos temáticos ou sectoriais, como:
- Fundos imobiliários
- Fundos tecnológicos
- Fundos globais ou emergentes
- Fundos centrados num país ou região específica
Visto tudo isto… parece claro que o próximo passo é entender como funciona um fundo de investimento, certo?
Leia ainda ➡️Tipos de fundos de investimento
Como funciona um fundo de investimento?
O funcionamento de um fundo de investimento é bastante simples.
O participante (ou investidor) aplica o seu dinheiro no fundo e, em troca, adquire unidades de participação.
Por sua vez, a sociedade gestora integra esse montante no fundo e investe-o nos ativos que considerar adequados, sempre de acordo com a política de investimento definida no regulamento do fundo.
Desta forma, constitui-se a carteira do fundo, ou seja, o conjunto de ativos nos quais o fundo investe.
Quando um investidor adquire unidades de participação, está a comprar uma fração do fundo, o que equivale a ter uma pequena carteira com a mesma composição da carteira global do fundo.
A partir desse momento, se os investimentos tiverem um bom desempenho, o valor das unidades de participação aumentará. Caso contrário, o valor diminuirá.
Da mesma forma, o desempenho da carteira tem impacto no património total sob gestão do fundo.
Na prática, o tamanho de um fundo de investimento pode aumentar ou diminuir por dois motivos principais:
- Entradas ou saídas de investidores (subscrições ou reembolsos)
- Variações no valor de mercado dos ativos da carteira
O primeiro motivo (entradas e saídas) não afeta diretamente a rentabilidade da carteira — apenas altera o valor total sob gestão e, por vezes, o preço unitário das participações em circulação.
Já o segundo fator, ou seja, a flutuação no valor dos ativos da carteira, afeta diretamente o valor das participações e, por isso, os resultados obtidos pelo investidor.
Exemplo de funcionamento de um fundo
Para compreender melhor como funciona um fundo de investimento, vamos analisar um exemplo prático.
Dados iniciais:
- Valor de uma unidade de participação: 100 €
- Número de participantes: 100
- Número de unidades por participante: 50
Qual é o património do fundo?
Começamos por calcular o valor total do fundo:
Património do fundo = 100 € (valor por unidade de participação) × 100 (participantes) × 50 (unidades por participante) = 500.000 €
Total de unidades de participação em circulação = 100 participantes × 50 unidades = 5.000 unidades
Supondo uma rentabilidade líquida (já deduzidos os custos, comissões e impostos), o fundo evoluiria da seguinte forma:
Dia | Património inicial do dia (A) | Mais-valias (B) | Património final do dia (C=A+B) | Unidades de participação em circulação (E) | Valor liquidativo (C/E) |
0 | 500.000€ | — | 500.000€ | 5.000 | 100,00€ |
1 | 500.000€ | 1.000€ | 501.000€ | 5.000 | 100,20€ |
2 | 501.000€ | 2.560€ | 503.560€ | 5.000 | 100,71€ |
3 | 503.560€ | -1.200€ | 502.360€ | 5.000 | 100,47€ |
4 | 502.360€ | 2.010€ | 504.370€ | 5.000 | 100,87€ |
Desta forma, podemos observar como evolui o património de um fundo de investimento perante as variações no valor dos ativos que compõem a sua carteira.
Como afeta a entrada e saída de participantes o património de um fundo?
Vamos agora analisar como a entrada e a saída de participantes influenciam o fundo, através de um exemplo prático.
Imaginemos que um investidor entra no fundo no dia 5, com uma aplicação de 6.000 €.
É importante ter em conta que, no momento da subscrição, o investidor ainda não sabe quantas unidades de participação irá adquirir, uma vez que esse número só é conhecido após o cálculo do valor liquidativo no final do dia.
A seguir, iremos calcular o valor liquidativo no final do dia 5, para determinar:
- Quantas unidades de participação adquiriu o novo investidor
- Qual será o número total de unidades em circulação no fundo
Dia | Património inicial do dia (A) | Mais-valias (B) | Património final do dia (C=A+B) | Unidades de participação em circulação (E) | Valor liquidativo (C/E) |
0 | 500.000€ | — | 500.000€ | 5.000 | 100,00€ |
1 | 500.000€ | 1.000€ | 501.000€ | 5.000 | 100,20€ |
2 | 501.000€ | 2.560€ | 503.560€ | 5.000 | 100,71€ |
3 | 503.560€ | -1.200€ | 502.360€ | 5.000 | 100,47€ |
4 | 502.360€ | 2.010€ | 504.370€ | 5.000 | 100,87€ |
5 | 504.370€ | 800€ | 505.170€ | 5.000 | 101,03€ |
O valor liquidativo é de 101,03 €, pelo que, ao investir 6.000 €, o investidor irá adquirir:
6.000 € ÷ 101,03 € por unidade = 59,39 unidades de participação
A tabela anterior ficará então da seguinte forma:
Dia | Património inicial do dia (A) | Mais-valias (B) | Património final do dia (C=A+B) | Unidades de participação em circulação (E) | Valor liquidativo (C/E) |
0 | 500.000€ | — | 500.000€ | 5.000 | 100,00€ |
1 | 500.000€ | 1.000€ | 501.000€ | 5.000 | 100,20€ |
2 | 501.000€ | 2.560€ | 503.560€ | 5.000 | 100,71€ |
3 | 503.560€ | -1.200€ | 502.360€ | 5.000 | 100,47€ |
4 | 502.360€ | 2.010€ | 504.370€ | 5.000 | 100,87€ |
5 | 504.370€ | 800€ | 511.170€ | 5.059,39 | 101,03€ |
O património final do dia 5 resulta da soma do património inicial (504.370 €), das mais-valias (800 €) e do montante investido pelo novo participante (6.000 €).
Ao número de unidades de participação em circulação no dia 4, acrescentam-se as unidades adquiridas pelo novo investidor (59,39 unidades).
Como afeta um reembolso o património do fundo?
Vamos agora analisar o impacto de um reembolso no fundo.
Se um investidor — qualquer que seja, independentemente da data em que entrou no fundo — pretende resgatar 12.000 € no dia 6, teremos também de aguardar até ao final do dia para saber quantas unidades de participação serão reembolsadas.
Assim, começamos por calcular o valor liquidativo no final do dia 6:
Valor liquidativo = (511.170 € − 3.200 €) ÷ 5.059,39 = 100,40 €
Com um valor liquidativo de 100,40 €, ao solicitar o reembolso de 12.000 €, o investidor irá vender:
12.000 € ÷ 100,40 € = 119,52 unidades de participação
Com este reembolso, o investidor vendeu 119,52 unidades de participação e, consequentemente, o património do fundo reduziu-se em 12.000 €.
Dia | Património inicial do dia (A) | Mais-valias (B) | Património final do dia (C=A+B) | Unidades de participação em circulação (E) | Valor liquidativo (C/E) |
0 | 500.000€ | — | 500.000€ | 5.000 | 100,00€ |
1 | 500.000€ | 1.000€ | 501.000€ | 5.000 | 100,20€ |
2 | 501.000€ | 2.560€ | 503.560€ | 5.000 | 100,71€ |
3 | 503.560€ | -1.200€ | 502.360€ | 5.000 | 100,47€ |
4 | 502.360€ | 2.010€ | 504.370€ | 5.000 | 100,87€ |
5 | 504.370€ | 800€ | 511.170€ | 5.059,39 | 101,03€ |
6 | 511.170€ | -3.200€ | 495.970€ | 4.939,87 | 100,40€ |
Impacto do reembolso no fundo
Com este exemplo, podemos ver como evolui o património de um fundo de investimento perante:
- Alterações no valor dos ativos que compõem a carteira
- Subscrições e reembolsos realizados pelos participantes

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Que elementos constituem um fundo de investimento?
Para compreender verdadeiramente o que é um fundo de investimento e como funciona, é essencial conhecer quais são os elementos que o compõem e em que consistem.
Unidades de participação de um fundo de investimento
As unidades de participação representam as partes proporcionais (ou alíquotas) em que se divide o património de um fundo de investimento.
Diferentemente do que acontece com as ações de uma empresa, o número de unidades de participação de um fundo não é fixo — varia em função das subscrições (compras) e dos resgates (vendas) efetuados pelos investidores.
- A compra de unidades chama-se subscrição
- A venda de unidades chama-se resgate
As unidades de participação são valores mobiliários negociáveis, mas normalmente não são transacionadas em nenhum mercado de valores.
É a sociedade gestora que se encarrega de vender e recomprar essas unidades diretamente junto dos investidores.
Participantes de um fundo de investimento
Tal como existem acionistas numa empresa, também existem participantes (ou subscritores) num fundo de investimento. São aqueles aforradores que aplicam o seu património num determinado fundo, tornando-se proprietários de uma parte proporcional do fundo, de acordo com o montante investido.
Cada participante pode entrar no fundo no momento da sua constituição ou posteriormente, e pode resgatar o seu investimento a qualquer momento, mediante o pedido de reembolso.
Valor liquidativo de um fundo de investimento
O valor liquidativo é o preço de cada unidade de participação do fundo numa determinada data.
Este valor permite acompanhar a evolução do fundo e serve como referência para saber quanto se paga ou se recebe por cada unidade de participação.
Tecnicamente, o valor liquidativo corresponde ao património total do fundo dividido pelo número de unidades de participação em circulação.
Exemplo:
Se o valor liquidativo for de 100 € e o investidor aplicar 2.000 €, adquirirá 20 unidades de participação.
Valor liquidativo = Património do fundo / Nº de unidades de participação em circulação
O valor liquidativo é calculado e divulgado diariamente, com base nos preços de fecho dos mercados financeiros.
Sociedade gestora de um fundo de investimento
A sociedade gestora é responsável por gerir e administrar o fundo de investimento.
É importante esclarecer que não é proprietária do fundo — os proprietários são sempre os participantes.
A gestora define onde é investido o património, ou seja, é quem executa a política de investimento do fundo.
Cada fundo é gerido por uma única sociedade gestora, mas uma gestora pode administrar vários fundos em simultâneo.
Estas entidades recebem uma comissão de gestão, cobrada diretamente ao fundo, como remuneração pela gestão e administração.
Além disso, as sociedades gestoras têm a obrigação de enviar regularmente informações à CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e são responsáveis por manter o registo das unidades de participação de cada fundo.
Depositário de um fundo de investimento
O depositário tem como principal função a custódia e fiscalização dos ativos que compõem o fundo.
Pode ser um banco, caixa económica, sociedade financeira ou cooperativa de crédito, desde que esteja devidamente autorizado e registado na CMVM.
O depositário recebe uma comissão de depósito, paga pelo fundo, como compensação pelos serviços de guarda dos ativos.
Se ocorrer uma substituição da entidade depositária, os participantes têm direito a resgatar a totalidade da sua participação, sem qualquer comissão de reembolso, caso esta exista.
A distinção entre sociedade gestora e depositário representa uma garantia adicional de segurança para os investidores.
Esta separação ajuda a evitar conflitos de interesse e assegura que a gestão do fundo respeita os interesses dos participantes, garantindo maior transparência e supervisão.
Quais são as comissões associadas a um fundo de investimento?
Investir num fundo de investimento implica suportar determinados custos e comissões.
As comissões aplicáveis variam consoante o país, o tipo de fundo e a sua estrutura de gestão. No entanto, as mais comuns são as seguintes:
Comissões habituais num fundo de investimento
- Comissão de gestão — cobrada pela sociedade gestora.
- Comissão de performance (ou de êxito) — pode substituir ou complementar a comissão de gestão.
- Comissões de subscrição e de resgate.
- Comissão de depositário
Outras comissões possíveis
- Comissão de corretagem (ligada à compra e venda de ativos)
- Comissão de auditoria e análise
- Comissão por conversão cambial (no caso de fundos com exposição a diferentes moedas)
Para uma explicação detalhada de cada tipo de comissão, pode consultar o artigo: Que comissões têm os fundos de investimento?
Como posso saber qual é a comissão de um fundo?
Existem várias formas de consultar os custos associados a um fundo de investimento. A mais simples é aceder à plataforma do seu banco (ou da corretora onde contratou o fundo) e verificar a documentação disponibilizada. Esta informação deve estar sempre acessível e apresentada de forma clara e detalhada.
Com a nova regulamentação europeia, deverá receber uma vez por ano uma comunicação com o detalhe dos encargos suportados durante o período anterior.
A segunda opção consiste em pesquisar no Google o nome do seu fundo seguido da palavra “CMVM”. Assim poderá aceder à ficha oficial do fundo, onde encontrará o descritivo completo dos custos reais.
As comissões de um fundo são relevantes, mas não refletem o custo total da sua estrutura.
Para saber quanto custa realmente investir num fundo, deve consultar o TER (Total Expense Ratio) — que expressa o custo total anual suportado pelo investidor, incluindo todas as comissões e encargos.
Como transferir fundos de investimento?
Uma das dúvidas mais frequentes de quem começa a investir é como transferir um fundo de investimento.
O processo é, geralmente, bastante simples, embora dependa de se tratar de uma transferência dentro da mesma entidade comercializadora ou entre instituições diferentes.
As transferências costumam demorar entre 3 a 7 dias úteis, mas no caso de serem entre entidades distintas, os prazos podem prolongar-se significativamente. As transferências podem ser totais ou parciais, e em ambos os casos, o fundo de destino deve cumprir os requisitos mínimos de património exigidos.
Como contratar um fundo de investimento?
Contratar um fundo de investimento pode parecer complicado ao início, mas com a informação certa, o processo torna-se mais simples e seguro. Aqui explicamos, passo a passo, como o fazer corretamente:
Descubra o seu perfil de investidor
Antes de investir, é essencial perceber que tipo de investidor é: conservador, moderado ou arrojado?
Cada fundo tem um nível de risco, e alinhá-lo com o seu perfil pessoal é o primeiro passo para evitar surpresas.
Fale com o seu banco
É natural começar por perguntar no seu banco habitual. No entanto, tenha atenção: muitas vezes, os bancos só disponibilizam os fundos da sua própria gestora, o que limita a oferta e pode não ser a melhor solução para si.
Consulte diretamente a sociedade gestora
Se já sabe qual é o fundo que lhe interessa e este pertence a uma gestora portuguesa, pode consultar diretamente:
- No site oficial da gestora
- Numa sucursal (se tiver atendimento ao público)
Recorra a uma plataforma ou comercializadora de fundos
Caso a gestora não disponibilize o fundo diretamente ao público, o próximo passo é procurar uma plataforma ou distribuidora autorizada.
Pode encontrar uma lista de entidades autorizadas no site da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários).
Verifique a classe e o tipo de fundo
Nem todos os fundos são iguais. O que deve analisar:
- Zona geográfica de investimento (ex.: EUA, Europa, mercados emergentes)
- Tamanho das empresas (grandes, médias ou pequenas capitalizações)
- Setor (tecnologia, saúde, energia, etc.)
- Filosofia de investimento (value, growth, temática, ESG…)
Verifique também a classe do fundo (limites de entrada, comissões, distribuição ou acumulação de rendimentos, etc.).
Se ainda tiver dúvidas, consulte a documentação oficial do fundo (KIID / DFI) ou fale com um profissional habilitado.
Qual é a fiscalidade dos fundos de investimento em Portugal?
A tributação dos fundos de investimento em Portugal depende do tipo de rendimento, da origem do fundo (nacional ou estrangeiro) e da sua situação fiscal (residente ou não residente).
Fundos Nacionais
- Distribuições de rendimentos
- Categoria E – Rendimentos de capitais
- Taxa liberatória de 28%
- Não precisa de declarar, exceto se optar pelo englobamento → Anexo E, Quadro 4B, código E31
- Mais-valias por resgate ou venda
- Categoria G – Mais-valias
- Taxa de 28%
- Resgate: Declarar no Anexo G, Quadro 10, código G31 (se optar pelo englobamento)
- Venda/transmissão: declarar → Anexo G, Quadro 9, G22 (englobamento opcional).
- Pode englobar e deduzir perdas (reportáveis até 5 anos)
- Exclusão parcial de tributação:
- 10% se detido >2 e <5 anos
- 20% se ≥5 e <8 anos
- 30% se ≥8 anos
Fundos Estrangeiros
- Distribuições e mais-valias
- Tributadas a 28%
- Declarar no Anexo J
- Distribuições → Anexo J, Quadro 8A, código E22 (ou E20 se houve retenção em Portugal).
- Mais-valias → Anexo J, Quadro 9.2A, código G20
Se houve retenção no estrangeiro, pode evitar dupla tributação.
Outras notas importantes:
- Não há isenção em transferências entre fundos: cada troca é tratada como venda e nova compra.
- Englobamento é obrigatório se:
- Manteve os ativos <365 dias
- Rendimento coletável ≥ 80.000 € (ano fiscal 2024)
- FII (Fundos Imobiliários):
- Rendimentos → Categoria F (predial), 28%
- Alienação → declarar no Anexo G, Quadro 11A, código G40 (com englobamento obrigatório e apenas 50% do saldo positivo sujeito a imposto)
- Resgate → Anexo G, Quadro 11B, G41
Antes de entregar a sua declaração de IRS, consulte os Anexos E, G e J e verifique a documentação da sua corretora ou banco. Planeie bem os resgates e movimentações para evitar surpresas fiscais.
O essencial para começar a investir em fundos
Os fundos de investimento são, acima de tudo, uma forma acessível de entrar em carteiras diversificadas e geridas por profissionais. Compreender conceitos-chave como o valor liquidativo, as unidades de participação, o papel da sociedade gestora e o depositário oferece-lhe as ferramentas necessárias para avaliar qualquer fundo.
A partir daí, escolher o tipo de fundo (obrigações, ações, misto, ativo ou indexado) é apenas uma questão de alinhar a filosofia e o nível de risco com o seu perfil de investidor e o horizonte temporal do seu investimento.
RANKIA PORTUGAL: Este artigo tem caráter exclusivamente informativo e educacional. As informações aqui contidas não constituem aconselhamento financeiro, nem recomendação de compra ou venda de quaisquer instrumentos financeiros. A rentabilidade passada não garante retornos futuros. Antes de tomar decisões de investimento, recomenda-se a consulta de um profissional devidamente habilitado.
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